EXCLUSIVO – O encerramento da Imersão Internacional De Gerenciamento de Riscos e Inovação, promovida pela ENS – Escola de Negócios e Seguros, foi marcante. Os participantes tiveram a oportunidade de visitar a NYSE (New York Stock Exchange), conhecer a sua história e ainda assistir ao encerramento do pregão, marcado pelo toque do sino pelo CEO da empresas de cruzeiros Carnival. Muito antes dos pregões eletrônicos e da digitalização completa do mercado financeiro, a Bolsa de Valores de Nova Iorque nasceu sob as folhas de uma árvore. Literalmente. “Em 17 de maio de 1792, 24 corretores se reuniram sob um sicômoro — conhecido como “Buttonwood Tree” — para assinar um acordo comissionado que, com apenas uma frase, fundaria o que se tornaria o maior centro financeiro do mundo”, explicou David D’Onofrio, gerente dos arquivos da entidade.
A criação da NYSE está ligada à consolidação dos Estados Unidos como nação. Após a independência, o Tesouro americano, sob a liderança de Alexander Hamilton, estabeleceu-se próximo ao centro financeiro de Nova Iorque. É possível conhecer um pouco mais desta história assistindo ao musical Hamilton, baseado na biografia desse ‘Founding Father’. A ideia era simples: estar onde o dinheiro circulava. Foi ali que Hamilton negociou a localização da capital federal e começou a estruturar um sistema financeiro robusto, base de sustentação do país recém-formado.
Desde então, a evolução da NYSE foi marcada por momentos simbólicos e avanços tecnológicos. O sistema inicial de negociação, que destinava cinco minutos a cada papel, rapidamente se mostrou obsoleto com o crescimento dos ativos. “A introdução do ticker, em 1867, e a criação dos postos fixos de negociação, a partir de um incidente curioso em 1875, trouxeram mais eficiência ao mercado. No século XX, a NYSE inaugurou sua sede definitiva, em 1901, com o maior salão de Manhattan, sistema de ar-condicionado próprio e 500 linhas telefônicas”, enumerou D’Onofrio.
O Brasil também tem lugar nesta história centenária. Em 1920, foi listado o primeiro título brasileiro na bolsa nova-iorquina — um vínculo do governo federal. Desde então, a relação entre o mercado financeiro brasileiro e a NYSE se intensificou, especialmente com empresas nacionais abrindo capital internacionalmente, em busca de visibilidade e captação de recursos.
A presença feminina na NYSE, no entanto, só se consolidou em 1967, com Muriel Siebert tornando-se a primeira mulher membro da bolsa. Já os computadores desembarcaram no piso em 1979, trazendo consigo 15 mil quilos em televisores de tubo e iniciando a digitalização total do sistema em poucos anos. Hoje, traders usam tablets e notebooks com naturalidade, seguindo uma trajetória iniciada há mais de três décadas.
D’Onofrio destacou: “mesmo com tanta inovação, a NYSE mantém uma peculiaridade que a diferencia de outras bolsas globais: a presença de especialistas humanos. Em momentos de crise ou eventos imprevistos, esses profissionais podem adiar a abertura de determinado ativo, reduzindo a volatilidade e promovendo estabilidade — uma prática que une tecnologia e inteligência humana”.