Ultima atualização 25 de julho

Inovação e tecnologia no holofote do mercado de seguros

No primeiro dia do CQCS Insurtech & Innovation, representantes e especialistas do setor abordaram a importância da inovação para o crescimento da indústria
Alessandro Octaviani
Alessandro Octaviani

CQCS Insurtech & Innovation 2023 (EXCLUSIVO) – Começou hoje, 25 de julho, o CQCS Insurtech & Innovation 2023. Realizado em São Paulo, o principal objetivo do evento é reunir lideranças do mercado de seguros, entidades, corretores e especialistas para abordar os principais temas que envolvem inovação e seguros na América Latina. Com o tema “Seguro é sexy”, a quinta edição da feira irá abordar assuntos que podem ajudar desmistificar a maneira que a sociedade enxerga o setor.

Gustavo Doria, CEO do CQCS Insurtech & Innovation, fala sobre as mudanças que ocorreram no evento ao longo dos últimos anos e da importância que ele adquiriu para o mercado brasileiro. Veja o vídeo abaixo:

Na plenária de abertura do evento, o presidente do Grupo Bradesco Seguros, Ivan Gontijo, falou sobre as oportunidades e desafios do mercado. Segundo o executivo, é fundamental que os profissionais do setor discutam o futuro do segmento e da necessidade do investimento em inovação. ”Quando falamos em inovação, não se trata apenas de criar algo novo, mas sim restaurar processos e entender o que é preciso fazer de diferente para oferecer o melhor ao consumidor”.

Gontijo também ressaltou sobre a papel de extrema importância das seguradoras ouvirem o que seus parceiros e segurados têm a falar. ”É preciso ouvir os corretores, que trazem para nós as demandas dos clientes, e adotar as medidas necessárias para atender às suas expectativas. Ao fazer isso, conseguimos ofertar produtos que protejam o consumidor contra todos os riscos ao qual ele está exposto. Esse é o papel do seguro”.

Em seguida, Alessandro Octaviani, superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados) destacou o papel que a entidade vem adotando para promover a transformação no segmento. Segundo Octaviani, a autarquia está realizando uma série de mudanças regulatórias com o objetivo de atrair players inovadores para mercado. ”Nossa indústria é composta por pessoas e feita para pessoas. É nosso dever empurrar o setor a um novo patamar, identificando como o segmento lida com a inovação tecnológica para servir ao consumidor, que é o centro do negócio”.

De acordo com o superintendente, um dos critérios para avaliar se um país é bom para se viver é a sua capacidade econômica, ”É através do desenvolvimento da economia que a qualidade de vida da sociedade melhora, e a inovação tecnológica auxilia neste processo. Como representantes do mercado de seguros, nosso desafio é impulsionar o setor como um dos produtores dessa inovação, adquirindo tecnologias para nos estabilizarmos em uma corrida na qual outros segmentos estão avançando”.

Segundo Octaviani, é dever da Susep avaliar a gestão das reservas financeiras do mercado visando proporcionar o bem-estar do consumidor. ”Só é possível garantir esse bem-estar ao cliente se as empresas do setor estiverem bem gerenciadas. Para isso, o SRO é fundamental na fiscalização de seguros na era do Big Data. Só aqui, já se demanda uma nova relação do mercado de seguros com a inovação tecnológica, alimentando essa demanda de dados para a melhoria do segmento como um todo e criando um novo ambiente de comercialização de produtos, o Open Insurance, que oferece uma nova experiência de compra e venda de seguro”.

Sobre o Sandbox Regulatório, o superintendente acredita que proporcionar uma maior flexibilização no desenvolvimento de produtos é olhar para o futuro de maneira mais assertiva, fazendo com que as novas empresas do setor já nasçam baseadas na inovação tecnológica. ”Aqui temos a chance de tornar a tecnologia mais presente no segmento, realizando uma gestão de risco mais eficaz e melhorando a capacidade disruptiva do mercado para criar soluções que atendam diversas indústrias ao redor do mundo”.

Educação e tecnologia para atrair novos talentos

John Wilson e Laurissa Berk

Para falar sobre a importância da inovação na educação, especialmente em seguros, John Wilson, diretor acadêmico do programa MS Financial Technology da Universidade de Connecticut; e Laurissa Berk, diretora de Serviços para Alunos e Docentes dos programas STEM de graduação da Escola de Negócios da UConn, abordaram quais ações o mercado de seguros podem adotar no recrutamento de colaboradores da indústria.

O foco da apresentação dos acadêmicos foi ”estratégias inovadoras de aquisição de talentos”. Segundo os especialistas, o setor de seguros pode estar conectado à tecnologias, como a Inteligência Artificial e o Machine Learning, e utilizar essas ferramentas de maneira mais assertiva para conquistar estudantes de diversas áreas. ”Colocando essa teoria em prática, a UConn tem parceria com diversas empresas do segmento para proporcionar experiências diferenciadas aos alunos, como a promoção de eventos dentro e fora das corporações, para fazer com que os jovens entendam como funciona o mercado”, disse Laurissa.

De acordo com Wilson, levar os estudantes para congressos e conferências fez com que o programa da UConn alcançasse sucesso. ”Antes do primeiro evento, apenas 15% dos estudantes estavam dispostos a trabalhar no mercado de seguros, e as big techs eram as favoritas deles. Depois dessa iniciativas, esse índice saltou para 60%. Esse panorama mudou porque os alunos puderam vivenciar um pouco da rotina da indústria, fazer networking, observar todos os processos e compartilhar experiências com executivos do setor. Mais do que engajar os jovens, é preciso que as companhias invistam em educação e treinamento contínuo para impulsionarem a inovação no segmento”.

