Durante os nove meses de gestação, as futuras mamães ficam com muitas dúvidas quando o assunto é saúde bucal. Muito se fala sobre, por exemplo, riscos de uma gengivite induzir o trabalho de parto de forma prematura. Para esclarecer essas e outras questões, conversamos com a Dra. Maria Cristina Treno Rita*, gerente Operacional e cirurgiã dentista da operadora Inpao Dental.
1- Que problemas bucais podem ocorrer durante a gravidez?
Os problemas mais comuns são a gengivite e cáries em geral, devido ao aumento no consumo de alimentos, especialmente doces e carboidratos, e a dificuldade que a grávida possui em fazer uma higiene adequada devido aos enjoos. Além disso, pode ocorrer uma maior sensibilidade gengival, em decorrência das alterações hormonais que acontecem neste período. Outro risco é que aconteça algum tipo de descalcificação dental devido aos vômitos constantes, o que aumenta a acidez na boca.
2- A saúde bucal pode afetar a gravidez?
A gravidez causa flutuações hormonais e isso aumenta o risco de gengivite e agravamento de doença periodontal preexistente. As bactérias existentes nesse tipo de doença podem cair na circulação sanguínea e se espalharem por todo o corpo. Em consequência, há também um risco considerável de induzir o trabalho de parto precocemente, provocando o nascimento de bebês prematuros e de baixo peso.
Porém, essa doença não é a responsável pela perda de dentes. Quando isso acontece, geralmente está associada à higiene inadequada e hábitos alimentares prejudiciais.
3- O que é recomendado para uma gestante fazer nesse período?
Gestantes podem e devem receber tratamento odontológico, especialmente o preventivo. As consultas periódicas, a profilaxia (limpeza), a aplicação tópica de flúor (se necessário) e orientações de higiene oral e de dieta alimentar são muito importantes. Os tratamentos eletivos (não urgências) devem preferencialmente ser agendados para o segundo trimestre de gravidez.
4- O que a futura mamãe pode esperar de uma consulta com o dentista durante seu período de gravidez?
A gestante pode realizar consultas odontológicas sem problema algum. Neste período, inclusive, é melhor marcar consultas entre o 4º e 6º mês de gestação, porque os três primeiros meses são os mais importantes no desenvolvimento da criança.
Além disso, a posição da cadeira de dentista pode ser algo muito desconfortável nos últimos meses da gestação. Entretanto, se houver necessidade de consultas de urgência devido à incidência de dor, elas podem ser realizadas a qualquer momento, postergando os procedimentos invasivos.
5- Existe algum procedimento que a gestante deve evitar durante a gravidez?
Na maior parte dos casos, devem-se evitar radiografias, anestésicos dentais, medicação contra a dor e antibióticos (especialmente a tetraciclina) durante o primeiro trimestre da gravidez, a não ser que sejam absolutamente imprescindíveis.
6- Como se prevenir de problemas odontológicos durante a gravidez?
É preciso escovar os dentes sempre após as refeições, evitando o acúmulo da placa bacteriana, sobretudo próximo à gengiva. Dessa forma, a utilização diária de fio dental torna-se imprescindível, pelo menos antes de dormir. Também a redução no consumo de doces e o aumento na ingestão de alimentos integrais, verduras e frutas secas é uma medida bastante recomendável.
7- E depois do nascimento, quando se deve levar o bebê ao dentista?
A primeira visita ao odontopediatra deve acontecer o mais rápido possível, pois o cirurgião dentista irá orientar a mãe em questões relacionadas à higiene bucal (inclusive gengival, enquanto não há dentes) e hábitos (tipos de mamadeiras e chupetas, entre outros, além do uso adequado do flúor).
* Dra. Maria Cristina Treno Rita (CRO nº 29817) é cirurgiã dentista desde 1981.
T.C.
Revista Apólice