Ultima atualização 30 de janeiro

Planos de saúde corporativos devem subir 14,1% no Brasil em 2024

Índice foi constatado por um estudo global da AON. A análise criteriosa de dados e fomento ao bem-estar são pilares essenciais para o controle do preço deste benefício para as empresas

EXCLUSIVO – De acordo com o estudo Global Medical Trend Rates Report 2024, produzido pela AON, no Brasil, a previsão é que a taxa média de aumento de planos de saúde corporativos neste ano será de 14,1%, mantendo o patamar de 14,4% realizado em 2023. A empresa ouviu escritórios que administram planos médicos corporativos em 113 países. O indicador encontra-se acima da taxa média da América Latina, que atingirá 11,6% em 2023 e 11,7% em 2024, com uma inflação geral de 4,3% este ano e 4,1% em 2024.

Segundo Rafaella Matioli, head de Advisory, Health e Human Capital da Aon Brasil, a taxa de crescimento dos planos de saúde corporativos chegará a dois dígitos no Brasil devido à inflação médica (Variação dos Custos Médicos Hospitalares – VCMH), que reflete a variação do custo e da frequência dos eventos realizados pelos usuários de plano de saúde. “Custos e frequências também são impactados por novas coberturas de procedimentos, tecnologias, medicamentos e alterações de regras como limites e diretrizes de utilizações, como observado em 2023 em relação às terapias”.

Para a executiva, as soluções em saúde no Brasil enfrentam um cenário desafiador para operacionalizar e distribuir recursos com a complexa extensão territorial do país, a distribuição populacional e fatores econômicos. Rafaella afirma que outro fator singular é a revisão semestral da cobertura obrigatória prevista no rol da ANS (Agência Nacional da Saúde), que no último ano trouxe 15 novas tecnologias, entre medicamentos e procedimentos incorporados. “Observamos em 2020 a baixa utilização dos serviços médicos durante a pandemia, que gerou uma redução na frequência de utilização. Porém, em 2023, o comportamento de uso está se aproximando daqueles registrados antes do período pandêmico”.

Rafaella reforça também que o cenário inflacionário significativo e de grande volatilidade econômica após a pandemia, constrói um ambiente instável para o mercado de planos de saúde e, embora já existam sinais de melhoria, essas condições ainda devem persistir nas regiões pesquisadas nas quais é esperado um aumento acentuado em planos de saúde corporativos em 2024. “Cada vez mais países reportam o bem-estar como sua iniciativa de mitigação de custos mais importante, já que um quarto dos 113 países consultados citaram sua importância, e países como o Brasil, a Colômbia, a Índia, Singapura e Hong Kong estão encabeçando a lista”.

De acordo com a executiva, no cenário de mitigação de custos em planos de saúde, a análise criteriosa de dados e fomento ao bem-estar são pilares essenciais. “Ao decifrar padrões de utilização as organizações podem otimizar contratos e implementar programas preventivos eficazes, criando uma base sólida para decisões futuras. Simultaneamente, investir na promoção do bem-estar dos colaboradores, aliado a práticas de uso responsável do plano por meio de campanhas educativas. Essa abordagem integrada, que une análise de dados e estímulo ao bem-estar, oferece uma estratégia coesa e eficaz na gestão sustentável dos custos dos planos de saúde corporativos”.

O relatório produzido pela AON prevê que 60% das empresas mundialmente avaliam flexibilizar seus benefícios, como estratégia de mitigação que lhes permitirá maior controle de seus gastos e custos. Rafaella ressalta que para alcançar esse objetivo, é preciso implementar uma estratégia de benefício flexível estruturada, abrangendo os benefícios seguráveis e não seguráveis e com um desenho viável por cargo. “Esta é uma oportunidade sustentável para as empresas ampliarem a percepção do pacote de benefícios ao mesmo tempo que traz a autonomia para o colaborador escolher a combinação alinhada às suas necessidades individuais e da sua família. O desenho flexível viável é a oportunidade da otimização dos gastos aliado ao estudo do risco que mitiga a exposição dos seguráveis das empresas”.

Procurada pela reportagem da Revista Apólice, a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) esclareceu que o reajuste dos planos de saúde reflete a variação das despesas assistenciais, sendo indispensável para garantir a manutenção e o aperfeiçoamento da oferta da assistência médica a seus beneficiários.

“Entre os fatores que influenciam o reajuste estão a inflação da saúde, representada pela evolução do custo da assistência; a obrigatoriedade da oferta de tratamentos cada vez mais caros, com doses, em alguns casos, a cifras milionárias; a ocorrência de fraudes; e a judicialização”.

A Federação também afirmou que no caso de planos coletivos com até 29 beneficiários, as operadoras agrupam esses contratos e calculam um reajuste único, divulgando o percentual publicamente. “Já no caso dos planos coletivos acima de 30 vidas, os reajustes são estipulados em livre negociação entre as operadoras ou administradoras de benefícios e a pessoa jurídica contratante, variando conforme cada contrato. Até novembro de 2023, a média de reajuste dos planos coletivos de assistência médica foi de 14,7%, conforme últimos dados disponibilizados pela ANS”.

Já a Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) informou que os reajustes anuais têm como objetivo garantir o equilíbrio entre os valores recebidos com mensalidades e os valores pagos para o tratamento de saúde dos beneficiários participantes do plano. “Nos últimos três anos (2021, 2022 e 2023), o setor registrou um prejuízo operacional acumulado de R$ 20 bilhões de reais, evidenciando um desafio financeiro extremamente significativo. As mensalidades hoje não são suficientes para o pagamento das despesas assistenciais.

Em relação a 2024, a Associação disse que é preciso aguardar a consolidação dos números, já que o cálculo dos reajustes levará em consideração o aumento do custo médico-hospitalar registrado em 2023.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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