Ultima atualização 08 de março

Dia da Mulher: Saiba mais sobre Ana Paula de Almeida Santos, uma das líderes da CNseg

Diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo e integrante da Comissão de Diversidade e Inclusão da CNseg, executiva comenta sobre a importância da mulher no setor, desafios para a promoção da igualdade de gênero e carreira

EXCLUSIVO – Formada em Ciências Jurídicas, apaixonada por fotografia e apegada a sua casa e amigos, Ana Paula de Almeida Santos, diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo e integrante da Comissão de Diversidade e Inclusão da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) é uma das mulheres que atuam na linha de frente da transformação do mercado de seguros. Para celebrar a força feminina neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a Revista Apólice conversou com a executiva sobre sua carreira, a importância da participação feminina no setor e quais ações a entidade vem adotando para atrair mulheres para o segmento.

Abaixo você pode conferir a entrevista completa.

Eu sou formada em Ciências Jurídicas pela Universidade Mackenzie, tenho LLM – Masters in Law pelo Ibmec e MBA em Inovação pela FIA – Business. Comecei minha carreira como assistente pessoal do Dr. Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça do Governo Sarney (agosto 1989 a março de 1990). Em seguida, atuei em grandes escritórios de advocacia, até chegar ao cargo de Gerente Jurídico do McDonald’s. A grande mudança veio quando fui convidada a assumir um cargo executivo na seguradora AON, onde me apaixonei pelo universo do seguro e estou aqui até hoje. 

Ao longo da minha carreira tive afelicidade de receber alguns prêmios, como o “Women Worth Watching Award”, em 2016, pela Diversity Journal, e o “Chambers Women in Law Award: Latin America 2016” por “Outstanding Contribution to Advancing Gender Diversity in the Legal Profession”, pela Chamber and Partners.

Eu comecei minha jornada no mercado de seguros como Gerente de Jurídico e Compliance, na AON, e foi exatamente com essa oportunidade que eu percebi o quanto o seguro tem um papel importantíssimo, tanto para as empresas, como para o dia a dia das pessoas. O seguro é uma ferramenta que garante a continuidade da vida, a continuidade de um negócio e isso é incrível. Eu sempre digo que em um primeiro olhar ninguém entra para o mercado de trabalho sonhando em atuar nesse setor, mas ele é tão apaixonante que todos que acabam se envolvendo são conquistados e dificilmente largam. E foi exatamente isso que aconteceu comigo.

Apesar de não ser necessariamente um hobbie, para mim, estar na minha casa, estar com a minha família e meus amigos é uma prioridade, porque são coisas essenciais para manter o equilíbrio necessário no meu dia a dia. Além disso, eu também adoro viajar, além dos roteiros tradicionais e de ir à praia (afinal, eu moro em São Paulo), amo conhecer lugares diferentes. Já fui para a Ilha de Páscoa, Jordânia, Patagônia, Líbano e fiz a caçada à Aurora Boreal.

Agora, como hobbie, eu amo fotografia. Eu não tenho tido muito tempo para fotografar, mas é uma paixão, eu tenho várias câmeras. Além disso, eu também gosto muito de ler e assistir filmes no streaming.

Acho importante aproveitarmos o momento em que não estamos trabalhando para fazermos coisas que nos dão prazer como ver o pôr do sol, jogar conversa fora com a família, fazer uma caminhada, esses momentos são muito essenciais. Eu acredito muito no Dolce far Niente e no ócio criativo. Esses momentos de parada são combustíveis para criatividade.

Eu não me recordo, mas muito provavelmente fui, como outras mulheres, objeto de algum tipo de preconceito. Afinal, em uma sociedade como a nossa é raro não ter sofrido nenhum tipo de preconceito. Preconceitos acontecem de tantas formas, seja pelo vestir, seja pela sua religião, seja pela sua cor, seja pelo seu gênero. O que eu acho que sempre me diferenciou nesse ponto é como eu reajo diante de uma atitude mais preconceituosa ou uma piada politicamente incorreta, eu não me apego a esse tipo de situação. A estrada possui obstáculos, mas ela existe para você percorrê-la e não ficar parada. Eu não me recordo, pois não fiquei parada na estrada, sempre fui adiante.

O que eu sempre busco é fazer o meu trabalho com objetivo, olhando para frente, sem me importar muito com atos, atitudes ou comportamentos que pudessem impedir esse trabalho. E eu sempre tive bons gestores, homens e mulheres,e eu vi nesses profissionais olhares muito assertivos, de apoio, de suporte e muito impulsionamento.

 Além disso, eu também sempre tive bons exemplos na minha vida como a minha mãe, que ocupou cargos de liderança e de destaque, além de pares e outras líderes sensacionais que tinham essa visão mais pragmática, independente de algum percalço que pudesse surgir durante a jornada.

Por algumas razões eu acabei não sendo mãe, mas sou filha de uma mãe que teve uma carreira lindíssima, super bem-sucedida, que trabalhou fora a maior parte de sua vida e se aposentou aos 72 anos. Também tive muitas colegas que são mães, e acompanhei um pouco da jornada das mães das minhas enteadas e eu sempre tive um olhar muito sensível para isso.

