Companhias dependem cada vez mais de informações objetivas, consistentes e integradas para tomada de decisão e facilidade de acesso ao capital. A mudança do ambiente regulatório referente às normas contábeis, após convergência aos padrões internacionais com a criação da lei 11.638 de 2007, em alteração à lei 6.404 de 1976, representou um grande avanço para a internacionalização e uniformidade das informações financeiras divulgadas.
Ainda que positivas as mudanças para padronização das normas, existe um grande desafio que será facilitado com a construção do modelo de relatório batizado de “Relato Integrado”, tradução de Integrated Reporting. Este tipo de relato é uma ação internacional para aprimorar a comunicação com o público externo, a qualidade das informações que são divulgadas pelas empresas e reduzir a quantidade de relatórios.
Coordenada por um conselho global International Integrated Reporting Council, o grupo no Brasil é representado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que criou uma comissão especial para desenvolver o assunto, constituído por grandes companhias, reguladores, investidores, normatizadores, entidades contábeis e acadêmicas.
Objetivos
As divulgações de informações não financeiras (governança, sustentabilidade, social e ambiental) deverão ser transparentes, comparáveis e consistentes com os dados econômicos, financeiros e aderentes às expectativas do público externo. Dessa forma são evitadas situações que se contrariam quando comparadas, entre os quais: apresentação de excelentes projetos sociais no relatório anual e falta de uma política de recursos humanos satisfatória, confirmada pelo valor significativo de contingências trabalhistas que são informadas nas demonstrações financeiras impactando seu capital intelectual – reputação.
Outro ponto relevante será a reflexão dos riscos inerentes à operação e ao papel da companhia no monitoramento para prevenção e identificação de oportunidades com lastro de longo prazo. Ainda com a conectividade das informações, as companhias terão um exercício para aprimorar seus programas sociais, sustentabilidade e gestão, associando ao seu modelo de negócio e visão organizacional.
O conceito principal é baseado na interrelação das informações, trazendo um painel integrado que permita às empresas fazer uma análise mais abrangente de suas visões, missões e valores. Além disso, fornece mecanismos para que elas tenham um olhar prospectivo do negócio, alinhando seus objetivos estratégicos a ações assertivas que possibilitem sua consecução um curto, médio e longo prazo.
Divulgação
A adoção pretende não ser obrigatória, mas será referência de boas práticas para demonstração de transparência, linguagem comum, simples e clara para as partes interessadas e investidores. A partir de dezembro de 2013 está prevista a primeira versão da estrutura-modelo do Relato Integrado. Empresas inseridas no projeto terão as primeiras versões do relatório divulgadas no início do próximo ano.
Essas mudanças refletem mais um passo para a construção de ações que contribuam para o pensamento reflexivo da gestão empresarial e facilitar pelo menos três pilares de governança corporativa: transparência, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
*Luiz Fiore é gerente da área de risk advisory da BDO
