Ultima atualização 05 de setembro

Abramge investe em movimento para educar usuários de planos de saúde

Objetivo do movimento Todos Por Todos com Muita Saúde é fazer com que o setor tenha uma postura menos reativa aos seus problemas
abramge
Renato Casarotti

EXCLUSIVO – O presidente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), Renato Casarotti, explica o que é o movimento Todos Por Todos com Muita Saúde, cujo objetivo é fazer com que o setor tenha uma postura menos reativa aos seus problemas. Ele informa também que é preciso trazer propostas de combate às fraudes e transparência na divulgação de dados. Além disso, tentar equilibrar a lógica do que é falados sobre o setor na imprensa (normalmente com viés negativo).

APÓLICE: Como é o movimento Todos por Todos com muita Saúde?

RENATO CASAROTTI: Na largada, tivemos uma preocupação grande para não repetir os erros do passado. Percebemos que havia dois aspectos que limitavam bastante (justificativas/desculpas): a primeira era o alinhamento do conteúdo, porque entidades diferentes têm demandas diferentes. Quando conseguíamos fazer o alinhamento, esbarrávamos no problema do financiamento.
A ideia do #TodosPorTodos foi criar uma lógica que tivesse um conteúdo não muito específico, para angariar mais apoios e recursos para financiá-lo, pelo menos, na largada. Passamos um ano juntando fundos para lançar o movimento, em uma janela de um novo Governo.
Assim, surgiu o movimento Todos Por Todos com Muita Saúde para explicar o conceito de mutualismo, sem usar esta palavra. Não é uma campanha da Abramge, mas um movimento de todo o setor, para que ele se sentisse à vontade para abraçar.

APÓLICE: Como apresentar às pessoas o conceito do mutualismo, porque saúde é um tema muito sensível?

RENATO CASAROTTI: Não é fácil, porque estamos em um setor que ajudou a construir o conceito de saúde privada baseado na lógica da livre escolha e da multiplicidade de opções. Trouxemos conceitos de outras áreas do varejo para a saúde.
Foi-se cristalizando que este modelo é pouquíssimo eficiente, que gera desperdício e abre para possibilidades para a fraude.
Temos que pensar em um fundo coletivo: todo mundo colabora para quem precisa, na hora que precisar utilizar. Há três pilares conceituais: todo mundo colabora (coletividade), quem precisa (uso necessário e consciente), na hora em que precisa (para fugir da aleatoriedade). Para chegar ao público, pensamos nas redes sociais, com um trabalho eficiente da agência, que conseguiu trazer a Fátima Bernardes, com todo o seu capital reputacional e sua rede abrangente. Outra influenciadora que abraçou a causa foi a Dra. Ana Escobar, que utilizou uma linguagem mais simples. Além delas, o ator Ary Fontoura, com toda a sua energia e longevidade, também contribuiu com a causa.

APÓLICE: Desperdício e fraude são duas preocupações do setor. Como estas questões podem ser trabalhadas no movimento?

RENATO CASAROTTI: Estes são temas importantes e contemporâneos, agravados nos últimos meses. O desperdício e a fraudes  tem a falta do senso coletivo (além da má-fé), porque ao fazer isso a pessoa está prejudicando a coletividade. Entramos na segunda fase da campanha, saindo do storytelling para o storydoing. Parte dos itens que queremos tocar é combater estes problemas. É um tema contemporâneo, importante e impactante, que ganhou tração na imprensa. É preciso aproveitar este momento.

APÓLICE: Como mostrar na campanha os problemas das operadoras, como o ajuste de rede, por exemplo?

RENATO CASAROTTI: Aqui é uma discussão de quem nasceu primeiro, o ovo ou galinha. É pensar que uma coisa pode justificar a outra, do tipo, o sinistro está alto, então faz o ajuste de rede, que aumenta a fraude, que aumenta o sinistro e aumenta as mensalidades. Os sentimentos estão muito aflorados, e temos que começar pelos grandes contratantes, porque naturalmente há o senso de coletividade. Mostramos a importância de ter uma gestão de risco correto, direcionar para a rede, a ferramenta de co-participação. É preciso mostrar de onde sai o contrato e para onde ele vai.
É preciso fazer uma repactuação com este usuário para mostrar o que é possível ajustar, como vai funcionar. Para quem tem rede própria, ou bons parceiros prestadores, é dar mais visibilidade para este padrão de cuidado, para fugir da ideia de que está apenas trabalhando com a restrição de acesso. É um cuidado eficaz e eficiente.
Queremos trabalhar a pauta da transparência, tanto dos custos quanto do que é cobrado. Por si só a transparência não é a solução, nem pode reduzir os custos da saúde, mas é o primeiro passo. 

APÓLICE: Que objetivos vocês pretendem atingir?

RENATO CASAROTTI: Além dos indicadores de impacto, há os pontos mais amplos, como ser menos reativo. Sempre reagimos: seja ao rol, ao reajuste ou à rescisão. É preciso mudar e ser mais propositivo.
Queremos também trazer propostas concretas de combate às fraudes, de transparência na divulgação de dados, nos ajustes regulatórios que possam dar mais acesso, de melhorar o processo de incorporação de tecnologias. É o storydoing.
E, também, tentar equilibrar a lógica sobre o que é falado sobre o setor na grande imprensa. O tema tem sempre um índice de negatividade muito elevado. São temas difíceis que podem ser tratados por um prisma mais equilibrado, por exemplo, as terapias de alto custo, que necessitam de debate sobre acesso e sustentabilidade.

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