Ultima atualização 25 de novembro

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Capgemini: Open Insurance arrefeceu, mas deve despertar interesse em 2026

Gustavo Leança, da Capgemini
Gustavo Leança, da Capgemini

EXCLUSIVO – A quarta edição do estudo sobre Open Insurance formulada pela Consultoria Capgemini e apresentada hoje (25) mostra que, em 2025, o tema perdeu força na agenda estratégica das seguradoras. A pesquisa, realizada com 147 respostas quantitativas e 20 entrevistas em profundidade com executivos, e apoiada por entidades do mercado como ENS, Fenacor e CNseg, revela uma clara desaceleração da iniciativa. O otimismo do mercado caiu de 64% para 57% em relação ao levantamento anterior e quase metade dos participantes (45%) afirma que o OPIN não evoluiu nem gerou impactos práticos no último ano. Com isso, as expectativas de transformação foram adiadas: se antes o mercado esperava efeitos entre 2025 e 2026, agora a projeção se desloca para 2027 e 2028.

Apesar da perda de tração, o nível de conhecimento sobre o Open Insurance aumentou. Gustavo Leança, diretor de Seguros da Capgemini, explica que os entrevistados demonstram maior familiaridade com o tema, incluindo a compreensão sobre o papel das SPOC’s (Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente). “A preparação tecnológica das seguradoras também evoluiu ligeiramente. Um dado relevante é a mudança de percepção dos corretores de seguros: após uma fase inicial de resistência e receio, especialmente em 2022, este público passou a enxergar o OPIN de forma mais positiva em 2025, indicando amadurecimento e entendimento mais claro sobre como o ecossistema pode beneficiar sua atuação”.

O esfriamento do tema, no entanto, tem motivos concretos. O mercado aponta a necessidade urgente de uma evolução regulatória, tomando como referência o que ocorreu no Open Banking, cuja regulação foi adaptada ao longo do tempo para viabilizar a adoção em larga escala. “No caso do Open Insurance, a legislação está praticamente estagnada desde 2022. As seguradoras também criticam a quantidade de produtos incluídos simultaneamente pela Susep, o que aumentou a complexidade tecnológica de implantação”, comenta Leança. Outro ponto sensível é o fluxo de consentimento, herdado do Open Banking, que não funciona adequadamente no contexto de seguros, especialmente pela intermediação dos corretores. Embora a fase três do OPIN tenha sido oficialmente concluída, discussões essenciais, entre elas o modelo de funcionamento das SPOC’s, continuam indefinidas, o que deixa o ambiente pouco funcional e reduz o engajamento do setor. O custo regulatório elevado, somado ao receio de uma possível “espiral negativa de preço”, reforça a sensação de que o Open Insurance se tornou uma pauta de baixa atratividade para muitas companhias. “Além disso, 2025 foi dominado por prioridades como a reforma tributária, que tomou espaço no planejamento estratégico das empresas”, lamenta o executivo da Capgemini.

O comparativo com o Open Banking é inevitável e, para muitos, incômodo. O sistema financeiro aberto já alcançou 83 milhões de consentimentos únicos, conta com cerca de 200 casos de uso e gerou ganhos concretos de eficiência, inovação e experiência para o consumidor. Seu arcabouço regulatório passou por atualizações constantes, ao passo que o Open Insurance segue parado. “Para destravar o OPIN, o estudo mapeia uma pauta institucional com oito pontos prioritários a serem discutidos com a Susep, envolvendo desde a revisão do fluxo de consentimento até modelos de monetização para corretores e integração com o Open Banking”, enumera Leança. A autarquia, segundo o levantamento, já sinalizou que 2026 será um ano de atenção especial ao tema.

O estudo reforça que as seguradoras precisam tratar o Open Insurance como uma oportunidade estratégica e não apenas como uma obrigação de TI. Para atrair o consentimento dos clientes, será necessário oferecer utilidade real e imediata, comparadores de apólices, alertas de subproteção, serviços consultivos e ferramentas de personalização, indo além da lógica restrita de descontos. “Os dados compartilhados pelo OPIN podem gerar receitas adicionais, melhorar processos de onboarding, reduzir fraudes e permitir novos modelos de precificação baseados no comportamento do segurado”, anima-se Leança.

A análise aponta que 2026 tende a ser um ano de ajustes e alinhamentos regulatórios, enquanto os impactos práticos devem aparecer apenas entre 2027 e 2028. A integração com o Open Banking é vista como o grande acelerador: com os bancos mais avançados no uso de dados, o setor de seguros será pressionado a se adaptar rapidamente. O sucesso, segundo o estudo, dependerá da postura das empresas. “Aquelas que enxergarem o OPI como ferramenta de competitividade e inovação estarão em posição privilegiada quando o movimento voltar a ganhar força”, avisa Leança.

Kelly Lubiato

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