Ultima atualização 14 de abril

Fides Brasil: ASG é a pauta do presente para países da América Latina

A sustentabilidade foi destaque deste painel que reuniu representantes da Argentina, Paraguai e Uruguai para discutir ASG
Gustavo Trias e Antonio Vaccaro
Gustavo Trias e Antonio Vaccaro

EXCLUSIVO – O tema da sustentabilidade, riscos cibernéticos e inovação tem pautado todas as conversas do mercado de seguros. A Oficina Brasil Fides de Inovação em Seguros está sendo realizada em Brasília e é a primeira entrega da região Sul da Fides, representada por Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai e Argentina. Na pauta do primeiro dia do evento, a agenda ASG foi destaque. “Os resultados e as conclusões serão compartilhadas com todos os países membros da Fides”, informou Ana Paula de Almeida Santos, diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da CNseg,

Francisco Astelarra, secretário geral da Fides, disse que este é um “tema que temos que pensar globalmente e agir localmente, com países com autonomia para tratar de temas de equidade de gênero, diversidade e inclusão”.

A presidente da Comissão de Sustentabilidade da CNseg, Fatima Lima, apresentou a integração das questões ASG (ambiental, social e governança) no setor de seguros no Brasil. “Não se fala ASG sem falar do negócio. Temos que estar conectados às tendências mundiais econômicas, políticas e sociais. As questões climáticas vêm impactando cada vez mais o setor de seguros e temos que estar antenados aos prejuízos que estão batendo à nossa porta. Temos que olhar com profundidade e seriedade este tema”, enfatizou a executiva da Mapfre.

Vale lembrar que o mercado ainda não sabe precificar o risco climático, mas está aprendendo com a experiência internacional. A profundidade do risco climático e social é um aprendizado frequente e global.

Gustavo Trias, diretor executivo da AACS _ Associação Argentina de Companhias de Seguros, disse que o tema é até recente, mas que tem influencia direta em nossas vidas. “O tema ASG tem sido trabalhado na Argentina na atividade de seguros. São 180 empresas de seguros, algumas com mil empregados e outras com 20 empregados. Boa parte das empresas não se dispõe a tratar de temas que estejam fora das normas regulatórias”, lamentou. No país há cinco associações de seguradoras. A AACS tem 120 anos de atuação, mas representa apenas 50% do mercado.

Do ponto de vista da dimensão social, muitas empresas procuram falar deste assunto como responsabilidade empresarial. Em 2018 surgiu o Programa de Sustentabilidade Ambiental e Seguros (Prosas), que implementou a digitalização voluntária de todas as apólices de seguros de automóveis. Incluiu o aporte de 1% dos prêmios de seguro a um fundo para plantação de árvores na Argentina. A crise econômica determinou o fim do programa em 2020. É importante ressaltar que os seguros são taxados em 40% na Argentina.

A crise econômica argentina também gera problemas de liquidez para as seguradoras. “Dentro da pauta ligada ao social, o mercado argentino trabalha com o regulador e com o governo para criar a mesa de políticas com perspectivas de gênero e diversidade. Ao contrário do que imaginavam sobre o compartilhamento de informações, houve apoio e interesse para colocar bases de trabalho e promover a inclusão do setor”, comemorou Trias.

“O desenvolvimento dos microsseguros enfrenta problemas por conta da necessidade de criação de legislação específica para fugir da dinâmica dos altos impostos do setor segurador. Se queremos incluir mais pessoas, temos que trabalhar pelo desenvolvimento do setor pela sua importância para a economia e para as reservas nacionais”, finalizou Trias.

Alejandro Veiroj, diretor executivo da Audea – Associação Uruguaia de Empresas de Seguros, participou do evento por videoconferência e ressaltou que as propostas da agenda ASG ainda são incipientes, pois não há nenhuma norma ou regulamentação em seu país. “Há um protocolo de intenções das empresas que atuam no mercado”, ponderou.

A Audea segue três linhas estratégicas: a primeira é a conscientização de atividades, com a criação de mesa técnica sobre seguros sustentáveis e ações estratégicas para o ano de 2023. Ele informou também que há um esforço para integrar o Microinsurance Network, para poder diagnosticar o cenário uruguaio e iniciar novos processos de microsseguros.

A segunda estratégia é a oportunidade de desenvolver o mercado com expectativa de promover o aumento dos seguros de vida. “Nosso país está subdesenvolvido, por isso queremos criar alternativas de acesso da sociedade para melhorar a rede de proteção e diminuir a desigualdade social”.

A terceira estratégia é trabalhar com o regulador para melhorar os investimentos das empresas de seguros e permitir a adesão a produtos verdes, trabalhando em conjunto com o Banco Central.

Os representantes dos três países destacaram a importância de investir na comunicação do setor como forma de ampliar a base de consumidores. Este é um esforço que já está sendo realizado pelo Brasil.

Antonio Vaccaro, presidente da Associação Paraguaya de Companhias de Seguros – APCS, falou sobre os atos normativos que regem o mercado de seguros. “A superintendência de seguros não tem suporte regulatório para os riscos climáticos. O seguro agrícola tem pouco mais de 10 anos e são poucas as empresas que trabalham com isso, mas a área tem grande importância na economia paraguaia. As coberturas são difíceis de serem atendidas. Estamos entrando no assunto do reflorestamento, com empresas de celulose que estão começando a atuar no país e os produtos começam a surgir”.

Kelly Lubiato
Revista Apólice

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