A longevidade é hoje uma realidade no Brasil. Os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dão conta de que a expectativa de vida dos brasileiros que nasceram em 2021 é de 77 anos. Ou seja: não somos mais um país de população jovem, o chamado país do futuro. Em comparação a 2020, houve um aumento de exatos 2 meses e 26 dias, quando a média era de 76,8 anos. Os dados revelam que são pessoas ativas que buscam constantemente melhorar de vida, mas que exigem cuidados cada vez mais prioritários.
O índice de envelhecimento com qualidade de vida naturalmente exerce um forte impacto na sociedade como um todo e exige adaptações e respostas em diversos níveis, nomeadamente por parte dos seus sistemas de suporte, como é o caso dos sistemas de saúde, segurança social, educação, justiça e transporte. Considerando o conceito de Envelhecimento Ativo proposto na primeira década deste século pela OMS (Organização Mundial da Saúde), esta melhoria depende muito do empenho de cada um, enquanto agente da sua própria saúde, participação e segurança, e da sociedade como um todo, de forma que sejam garantidas as oportunidades para tal, à medida que as pessoas tornam-se cada vez mais longevas.
A longevidade está associada, além dos fatores relacionados à saúde, aos psicológicos, como o constante diálogo, o convívio com outras pessoas e todo apoio, suporte e adaptação ao declínio funcional que a própria idade avançada demanda. É neste aspecto que o Hospital Placi tem atuado em parceria com as seguradoras, médicos assistentes e profissionais dos hospitais agudos, diante da necessidade crescente de adaptação dos pacientes, seus familiares e cuidadores a novos cenários que demandam transição de cuidados.
Em 2008, o jornalista Dan Buettner lançou o livro “As zonas azuis”, identificando cinco regiões onde os idosos, muitos deles nonagenários, viviam melhor e em excelentes condições: a italiana Sardenha; a ilha de Okinawa, no Japão; a península de Nicoya, na Costa Rica; a ilha de Icaria, na Grécia; e a comunidade adventista de Loma Linda, na Califórnia. O que acabou por resultar em pesquisas de diferentes universidades e institutos, identificando que os moradores dessas regiões contavam, além de atendimento médico de qualidade, com uma convivência importante e salutar entre eles.
O fator renda também influi na longevidade, ajudando a viver mais e ativamente. Tanto que dados recentes do relatório Perspectivas da População Mundial da ONU apontam que enquanto em Mônaco a expectativa de vida é de 87 anos, na República do Chade, na África Central, é de apenas 53. O Brasil, hoje, está no meio deste caminho, quase chegando à quarta idade como nos países desenvolvidos. Na sequência dos melhores no ranking, aparecem as regiões administrativas especiais chinesas de Hong Kong e Macau, enquanto o quarto lugar é ocupado pelo Japão, o país mais longevo entre as potências mundiais. A lista é seguida por Liechtenstein, Suíça, Cingapura, Itália, Coreia do Sul e Espanha.
Em relação ao envelhecimento ativo e saudável, o Brasil está comprometido com a Estratégia e Plano de Ação Global para o Envelhecimento Saudável da OMS. A ação determina que é preciso que o setor de saúde compreenda o envelhecimento ativo e saudável como o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para a melhoria da qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Estamos falando sobre a manutenção da capacidade funcional que contribui muito para o bem-estar das pessoas idosas.
A continuidade do desenvolvimento de políticas transversais e de estratégias de atuação multidisciplinares, flexíveis e de proximidade é um imperativo ético. Estamos falando sobre dinâmicas e sinergias de cooperação entre instituições no âmbito dos diversos programas prioritários, além de vários parceiros empenhados na melhoria dos padrões de saúde, de participação e de segurança.
* Por Carlos Alberto Chiesa, CEO do Hospital Placi