EXCLUSIVO – O setor de seguros se tornou muito tecnológico nos últimos anos e hoje muitas empresas apostam na inovação para manter a sua competitividade. Quem começou primeiro a investir saiu na frente, porque hoje já consegue estruturar seus processos utilizando ferramentas de Inteligência Artificial, por exemplo. A CNseg divulgou hoje o resultado do 1º Estudo sobre inovação no Mercado de Seguros, Previdência Complementar Aberta e Capitalização no Brasil mapeou os investimentos em inovação, porque eles acontecem, os desafios e as tendências. Seu objetivo é identificar o volume de investimentos em inovação, identificando os processos e tecnologias inovadoras que já são adotadas pelas empresas. “Também buscamos olhar para as inovações implementadas em 2023 e no 1º semestre de 2024, classificando-as como inovação em produtos, serviços, processos e adoção de nova tecnologia”, explicou o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira.
A inovação que nasce nas seguradoras já faz parte da estratégia das empresas e é feita de forma estruturada e objetiva. Ela acontece de maneira descentralizada, fazendo parte de todos os processos e resultado da interação dos diferentes departamentos.
O estudo realizado pela consultoria Capgemini ouviu 24 executivos C-level de grupos seguradores distintos, que representam 55% do market share do mercado. “6 em cada 10 respondentes informaram que existe um líder responsável pela inovação na empresa, com uma área específica com estrutura, que centraliza as informações que vêm de outras áreas. 8 em cada 10 seguradoras possuem métodos bem estabelecidos para estruturar e mensurar a inovação, e isso acontece de forma colaborativa com o mercado e com parceiros”, apontou Oliveira.
As inovações acontecem de maneira estruturada, via programas de desenvolvimento, e há mensuração dos resultados em todas as áreas pesquisadas. Os principais parceiros utilizados são startups, outras seguradoras, fabricas de software, consultorias etc.
A inovação acontece a despeito da regulação, pois ela é o 3º obstáculo mais citado pelos executivos. 58% das empresas tem visão mais negativa sobre o Open Insurance. Os percentuais consideram todas as empresas entrevistadas. A maioria das empresas que acham o Opin positivo (67%) são aquelas da categoria S3, ou seja, aquelas que não participam do Open Insurance. 78% das empresas S1 já inseriram o Opin nas suas estratégias de inovação. 60% das S2 enxergam menos valor e o veem apenas como uma demanda regulatória.
O mercado segurador, supervisionado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) é classificado em quatro segmentações: o S1 agrupa grandes empresas, com participação de pelo menos 6% das provisões ou 9% dos prêmios; o S2 representa supervisionadas intermediárias; o S3 inclui menores supervisionadas; e o S4 reúne aquelas de perfil simplificado. Segundo o estudo da CNseg, as supervisionadas S3 destacaram-se em 2024, com maior proporção investindo entre 2% e 10% de suas arrecadações, enquanto as do S1 mantêm maior frequência entre 1% e 3%.
Ainda sobre a atuação da Susep, Alexandre Leal, diretor Técnico, de Estudos e Relações Regulatórias da Cnseg, acredita que esta visão sobre o regulador deve mudar quando ele próprio utilizar instrumentos de IA e Machine Learning para melhorar a eficiência da regulação, “Quando a base de dados do SRO puder trabalhar para a Susep e treinar os algoritmos, será possível trazer ainda mais qualidade para a regulação. O setor é muito regulado e ela deve buscar incentivar os investimentos em questões que melhore as condições para o cliente final sem prejudicar os entes do setor”, pontuou Leal.
A maioria das empresas entrevistadas utiliza a Lei do Bem: aceitação e utilização quase unânimes das empresas. “Ou seja, se o Governo incentiva, as empresas acabam utilizando estes métodos”, ratificou Oliveira.
Do ponto de vista do incentivo à inovação, o Open Insurance é um ambiente que fomenta o ambiente de inovação. Porém, a maioria, 33%, acha que é uma iniciativa em desenvolvimento para atender a demanda regulatória, sem relação clara com o ambiente ou a estratégia de inovação da empresa.
Para 2024, a estimativa é de R$ 19,6 bilhões de investimento em inovação, cerca de 2,6% de R$ 745 bi. 38% das empresas aplicaram mais de 2% do faturamento em inovação em 2023, subindo para 46% das empresas em 2024.
Segundo Oliveira, a expectativa é que o investimento em inovação crescerá de forma diretamente proporcional ao faturamento. “O tema gestão da distribuição (vendas) é o que mais requer os investimentos, seja em produtos, serviços, processos e infraestrutura tecnológica. Aplicações como Inteligência Artificial, machine learning, API’s, precificação e governança são áreas que estão recebendo mais investimento das empresas de seguros”, destacou.
O presidente da CNseg concluiu que os resultados são excelentes, com 84% das empresas afirmando ter atingido as expectativas de melhora no relacionamento com os clientes, 56% atingiram as expectativas em ganhos financeiros, sendo que para 20% delas os resultados foram excedidos.
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