Ultima atualização 13 de novembro

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COP30: Finanças sustentáveis e seguros ganham destaque

Da esq. Para a dir: Dyogo Oliveira, Luiz Carlos Trabuco e Carlos José da Costa André
Da esq. Para a dir: Dyogo Oliveira, Luiz Carlos Trabuco e Carlos José da Costa André

Representantes do governo, de organismos internacionais e do setor privado se reuniram, nesta quarta-feira (12), no “Fórum de Finanças Sustentáveis na COP30”, para discutir caminhos concretos de financiamento da transição ecológica e o fortalecimento do papel do sistema financeiro na construção de uma economia de baixo carbono.

O encontro ocorreu na Casa do Seguro, em Belém (PA), promovido pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) em parceria com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Na sessão de abertura, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, destacou que o setor de seguros tem se posicionado como um elo essencial entre o financiamento e a adaptação climática. “Não há transição possível sem instrumentos financeiros e de seguros que deem suporte à mudança. O desafio é alinhar a proteção do capital com a proteção do planeta”, afirmou.

Ele ressaltou ainda que a Casa do Seguro, durante a COP30, simboliza esse esforço de aproximar o mercado segurador das agendas globais de sustentabilidade, criando um espaço de diálogo e de proposições conjuntas com os demais atores financeiros.

O presidente da Anbima, Carlos José da Costa André, observou que a sustentabilidade já se consolidou como vetor estratégico dos investimentos. “A transição ecológica é também uma transição de valores e de métricas. É preciso que o capital trabalhe a favor do futuro”, defendeu.

O presidente do Conselho Diretor da Febraban, Luiz Carlos Trabuco, reforçou o papel do sistema bancário como catalisador de boas práticas. “Estamos diante de uma transformação civilizatória, e o sistema financeiro precisa ser protagonista, induzindo comportamentos e premiando a responsabilidade ambiental.”

O primeiro painel, “Plano de transformação ecológica: contribuições do setor financeiro”, trouxe uma discussão ampla sobre as diretrizes do plano conduzido pelo Ministério da Fazenda e sobre como o sistema financeiro pode acelerar sua implementação.

A embaixadora Tatiana Rosito, secretária de Relações Internacionais do Ministério da Fazenda, enfatizou que o plano representa uma nova estratégia de desenvolvimento para o Brasil, combinando crescimento econômico com regeneração ambiental “Não é apenas uma agenda verde, é uma agenda de competitividade. O Brasil tem condições únicas para liderar a economia da transição”, afirmou.

Nos debates, Dan Ioschpe, high-level champion do Brasil na COP30, ressaltou a importância da cooperação entre empresas e governos para transformar metas em resultados concretos.

Denise Pavarina, conselheira consultiva do capítulo brasileiro da GFANZ, destacou o papel dos investimentos privados na ampliação do impacto. “O capital privado precisa ser mobilizado para destravar a escala necessária. Isso exige métricas, transparência e confiança”.

Remco Fisher, líder de clima da UNEP-FI, chamou atenção para a necessidade de integração das políticas financeiras e ambientais.

O painel foi moderado por Cacá Takahashi, diretor da ANBIMA e coordenador da Rede de Sustentabilidade da entidade, que sintetizou o debate lembrando que “o plano ecológico só será viável se for também um plano econômico”.

No segundo painel, “Investimentos sustentáveis: financiando a transição climática”, os especialistas abordaram os desafios de alinhar o sistema financeiro aos compromissos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Para Luiz Gabriel Todt de Azevedo, diretor-gerente da Divisão Socioambiental e de Governança do BID Invest, o financiamento verde deve ser visto como oportunidade de prosperidade. “A transição climática não é um custo, é uma avenida de crescimento. Mas ela requer coordenação entre regulações, incentivos e inovação.”

Na sequência, Butch Bacani, head de seguros do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP Fi), defendeu que o setor segurador tem papel singular em precificar riscos e orientar investimentos.

Isabela Maia, chefe da Gerência de Sustentabilidade do Banco Central do Brasil, destacou o avanço da regulação financeira verde no país e lembrou que “a sustentabilidade já é parte das diretrizes de estabilidade financeira”.

Tamsin Ballard, chief Investor Initiatives Officer do PRI, ressaltou o potencial de mobilizar capital global para ativos brasileiros. O painel foi moderado por Amaury Oliva, diretor-executivo de Sustentabilidade da Febraban, que destacou a urgência de “tornar o discurso financeiro compatível com o tempo da crise climática”.

Encerrando o Fórum, o painel “Florestas no centro das finanças sustentáveis: impulsionando desenvolvimento e resiliência climática” trouxe o olhar sobre a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas como parte central da agenda financeira.

A secretária extraordinária do Mercado de Carbono do Ministério da Fazenda, Cristiana Reis, observou que o financiamento florestal é uma condição para o cumprimento das metas climáticas do país. “Precisamos transformar as florestas em ativos de valor reconhecido pelo sistema financeiro”, afirmou.

Entre os debatedores, Garo Batmanian, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, destacou a importância de ampliar instrumentos de crédito e garantias para projetos de restauração.

Lígia Jesi, coordenadora de Regulação do Sistema Financeiro da Secretaria de Reformas Econômicas, abordou as novas exigências da Política Nacional de Mudanças Climáticas, enquanto Luciana Galan, da IFC, reforçou o papel do investimento privado em estruturar projetos de impacto mensurável.

Marcus Cardoso, chefe do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, completou dizendo que “as florestas devem estar no centro das finanças, não nas margens”.

A mediação foi conduzida por Luciana Dall’Agnol, superintendente de Sustentabilidade da CNseg, que encerrou o encontro ressaltando a necessidade de articulação entre o setor público, privado e sociedade civil para destravar o financiamento climático em escala.

Ao final do Fórum, a mensagem foi clara: a transição climática exige um novo pacto entre os setores financeiro, segurador e produtivo, capaz de unir inovação, regulação e propósito. Como afirmou Dyogo Oliveira, “o futuro das finanças sustentáveis não é um futuro distante, ele está sendo construído agora, com a responsabilidade de todos os que compreendem que não há desenvolvimento sem sustentabilidade”.

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