Ultima atualização 31 de outubro

Embora preocupados com o futuro, brasileiros investem pouco em planejamento financeiro

Estudo encomendado pela FenaPrevi aponta que cresceu o interesse da população em como irá se manter após parar de trabalhar. Entretanto, poucos contam com um seguro de vida ou plano de previdência
Armando Vergílio, Edson Franco e Dyogo Oliveira
Armando Vergílio, Edson Franco e Dyogo Oliveira

EXCLUSIVO – Na manhã da última quinta-feira (26), a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) divulgou os resultados da segunda edição da pesquisa “Percepções dos brasileiros sobre a necessidade de proteção e planejamento: O papel dos seguros e da previdência). Em parceria com o DataFolha, a entidade ouviu 2.008 brasileiros, com 18 anos ou mais, integrantes de todas as classes econômicas e de todas regiões do Brasil. Diversos representantes do mercado estiveram presentes em um evento organizado pela Federação, em São Paulo.

O objetivo do estudo é entender a visão do consumidor em relação aos seguros de pessoas e planos de previdência complementar, medindo o grau de familiaridade dos brasileiros com as situações de risco para as quais os seguros de pessoas oferecem proteção, assim como visa analisar seu comportamento financeiro quanto ao planejamento, em especial suas projeções para o futuro.

A pesquisa fez uma análise das lições aprendidas durante a pandemia. Quatro em cada dez entrevistados afirmaram que tiveram sua vida financeira impactada pela Covid-19. Além disso, 58% dos brasileiros afirmam pensar frequentemente em planejar suas finanças para o futuro. Entretanto, apenas 9% das pessoas ouvidas contam com um plano de previdência e 18% contrataram um seguro de vida. “A maioria da população não têm como pensar no futuro, porque vivem uma situação de dificuldade financeira para assegurar o presente”, afirmou o presidente da Fenaprevi e CEO da Zurich, Edson Franco.

Franco ressalta que o cenário econômico global também é um dos fatores que influencia na falta de planejamento financeiro da população do Brasil. “43% dos entrevistados disseram não se sentirem preparadas para situações inesperadas. Com a retomada do emprego e do nível de renda das pessoas, que estão dando sinais de recuperação no Brasil após a pandemia, o mercado de seguros deve atuar para garantir o aumento de capacidade de poupar, dando a oportunidade das famílias possam buscar mais proteção à renda”.

O estudo constatou também que mais da metade (56%) dos brasileiros ouvidos idealiza se aposentar até os 60 anos. Contudo, quando pensam no que de fato acontecerá, acreditam que irão parar de trabalhar com mais idade ou nunca se aposentarão. Entre os que pretendem viver do dinheiro do INSS, apenas 34% dos entrevistados realmente sabem o valor que irão receber da Previdência Social quando se aposentarem: em média, R$ 2.006,00.

Entre os entrevistados que têm metas de planejamento financeiro
(77%), as ações mais recorrentes para atingir seus objetivos são poupar ou guardar dinheiro, sem especificar de que forma (31%), trabalhar mais (27%) e fazer investimentos (21%), sendo que a poupança é a principal. Além disso, 23% das pessoas que não definiram metas, as principais razões para isso são as dificuldades financeiras e não pensar no futuro.

Dyogo Oliveira, presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), esteve presente no evento e afirmou que a falta de informações bem estruturadas são um desafio para o mercado. ”Pesquisas como esta nos ajudam a comprovar a força do nosso setor para o Governo, além de comprovarem a importância da previdência privada e do seguro de vida como instrumentos de proteção financeira. Há um enorme espaço para atuarmos e aumentarmos o número de brasileiros protegidos pelo seguro, e devemos utilizar a informação como a nossa principal aliada”.

Comentando sobre as metas do PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros), Oliveira disse que para o mercado alcançar 10% de participação do PIB até 2030 é preciso desconstruir a imagem de que seguro é apenas utilizado na morte. “O papel das entidades representativas é fazer chegar às autoridades um olhar diferenciado para o seguro e a previdência. Nós sabemos que ninguém acorda com vontade de contratar uma apólice, portanto, temos o desafio de atrair para o segmento todos os perfis de clientes, seja através do digital ou de campanhas de comunicação”.

Questionados se tinham contratado um seguro para veículos, 263 (12%) entrevistados afirmaram contar com esta proteção, mas 45% deles disseram não possuir nenhum tipo de seguro pessoal, como seguro de vida, de incapacidade temporária ou outro. “Devemos estabelecer ações sinérgicas para levar mais proteção ao povo brasileiro. As perspectivas são muito boas, pois apesar do cenário global tão adverso, o Brasil está caminhando bem. Nosso setor deve crescer 10% este ano e as seguradoras estão recuperando sua rentabilidade, o que nos dá a oportunidade de ajudar no processo de aculturamento da população quando o assunto é planejamento financeiro”, afirmou Armando Vergílio, presidente da Fenacor (Federação Nacional dos Corretores de Seguros).

As formas mais usuais de contratação de planos de previdência privada são a adesão na empresa em que trabalha (43%) e através de seguradora, corretor ou banco (38%). De acordo com Vergílio, o mercado deve aproximar mais o corretor da carteira para que ele possa atuar como um consultor de proteção financeira completo. “A força de venda do corretor de seguros não pode ser deixada de lado, e não apostar nesse agente é um erro estratégico. Somente este profissional pode levar o conhecimento que os clientes não tem e realizar uma venda mais consultiva”.

A pesquisa apontou que 57% dos entrevistados têm a intenção de contratar um seguro ou plano de previdência privada no próximo ano. Jorge Nasser, primeiro vice-presidente da FenaPrevi e presidente da Bradesco Vida e Previdência, reforçou que o conceito de dissonância cognitiva se aplica aos resultados da pesquisa. “O brasileiro precisa passar a fazer aquilo que ele fala. Deveríamos falar sobre planejamento financeiro e seguro desde o ensino fundamental, e nós seguradores temos a missão de levar conhecimento para essas pessoas. Temos 7 gerações convivendo em conjunto, cada uma com um repertório diferente, maneiras de acessar informações e formas de se comunicar, o que pode ser um desafio para o mercado, mas também uma oportunidade de inovar”.

Angela Beatriz de Assis, vice-presidente da Fenaprevi e diretora-presidente na Brasilprev, ressaltou que o Governo tem um papel fundamental na conscientização de planejamento financeiro, seja apoiando a capacitação sobre o tema, ou ajudando pequenas, médias e grandes empresas em programas de treinamentos internos e externos. “Só a conscientização de que você tem um futuro e deve estar preparado para ele é que vai mudar a realidade do setor. Entretanto, apenas a educação financeira não vai resolver o problema. A primeira parte que temos que trabalhar é essa demanda por proteção reprimida, que não tem informação sobre o papel do seguro, para que a gente consiga expandir esse potencial consumidor. Portanto, as autoridades e o órgão regulador do mercado devem atuar em conjunto para continuarmos promovendo o crescimento da indústria securitária”.

A pesquisa completa está disponível neste link.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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