Uma pesquisa realizada pela Maturi, empresa especializada em empregabilidade e capacitação de profissionais com mais de 50 anos, em parceria com a NOZ Inteligência, aponta que 71% dos brasileiros entre aposentados e não aposentados acima de 45 anos não possuem previdência privada. O estudo, intitulado “Educação e Gestão Financeira na Maturidade”, ouviu pessoas de 45 a 86 anos e revela ainda que 22,4% dos aposentados e 32,4% dos não aposentados nunca fizeram qualquer planejamento financeiro para a aposentadoria.
Embora 66,7% dos participantes tenham algum tipo de investimento — como renda fixa (43,3%), renda variável (26,2%), poupança (19,6%) ou imóveis (16,5%) — a ausência de previdência e de planejamento estruturado indica lacunas significativas em educação financeira. “Muitos brasileiros chegam à maturidade sem preparo para a aposentadoria e enfrentam incertezas financeiras. É preciso tornar a educação financeira uma prioridade desde cedo”, afirma Mórris Litvak, fundador e CEO da Maturi.
O estudo mostra que 72,9% dos respondentes possuem ensino superior completo ou mais, e 54,8% residem em capitais. Entre os participantes, 48,7% são mulheres, 34,8% homens e 16,5% não informaram gênero. Sobre ocupação, 41,1% estão sem atividade profissional; 27,3% têm ensino superior completo e 45,6% pós-graduação. Quanto à renda, 36,4% recebem até R$ 5 mil e 14,9% estão sem renda atualmente.
Entre os aposentados, 56,3% admitem ter se planejado pouco e 22,4% não fizeram nenhum preparo financeiro. Entre os não aposentados, 43,8% dizem estar pouco preparados e 32,4% não se planejaram de forma alguma. A falta de previdência privada está fortemente associada à ausência de planejamento: entre os não aposentados que não se planejam, 93,8% também não possuem previdência.
Além disso, apenas 20,4% afirmam ter total controle financeiro mensal, e 16,9% conseguem poupar regularmente. O nível educacional impacta diretamente: 18,5% dos participantes com ensino superior completo poupam todos os meses, contra 5,5% entre aqueles com ensino superior incompleto.
Quando questionados sobre o conhecimento em finanças, apenas 12,9% se consideram avançados, 39,2% intermediários e 48,0% básicos ou limitados. As mulheres se destacam negativamente: apenas 8,1% afirmam ter conhecimento avançado, contra 21,2% dos homens. “Essa disparidade não se deve à falta de interesse, mas a trajetórias com menor renda, menos acesso à informação e menor protagonismo nas decisões financeiras”, explica Juliana Vanin, economista e fundadora da NOZ Inteligência.
O estudo aponta ainda que 84,7% dos participantes enfrentam obstáculos para aprimorar seus conhecimentos financeiros, afetando a capacidade de poupar, investir e planejar o futuro.
Nos próximos cinco anos, os principais objetivos declarados pelos entrevistados são: aumentar a renda atual (55%), aumentar a reserva financeira ou patrimônio (35,2%), planejar uma aposentadoria segura (30%), quitar dívidas (21,4%) e criar uma reserva de emergência (20,6%).
Mulheres tendem a priorizar segurança e reservas emergenciais, enquanto homens focam em crescimento patrimonial. A preocupação com custos de saúde aumenta com a idade, atingindo 53,6% entre 55 e 64 anos e 59,3% entre os acima de 65. “As ações voltadas à disseminação de conhecimento financeiro são essenciais para garantir mais autonomia e segurança econômica na maturidade. A educação financeira deve ser vista como um fator estruturante para preparar a sociedade para o futuro”, conclui Litvak.