Embedded Insurance e mobilidade

Phil Hobson

Focando no impacto do embedded insurance no ecossistema da mobilidade, Phil Hobson, diretor geral e líder de Afinidades Internacionais na Marsh, participou do primeiro dia do CQCS Insurtech & Innovation. Durante sua apresentação, o executivo abordou como esta modalidade pode ser uma das alternativas para a indústria automotiva proporcionar uma melhor experiência ao cliente.

O seguro embutido oferece a possibilidade das empresas do mercado de seguros se conectarem com outros segmentos, para ofertar proteções dentro da sua jornada de consumo de produtos e serviços. Através do uso de tecnologia, o embedded insurance prevê o acoplamento desse serviço por meio de API’s dentro da jornada do cliente, oferecendo um serviço mais personalizado e ajustado à realidade do consumidor.

”Eu moro em Londres, que é uma das referências globais em sustentabilidade quando o assunto é mobilidade. Lá nós nos preocupamos com o cidadão e as autoridades investem em uma boa infraestrutura logística e transporte público. O povo inglês utiliza carros alugados por um curto período de tempo, o que faz com que as montadoras não consigam engajar por muito tempo o cliente. Com o embedded insurance, as empresas automobilísticas ou até mesmo as que prestam o serviço de aluguel de veículos podem disponibilizar seguros integrados, oferecendo uma proteção personalizada e conveniente ao cliente”.

Estratégias para impulsionar o setor

Dyogo Oliveira

O presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), Dyogo Oliveira, participou do CQCS Insurtech & Innovation 2023 para falar sobre o PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros). O executivo apresentou um panorama econômico brasileiro e como o setor pode ajudar a impulsionar a economia no Brasil, além de proteger a sociedade.

Segundo dados que Oliveira apresentou, a média de crescimento econômico global desde o Plano Real, 29 anos atrás, foi de 3,75% ao ano, enquanto no Brasil esse índice foi de 2,25% (1,5 p.p abaixo da média global). De acordo com o presidente da CNseg, um dos pontos de partida para mudar a realidade econômica do país é transformar o entendimento da população sobre o que é seguro. ”É nosso dever alcançar o consumidor que não tem informação, que pensa que não tem uma capacidade de renda, e mesmo assim não enxerga o seguro como uma solução no planejamento financeiro”.

O objetivo do PDMS é promover o desenvolvimento sustentável do mercado de seguros até 2030, elevando a participação setorial no PIB através do esforço conjunto de diversas entidades, que ao longo de seis meses definiram quatro eixos de trabalho e mapearam 65 iniciativas. ”Um desses eixos é a mudança da imagem do seguro. Para isso, devemos investir na agenda ASG, colocar o consumidor no centro da estratégia, adotar um novo branding e fortalecer instituições de capacitação focadas em seguros. Precisamos melhorar a nossa comunicação, e isso deve ser um esforço geral da nossa indústria, para aproximar o cliente e fazer com que ele entenda como funciona uma apólice”, disse o presidente da CNseg.

Outro tema que o PMDS aborda é o desenvolvimento dos canais de distribuição. Segundo Oliveira, investir em inteligência comercial, aperfeiçoando a base de dados do canal corretor, é fundamental para que o mercado entenda as demandas do novo consumidor. ”Ao qualificar o corretor, que é o agente que promove a cultura do seguro, iremos atingir mais pessoas e desenvolver produtos que atendam as suas necessidades, identificando possíveis riscos e protegendo as pessoas, suas famílias e seus bens”.

Caso as ações e iniciativas do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros sejam executadas, a expectativa é ampliar em 20% a parcela da população atendida pelo setor. ”Queremos alcançar 6,5% do PIB em 2030, ou R$ 731,5 bilhões em números atuais. A mobilização de empresas, entidades representativas e outros atores do mercado em torno do PMDS é fundamental. Além da construção de um mapa de esforço e benefícios, vamos criar um comitê de monitoramento e acompanhamento do mercado. São ações como estas que irão nos ajudar a expandir o segmento não somente em números, mas também na possibilidade de oferecer soluções que protejam as pessoas de maneira efetiva”.

O seguro é sexy?

Matteo Carbone

Na última plenária do primeiro dia do CSCS Insurtech & Innovation 2023, Matteo Carbone, fundador do IoT Insurance Observatory e Embaixador Global da Associação Italiana de Insurtech, falou sobre sobre como o mercado de seguros pode se manter relevante na era da digitalização. O especialista apresentou cases de empresas que estão, através da tecnologia, oferecendo incentivos aos segurados que adotarem hábitos mais saudáveis.

Segundo o especialista, ao oferecer esse tipo de benefício, os clientes se sentem mais motivados ao pagar por uma apólice que ajude a melhorar a sua qualidade de vida. ”Muitas das seguradoras com os melhores desempenhos financeiros estão investindo no paradigma da Internet das Coisas. Com isso, essas empresas ganham a fidelidade do cliente e melhoram a gestão do sinistro, aprimorando a eficiência do negócio e o contato com o segurado”.

De acordo com Carbone, a Internet das Coisas não se trata apenas de personalização e agilidade, mas sim de eficiência. ”O uso do paradigma da IoT traz a oportunidade de alocar negócios, criar valor no processo central do seguro, desenvolver novas oportunidades e melhorar a sustentabilidade da operação”.

Nicole Fraga
Revista Apólice

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
100% Free SEO Tools - Tool Kits PRO