EXCLUSIVO – Matéria divulgada ontem (26) pela agência Reuters jogou luz sobre a condução da ação do Governo em relação ao combate ao coronavírus. Logo no início de março, o Ministério da Saúde convocou uma reunião para falar sobre as diretrizes do Governo, dois dias após a Organização Mundial da Saúde decretar a pandemia. Desta reunião, Solange Vieira, superintendente da Susep participou como convidada, para passar números sobre a economia.
O texto da matéria diz: “Solange Vieira, aliada de Guedes que esteve envolvida na importante reforma previdenciária do governo no ano passado, também mostrou pouca urgência quando foi apresentada a previsões do Ministério da Saúde em meados de março, de acordo com o epidemiologista Julio Croda. O ministério previu mortes generalizadas entre os idosos, se o vírus não fosse contido. Segundo Croda, ela afirmou: “É bom que as mortes se concentrem entre os idosos… Isso melhorará nosso desempenho econômico, pois reduzirá nosso déficit previdenciário.” O relato de Croda foi corroborado por outra autoridade, que, falando sob condição de anonimato, contou que recebeu informação do ocorrido, mas não estava na reunião.”
Desde a publicação deste texto em diversos veículos, como Extra, Uol, Folha e o Antagonista, entidades do setor de seguros se manifestaram contra as declarações de Solange.
Nota da Susep:
Consultada pela reportagem da Apólice, a Susep se manifestou em nota: “Esclarecemos que as declarações do senhor Júlio Croda atribuídas a Solange Vieira em recente matéria jornalística são improcedentes. Reiteramos que, a convite do então ministro Luiz Henrique Mandetta, a economista esteve em março no Ministério da Saúde (MS), para contribuir com os modelos de projeção decorrente da pandemia de COVID-19 utilizados por aquela pasta. Na ocasião, foram observados os cenários apresentados e seus impactos, com foco sempre na preservação de vidas. A economista declara seu repúdio a toda e qualquer ilação que impute a alguma análise proferida juízo de valor em sentido contrário ao direito à vida e à saúde para todos, de qualquer idade, a qualquer tempo. Medidas legais cabíveis sobre o assunto estão sendo analisadas.”
Repúdio
A Fenacor emitiu nota de repúdio, na qual lamenta a postura insensível e desumana da executiva. O texto afirma: “É absolutamente inaceitável e inconcebível que seja esse o sentimento que move a pessoa que dirige a autarquia responsável por supervisionar o mercado de seguros e de previdência privada, cuja principal missão é exatamente a de proteger a vida e amparar as pessoas. A brutalidade e a falta de empatia demonstradas pela superintendente da Susep causam repulsa na sociedade brasileira e nos faz questionar uma vez mais se ela reúne as mínimas condições para ocupar o posto de comando de um órgão do Governo cujo foco precisa estar direcionado para ajudar as pessoas a superarem a mais grave crise na saúde pública dos últimos 100 anos.”
Alexandre Camillo, presidente do Sincor-SP usou o seu programa Direto & Reto para repercutir as palavras. Ele lembrou também todas ações da Susep, desde novembro de 2019, no sentido de atacar a atuação dos corretores de seguros, principalmente com a desregulamentação da profissão e a obrigatoriedade de exposição do valor da comissão nas apólices de seguros.
O deputado federal Lucas Vergilio (Solidariedade-GO) cobrou hoje, na tribuna da Câmara, uma posição do Ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele disse que “nos incomoda muito o silêncio do Ministro da Economia que, até por sua idade (70 anos) deveria ter tomado alguma atitude contra a postura de Solange Vieira”.
Kelly Lubiato
Revista Apólice