Durante esta década, o segmento de previdência privada, ao passo que foi se expandindo, foi também gerando oferta mais flexível e qualificada do seu portfólio de produtos.
A segmentação permite atender a interesses mais específicos. “À medida em que temos mais produtos, a chance de atrair mais clientes é maior. O que atraiu as pessoas em outros momentos pode não mais atrair hoje”, diz o vice-presidente da Fenaprevi, Renato Russo.
Embora o forte ainda seja poupar para se aposentar – muitas vezes os planos se iniciam com esse intuito -, é cada vez mais comum haver planos com o propósito da realização de projetos de vida, como uma viagem, a compra de um veículo ou apartamento ou o pagamento da faculdade de seu filho.
Na Europa, apenas 10% das pessoas optam por transformar a previdência em aposentadoria.
Lúcio Flávio de Oliveira, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência (líder do ranking de captação no primeiro trimestre, com 32,66% do total), lembra que, anos atrás, a previdência era oferecida à população que estivesse beirando os 40 anos, mais perto de se aposentar.
Hoje, essa faixa de idade já está na casa dos 30 anos. Isso contribui à mudança do perfil. “Quem antes não tinha riqueza, agora tem e quer protegê-la.
E, às vezes, no decorrer do caminho, surge uma necessidade mais imediata.
Então é possível mudar os planos, e começar a poupar de novo.” Com a disseminação do plano para menores, que vem apresentando forte adesão de sete anos para cá, o segmento ganhou novo fôlego. Esse é o produto que mais cresce, embora os aportes mensais possuam valores menores – a partir de R$ 50 -, já que o plano geralmente é feito quando o filho nasce para que ele se utilize dos recursos quando entrar na faculdade ou depois de se formar, a fim de dar sequência aos estudos ou iniciar um negócio próprio, por exemplo.
O plano júnior vem crescendo entre 10% e 15% acima do incremento obtido em todo o mercado. Desde 2007, suas vendas aumentam até 50% por ano.
O produto chama a atenção do público por seu forte apelo emocional, pelo fato de, com o valor pago em ‘duas pizzas’ por mês, ser possível fazer um ‘pé de meia’ para o filho. Além disso, existem diversos serviços online para os pais, que também podem deduzir em seu IR as contribuições para os filhos.
Atualmente, quase 7% de todo o mercado de previdência é composto por planos para menores, o que o torna a aposta do futuro para as empresas do setor. Elas acreditam que, na medida em que a renda melhorar, ele tende a ser o carro-chefe.
Outra aposta está nos produtos coletivos empresariais e no mercado das micro e pequenas empresas. “Sobretudo se essa perspectiva de crescimento econômico se concretizar, também impulsionada pela realização da Copa do Mundo (de 2014), das Olimpíadas (de 2016) e com a exploração do pré-sal, o investimento externo tende a aumentar. Com isso, as empresas de fora que se estabelecerem no Brasil já virão com uma cultura de previdência pronta a ser fidelizada”, salienta Oliveira. “As micro e pequenas, embora ainda tenham alta taxa de mortalidade, tendem a ser fortalecer com a economia e a expandir seus benefícios.”
Brasil Econômico