A parceria com ONGs, associações comerciais (ou de moradores) e instituições de microcrédito são boas formas de distribuir microsseguros em comunidades, uma vez que é mais difícil para corretores que não conhecem a comunidade entrar em contato com os potenciais consumidores destes locais. No Rio de Janeiro, por exemplo, a dificuldade está em conquistar a confiança dos moradores, resistentes a oportunismos surgidos com a pacificação de diversas comunidades.
Uma parceria que deu certo é da corretora Segna com a ACENAPE (Associação Comercial e Empresarial do Novo Alemão e Penha). Há aproximadamente 2 anos, os sócios Alexandre Papandréa e Silvio Guedes iniciaram um projeto de responsabilidade social junto à comunidade do Complexo do Alemão e Penha – população estimada, hoje, em 650 mil pessoas. A ACENAPE é uma instituição associativa e representativa dos comerciantes, empresários e micro-empreendedores das comunidades que compõem estes dois complexos, sendo reconhecida pela Federação das Associações Comerciais e Empresarias do Rio de Janeiro (FACERJ) e pela Confederação Nacional das Associações Comerciais e Empresarias do Brasil (CACB).
O projeto consiste em oferecer aos associados planos de benefícios em duas modalidades. A primeira inclui seguro de acidentes pessoais com assistência 24h, plano odontológico, consultoria jurídica e contábil (ao custo de R$ 40 mensais) e a segunda dá direito ao mesmo pacote, exceto o plano odontológico (pelo custo de R$ 25 mensais). “Este é só o início de muito outros produtos que serão comercializados através da associação”, comenta o sócio e diretor da Segna, Alexandre Papandréa. Os seguros (acoplados aos outros benefícios) são ofertados pelas seguradoras Mapfre e Zurich e o plano odontológico pela PrimaVida. “O grande trunfo deste projeto se dá na importância da associação comercial para aquela população”, aponta.
De acordo com ele, a grande motivação do projeto foi a percepção de que naquela região existia inúmeras oportunidades e possibilidades para contribuir em uma mudança social, oferecendo seguros com coberturas de acordo com aquela população e de uma forma que todos pudessem ter acesso.
Papandréa conta que o projeto recebe apoio de instituições como o SEBRAE (Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário), além da prefeitura do Rio de Janeiro, Governo Estadual, SETUR (Secretaria de Turismo), dentre outros.
A ACENAPE será o principal canal de distribuição destes seguros, uma vez que, segundo o diretor, a entidade tem obtido reconhecimento bastante expressivo dentro do planejado. A Segna está capacitando novos consultores de seguros para continuar a divulgação da ACENAPE e, consequentemente, a venda massificada dos seguros naquela região.
“O importante é realizarmos uma mudança social, capacitando o máximo de cidadãos possível, mas que por algum motivo não tiveram uma oportunidade até o presente momento”.
Associação com uma ONG que opera microcrédito foi uma estratégia de distribuição semelhante que deu certo para a Mongeral Aegon. A seguradora lançou uma linha de seguros populares (o “Minha Família”) em parceria com a FINSOL, ONG operadora de microcrédito com atuaçãoem todo o Nordeste. Oproduto, disponível desde janeiro, foi desenvolvido para atender famílias de micro-empreendedores que não possuem fácil acesso a linhas de créditoe seguros em400 cidades de quatro estados brasileiros onde a FINSOL está presente: Pernambuco, Maranhão, Piauí e Ceará. Somente no mês de outubro foram vendidos mais de 5 mil planos. A expectativa até o fim de 2012 é atingir o equivalente a 80% da operação mensal de microcrédito, o que representa uma média de 8 mil clientes individuais.
“A estratégia é expandir para toda a região Nordeste e para outros municípios do Brasil”, destaca o superintendente de marketing da Mongeral Aegon, Leonardo Lourenço.
Confira a reportagem completa na edição de novembro (169)
Jamille Niero / Revista Apólice