Eu sempre fui patrocinadora de iniciativas como a extensão da licença maternidade ou a própria extensão da licença paternidade. Afinal, a participação do pai, principalmente, na construção dos primeiros meses na vida de uma criança, é primordial. Eu acredito que o núcleo familiar que surge com a chegada de uma criança precisa de um espaço de tempo com tranquilidade que seja remunerado para que aquela família possa se adaptar ao novo momento, e principalmente para que aquela criança consiga ter um desenvolvimento saudável em seus primeiros momentos de vida. Também entendo que o ambiente de trabalho deve ser sensível às necessidades de uma mãe que trabalha fora. 

Eu lembro realmente da dificuldade da minha mãe, meu pai sempre foi muito presente, eles sempre foram muito parceiros na construção da nossa família. Minha mãe realmente pôde deslanchar na carreira dela. Eles dividiam as responsabilidades, o meu pai tinha o papel de buscar na escola, auxiliar em alguma atividade do almoço, da mesma forma eu, como filha mais velha, também tive que muitas vezes assumir alguns papéis.

Eu lembro da luta da minha mãe para deixar tudo pronto antes de sair para trabalhar para checar como é que a gente estava algumas vezes durante o dia e, eventualmente, nos ajudar com alguma tarefa da escola à noite, depois que ela chegava do trabalho.Assim como lembro do meu pai fazendo o nosso jantar enquanto tomávamos banho. Eu tive pais muito presentes. Os dois trabalhavam o dia inteiro, mas estavam sempre conosco. 

Então, quando eu trabalho com mulheres dentro da minha equipe, eu procuro proporcionar um espaço para que aquela profissional consiga ser mãe. Para que ela também consiga ter paz no trabalho, para lidar com as questões do dia a dia da maternidade. Por exemplo, eu não me apego às questões de horário. Para mim, o que é importante é o resultado, é a entrega do trabalho que ela se compromete, além de dar a ela a chance de querer alçar outros voos. 

Eu já ouvi de colegas de trabalho que deixaram de ocupar cargos de liderança, porque entendiam que ao ocupar aquele lugar elas deixariam de ser mãe, que não seriam mãe da mesma forma. O que para mim não faz sentido, afinal uma mãe é uma excelente gestora operacional. Então, nas minhas equipes, eu sempre quis e me esforço para que essa mulher possa ocupar um cargo de gestão e ser mãe. 

Assim como eu enxergo a minha mãe, eu creio que os filhos destas mulheres também teriam um orgulho ainda maior pelo fato delas conseguirem trabalhar, gerirem a casa e darem o cuidado necessário para os filhos.

Temos que seguir enfrentando essa realidade e batalhar para reduzir esse gap. Eu acredito que a indústria de seguros alcançou alguns bons resultados, mas ainda há um trabalho sério e duradouro a ser feito nesse sentido. Por isso, é preciso promover ações afirmativas, incentivar os funcionários a acolherem as diferenças e o conhecimento acerca da importância da equidade. Além disso, como entidade representativa do setor, além de fornecer ferramentas, nosso objetivo também é comprovar que não valorizar essas mulheres é custoso para a empresa e, consequentemente, para a sociedade.

Aqui na CNseg nós efetivamente praticamos o nosso discurso. Diferentemente da pesquisa, o percentual de mulheres em cargos executivos é bastante superior ao do mercado. Temos trabalhado em nossas Comissões e Grupos de Trabalho de forma a levar essa diretriz para as associadas. Mudanças de cultura não acontecem da noite para o dia, mas vejo com otimismo as transformações que estão ocorrendo no setor. 

A Confederação é um dos norteadores fundamentais para o mercado de seguros. Por isso, estamos sempre atentos às necessidades da sociedade moderna, a fim de conduzir o setor para que essas exigências sejam atendidas e isso inclui a equidade de gênero.

Trabalhamos fortemente para desenvolver soluções, iniciativas e produtos que promovam a diversidade e inclusão. Um exemplo disso foi o lançamento do Guia do Nome Social,  um documento que fornece informações ricas sobre a importância do uso do nome social dentro e fora das empresas do setor. O lançamento deste material foi feito no webinar “Diversidade em Seguros: a Inclusão LGBTQIAPN+”, que teve como objetivo debater a pauta e reforçar o nosso compromisso em tornar o mercado segurador mais inclusivo.

Outra ação interessante é a iniciativa de monitoramento de diversidade dentro das associadas à CNseg, que acontece desde 2022. Esta análise possibilita a identificação de iniciativas, públicos e áreas que exigem mais atenção, o que possibilita um trabalho personalizado com essas empresas por meio de ações afirmativas desenvolvidas em parceria entre o time de especialistas da CNseg e as empresas associadas.

Nós trabalhamos para incentivar não apenas a inclusão das mulheres, mas também de outros grupos sub-representados como a comunidade negra e a comunidade LGBTQIAPN+.  Além disso, também trabalhamos para dar cada vez mais voz e espaço para as mulheres dentro da CNseg, com objetivo de trazer mais representatividade para a entidade que atua para ser um exemplo para profissionais e empresas do mercado.

Eu acredito que estudar o mercado e áreas correlatas é fundamental para as mulheres que desejam atuar no setor. Mas, para além disso, desenvolver suas competências emocionais e colocá-las em prática é imprescindível. Veja, o estudo é o alicerce, mas a capacidade de interagir de maneira estratégica com colegas e clientes é o diferencial que irá impulsionar a carreira dessa mulher. A junção da técnica com essa habilidade abrirá portas e dará mais resiliência para que aquela profissional atue com mais eficiência.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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