Ultima atualização 10 de setembro

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Acidente na Linha 4 expõe a importância dos seguros para empresas de transporte

Acidente na Linha 4 expõe a importância dos seguros para empresas de transporte
Foto: Reprodução/Redes sociais

EXCLUSIVO – Na manhã da última terça terça-feira (9), um trem da ViaQuatro descarrilou na Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo, interrompendo a circulação entre algumas estações e causando transtornos para milhares de passageiros. Apesar do susto, não houve vítimas, apenas registros de crises de pânico em dois usuários. O incidente, que está sob investigação, trouxe o debate sobre como funcionam as coberturas de seguro em casos como esse e quais são as responsabilidades das concessionárias diante de acidentes.

Segundo Ricardo Guirao, Diretor de Transportes e Marine para o Brasil na Aon, eventos desse tipo mobilizam uma cadeia complexa de seguros, que vão muito além da reparação imediata do dano físico ao trem ou à via. “É importante dividir em três frentes principais: os seguros de responsabilidade civil, os seguros de danos físicos e os seguros de interrupção de negócios”, explicou.

Quando ocorre um sinistro em transporte público, a primeira frente de análise está ligada à responsabilidade civil. Isso inclui indenizações a passageiros e terceiros que possam ter sofrido danos físicos, morais ou materiais. Mesmo em casos sem feridos, como o descarrilamento da ViaQuatro, há possibilidade de ações judiciais relacionadas a transtornos ou abalos psicológicos. “Qualquer passageiro que se sinta prejudicado pode recorrer à empresa. Isso entra na esfera da responsabilidade civil”, explica.

A segunda frente envolve os danos diretos à infraestrutura. Trens, vagões, trilhos, estações e equipamentos precisam estar segurados contra eventos como colisões, incêndios ou nesse caso descarrilamentos. O executivo destaca que, no episódio da Linha 4, houve danos relevantes tanto à composição quanto à estrutura da estação atingida. “Talvez o maior prejuízo seja justamente na parte física, porque a reposição desse patrimônio é custosa”, afirmou.

Um ponto menos visível ao público, mas central para a empresa, é a cobertura de interrupção de negócios. “Quanto tempo a linha vai ficar fechada ou funcionando parcialmente? Esse é um fator crítico, porque gera prejuízos expressivos em bilheteria e operação”, conta Ricardo. Ele alerta que em alguns casos a perda de receita pode superar o custo da reparação física. Como exemplo, ele relembra o acidente em Baltimore (EUA) em 2025, quando um navio derrubou uma ponte e paralisou o porto, e o episódio do Canal de Suez em 2021, quando um cargueiro travou a passagem marítima. “O impacto financeiro da interrupção é, muitas vezes, mais severo do que o dano físico em si”, completou.

Outra observação levantada em casos como esse é a apuração de responsabilidades, ou seja, a concessionária pode ter sua cobertura questionada se ficar comprovada negligência na manutenção ou falhas operacionais. Ricardo explica que os contratos de seguro estabelecem regras claras, e seguradoras podem excluir sinistros em caso de comprovação de descumprimento das condições de segurança. “É complexo para uma seguradora declinar cobertura. Precisa estar provado que a negligência foi da empresa e não de um funcionário isolado. Ainda assim, o contrato prevê condicionantes de segurança que devem ser cumpridos”, explicou.

Além das apólices tradicionais, empresas de transporte precisam considerar outros riscos, como responsabilidade ambiental em casos de acidentes que gerem poluição, ou a responsabilidade de executivos e gestores (D&O). Segundo o diretor, o ponto central é que as coberturas sejam compatíveis com a exposição de risco da operação. “Não adianta contratar um seguro com verba de indenização baixa. Se a cobertura não for suficiente, a empresa responde com seu próprio patrimônio”, pontuou.

E vale lembrar que o setor de seguros também vem incorporando novas tecnologias para precificação e gestão de riscos em transporte. De acordo com Ricardo, a análise de dados hoje permite identificar os locais e causas mais recorrentes de acidentes, o que ajuda seguradoras e corretoras a ajustar coberturas e valores de forma mais precisa. “O futuro é a precificação automática via inteligência artificial, que já está em desenvolvimento no mercado”, disse.

Nicholas Godoy, de São Paulo.

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