EXCLUSIVO – O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, conversou com os participantes da Casa do Seguro, espaço do mercado que acontece em Belém, como parte da Conferência do Clima da ONU – COP 30, que o Brasil vive um momento único para se consolidar como líder mundial em segurança alimentar, inovação agrícola e sustentabilidade, mas ainda esbarra em gargalos estruturais, sobretudo logística, acordos comerciais e um sistema de seguro rural incapaz de acompanhar o avanço tecnológico do campo.
Rodrigues lembrou que o país deixou de ser uma economia essencialmente litorânea apenas nos anos 1960, quando a ocupação do Centro-Oeste transformou o Brasil em potência agrícola. Desde então, o agronegócio evoluiu para um modelo de produção tropical “mais eficiente e sustentável que qualquer outro no mundo”, com tecnologia adaptada ao clima, ao solo e à realidade brasileira. “O agronegócio brasileiro é um jardim de excelência”, pontuou.
O ex-ministro, que agora é Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV-EESP, destacou que falta ao Brasil uma estratégia clara de desenvolvimento agrícola, baseada em logística eficiente, política comercial ativa e planejamento de longo prazo. “Sem comércio exterior forte e logística adequada, vamos continuar patinando”, reforçou.
Um ponto central do discurso foi a necessidade de fortalecer o seguro rural, considerado por Rodrigues como “instrumento básico de estabilidade e paz social no campo”. Segundo ele, nenhum país agrícola relevante funciona sem um sistema sólido de mitigação de riscos climáticos. O ex-ministro foi claro: “o clima é o maior risco do agronegócio brasileiro e nenhum produtor deveria estar exposto sem proteção adequada”, defendeu Rodrigues.
Em sua fala, Roberto Rodrigues salientou que o Brasil reúne condições únicas: território, clima, tecnologia e capacidade produtiva. O que falta é decisão estratégica, estabilidade regulatória e investimentos estruturais que garantam competitividade e segurança ao produtor.
“Chegou a hora de falar sério sobre estratégia, logística, ciência, crédito e seguro. Se fizermos isso direito, o Brasil se tornará o maior fornecedor de alimentos do mundo de maneira sustentável e segura”, concluiu.
Kelly Lubiato, de Belém/PA




