A consultoria e corretora de seguros Aon realizou uma pesquisa com mais de 600 companhias de todo o mundo em parceria com a Universidade Wharton, da Pensilvânia (EUA), que revelou um elo entre a maturidade na gestão de riscos e o desempenho financeiro das empresas de capital aberto. O que se observou é que, em média, as organizações classificadas no topo da escala apresentaram uma volatilidade até 50% inferior no valor dos papéis em comparação com as classificadas no outro extremo.
Além disso, uma comparação entre os períodos que antecederam e os que sucederam a crise econômica mundial revelou que uma melhor classificação no Índice está associada a maiores retornos sobre o preço das ações em épocas de incerteza e em mercados voláteis.
Entre 2010 e 2011, os mercados em geral tiveram um bom desempenho e quase todas as organizações conseguiram retornos positivos. “Quando o mercado financeiro estava em alta, mesmo as companhias que adotaram práticas de gestão de riscos mais fracas puderam obter resultados comparáveis aos de empresas mais bem estruturadas e desenvolvidas”, diz Alexandre Botelho, diretor da área de Consultoria em Gestão de Riscos da Aon Brasil.
No entanto, quando o desempenho dos mercados piorou, a diferença na maturidade das organizações tornou-se evidente nos resultados financeiros.
Durante o período de 2011 a 2012, com as economias dos países mais voláteis, as organizações com práticas mais sofisticadas tiveram um desempenho significativamente melhor. “Somente as companhias que se classificaram nos dois níveis mais elevados, de 4.5 e 5.0, tiveram um retorno positivo. As organizações com os três níveis mais baixos de classificação fecharam o período com um prejuízo de 17 a 30 por cento”, afirma.
Segundo o executivo, empresas que não são de capital aberto também devem ficar atentas para esses resultados, pois, apesar de não poderem medir o seu desempenho com base no preço das ações, elas operam sob as mesmas expectativas que as companhias listadas na Bolsa. “Esse estudo demonstra o que a Aon já vinha percebendo há alguns anos: que a gestão de riscos não é apenas uma ferramenta para evitar prejuízos, mas, principalmente, um dispositivo para avaliar e aproveitar oportunidades, e agregar valor à operação”, conta.
O levantamento Aon/Universidade Wharton classificou as empresas numa escala de1.0 a5.0 e demonstrou que, atualmente, a média global de organizações de todos os portes e setores está entre 2.5 e 3.0.
O estudo detalhou ainda os principais obstáculos à implementação de práticas de gestão de riscos por região. Os desafios culturais e de capital humano foram os mais citados pelas empresas e pelo menos um deles foi destacado como ponto importante em todas as localidades.
Segundo Botelho, à medida que a gestão de riscos se desenvolve, os fatores culturais se tornam menos críticos e outros desafios, como dificuldades de logística e capital humano passam a ocupar primeiro plano. “No Brasil, o aspecto cultural ainda é o mais citado, mas empresas que já têm estruturas bem definidas veem as restrições jurídicas e regulatórias como desafios mais complexos”, exemplifica.
A.C.
Revista Apólice