Ultima atualização 23 de outubro

Previdência custa mais do que segurança, educação e saúde juntas

Em 2019, gastos com o sistema previdenciário serão três vezes maiores do que os gastos com segurança pública, saúde e educação

EXCLUSIVO – A previdência social tem um impacto direto na vida do brasileiro. Apenas para 2019, o Governo federal projeta que os gastos com o sistema devem ser três vezes maior do que os previstos para segurança pública, saúde e educação. O Poder Executivo, em carta enviada ao Congresso, destacou que a previdência social vai custar R$ 767,8 bilhões aos cofres públicos, representando 53% dos gastos totais, no próximo ano.

O alto valor que o sistema demanda preocupa, e não é de hoje. A reforma, que prevê mudanças nos benefícios recebidos, por exemplo, para servidores públicos, militares e trabalhadores da iniciativa privada, encontra-se “congelada”, em razão da intervenção militar no Rio de Janeiro, que impede que a Constituição Federal sofra mudanças.

Aline Soaper

Aline Soaper, advogada e terapeuta financeira, diz que, apesar da reforma ser polêmica e estar na pauta do cidadão, grande parte da população nem sabe o que realmente ela significa. “O brasileiro ainda não tem o hábito de se planejar financeiramente para o futuro. Muitos não conseguem se manter financeiramente com o dinheiro da aposentadoria. Além do mais, a necessidade de ter suporte de outras pessoas para se manter estável financeiramente é comum por aqui”, destaca.

Só para ser ter uma ideia do tamanho do “rombo previdenciário”, os gastos em saúde, educação e segurança pública (incluindo Ministério da Justiça) somam 228 bilhões, 15,86% do total (não incluindo servidores inativos), de acordo com dados fornecidos pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados.

“Atualmente a previdência segue o padrão de idade ou tempo de serviço, o que permite que muitas pessoas possam se aposentar cedo. Com isso, o aumento da expectativa de vida faz com que elas passem muito mais tempo sendo beneficiárias do que contribuintes”, pontua Aline. “Além disso, com o envelhecimento se acelerando, menos jovens estão trabalhando e mais aposentados estão recebendo o benefício, é nesse momento que a balança se desequilibra”, analisa.

Atualmente, são cerca de oito pessoas contribuindo para a previdência para cada aposentado. Em 2060, a projeção é que haja apenas dois contribuintes para cada beneficiário. Aline explica que “com o passar dos anos, a conta não está fechando”. Ela ressalta ainda que é preciso pensar em estratégias que permitam sustentar a previdência para que todos possam usufruir quando precisarem. “É muito importante repensar esse modelo, não apenas a reforma da previdência, mas também o comportamento do brasileiro de fazer reserva e investimentos durante a vida produtiva para se manter financeiramente no futuro”.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões de pessoas até 2050; isso representará um quinto da população mundial. A terapeuta financeira acredita que a reforma previdenciária precisa rever pontos como idade mínima de aposentadoria, o melhor uso dos recursos e principalmente investigar e retirar as possíveis fraudes que comprometem uma parte do recurso da previdência. “É preciso abrir o diálogo sobre a importância da reforma de previdência e da necessidade de cada pessoa cuidar e preparar o seu futuro, aprendendo a investir”, conclui.

Maike Silva
Revista Apólice

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