O American International Group (AIG) e o governo norte-americano estão discutindo a possibilidade de acelerar o plano de pagamento dos resgates estatais. Outro objetivo é garantir a recuperação da independência da seguradora.
O “Wall Street Journal” noticiou hoje que o plano de pagamento da AIG pode começar já no primeiro semestre de 2011, à medida que o Tesouro dos EUA for convertendo US$ 49 bilhões de dólares (38 bilhões de euros) das ações preferenciais que detém em ações comuns. Este passo elevará para 90% a fatia do governo norte-americano na empresa, de acordo com fontes próximas procuradas pela publicação portuguesa “Jornal de Negócios”.
Estas ações serão depois vendidas a investidores privados, reduzindo assim o peso do Estado e garantindo-lhe, ao mesmo tempo, ganhos com a valorização das ações. A retirada do Tesouro da empresa ainda não tem prazo definido, mas será anunciada aos investidores nas próximas semanas.
A AIG foi a empresa que mais recebeu auxílio estatal durante a crise, gerando dúvidas quanto às decisões do governo norte-americano sobre os resgates, e, especificamente, se este poderá ser pago. Há dois anos os EUA resgataram a seguradora que estava à beira da falência, com cerca de US$ 120 bilhões de dólares (93,3 bilhões de euros) que vieram dos bolsos dos contribuintes, incluindo empréstimos da Reserva Federal. Além dos já citados US$ 38 bilhões do Tesouro norte-americano, que já conseguiu recuperar o valor emprestado a algumas empresas durante a crise.
De acordo com o ?Jornal de Negócios?, uma porta-voz da seguradora afirmou que os objetivos da AIG ?são os mesmos. Pagar de volta aos contribuintes e posicionar ao longo do tempo a AIG como uma empresa forte e independente, merecedora da confiança dos investidores?. No entanto, a porta-voz não forneceu detalhes sobre o plano de retirada.
A AIG também deverá pagar à Reserva Federal de Nova Iorque, através da venda de ativos, que espera ser capaz de reunir US$ 40 bilhões de dólares (31 bilhões de euros). No quarto trimestre, a seguradora pretende encerrar a venda de uma unidade de seguros de vida à MetLife por cerca de US$ 15,5 bilhões de dólares (12,2 bilhões de euros), além de reunir entre US$ 15 bilhões de dólares (US$ 11,7 bilhões de euros) e US$ 17 bilhões de dólares (13,2 bilhões de euros) em dinheiro de uma oferta pública inicial de venda (IPO) da seguradora AIA, de Hong Kong.
Segundo o jornal, a estratégia de retirada da AIG pode ser semelhante à utilizada com o Citigroup, na qual o Tesouro recebeu uma quota de 27% na empresa após ter convertido US$ 25 bilhões de dólares (19,4 bilhões de euros) de ações preferenciais em ações comuns. Agora, a quota do Tesouro está em 18%, devido à venda de algumas ações.
Cerca de US$ 200 bilhões de dólares (155,5 bilhões de euros) dos US$ 386 bilhões de dólares (300 bilhões de euros) que o Tesouro investiu nos últimos dois aos já foram pagos. A maioria dos grandes bancos está nesse pacote, inclusive o Bank of America. Já a General Motors, outra beneficiada pelo auxílio do governo norte-americano, já iniciou o processo de eliminação da quota estatal com uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) planejada para o fim do ano.
Jamille Niero
Revista Apólice
Com informações do Jornal de Negócios Online – Portugal