Ultima atualização 09 de novembro

FenaSaúde aborda desafios e tendências da saúde suplementar

É preciso investir mais em informar a população sobre a importância de prevenir as doenças para economizar em tratamento médico. O mercado de saúde suplementar deve trabalhar mais os aspectos preventivos para manter a população saudável e, como consequência, diminuir os custos com saúde. A reflexão é do economista especializado em políticas de saúde André Médici, um dos palestrantes do I Workshop para Jornalistas promovido pela FenaSaúde na última terça-feira, 08 de novembro, em São Paulo. O evento teve como tema principal “Envelhecimento e longevidade: desafios e tendências para a Saúde Suplementar”.
Conforme Médici explicou em sua palestra “Os sistemas de saúde frente os desafios do envelhecimento”, há cada vez mais idosos no mundo, já que a expectativa de vida aumentou em diversos países. Com isso, há uma transição epidemiológca. Ou seja, há redução das doenças transmissíveis e aumento das doenças crônicas. “No Brasil, 80% dos idosos com mais de 65 anos têm pelo menos um doença crônica”, comentou.
Em 2011, 37 milhões de pessoas vão morrer no mundo em decorrência de doenças crônicas (relativas ao coração, câncer e diabetes), sendo que 20% destas mortes ocorrerão nos países desenvolvidos e 80% nos países em desenvolvimento. Reduzir em 2% a mortalidade por doenças crônicas, por meio de promoção da saúde e prevenção, evitaria a morte prematura de 40 milhões de pessoas entre 2011 e 2020. Daí a importância de investir em programas de prevenção. “É importante gastar mais com promoção e prevenção e responsabilizar financeiramente os indivíduos pela proteção de sua saúde. Saúde é direito e dever de todos, não somente do Estado”, avalia o economista.

Bom exemplo
Ele citou o exemplo da Kaiser, nos Estados Unidos, como um programa de promoção da saúde bem sucedido. Segundo Médici, para um funcionário ser incluído no plano de saúde oferecido pela empresa é preciso avaliar sua saúde. O preço é calculado de acordo com essa avaliação. Se a saúde do indivíduo não estiver satisfatória, são indicadas ações para melhorá-la (como programa de exercícios, dietas etc) e ele é reavaliado periodicamente. Conforme a saúde for melhorando, o preço é recalculado.
Marcio Coriolano, presidente da FenaSaúde, disse que nos Estados Unidos há premiação para quem adere a programas de promoção da saúde. “No Brasil não é possível, já que a legislação brasileira não permite diferenciar o preço do plano por fatores como esse, apenas por idade”. De acordo com ele, o principal problema aqui não é nem o usuário aderir ao programa, mas sim permanecer nele.
Para Marco Antunes, diretor da FenaSaúde, algumas leis criadas fora do âmbito da saúde suplementar acabam auxiliando a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Como exemplos, a lei que proíbe o fumo em ambientes fechados (adotada primeiramente em São Paulo) e a lei que diminui a tolerância do teor alcoólico para os motoristas. “Com essas leis, as pessoas acabam fumando e bebendo menos. No futuro, isso colaborará para diminuir algumas doenças e, consequentemente, gerar uma população idosa mais saudável”, racionou. Ainda segundo Antunes, para cada R$ 1,00 gasto em programas de prevenção e promoção da saúde, R$ 3,00 são economizados no tratamento.

Precificação

Outro assunto abordado durante o workshop foi o custo e a precificação dos planos de saúde. De acordo com José Cechin, diretor executivo da FenaSaúde, em sua palestra “O mercado de saúde suplementar e o envelhecimento”, 80% do valor que as empresas do setor recolhem utilizam para pagar os serviços médicos, como consultas, exames e outros procedimentos. Ele mostrou um exemplo: no primeiro semestre deste ano, a receita do mercado de saúde suplementar foi cerca de R$ 38 bilhões. “Já as despesas chegaram a aproximadamente R$ 30 bilhões”, destacou. Segundo a Pesquisa Unidas, realizada em 2010 com dados referentes a 2009, o custo assistencial varia muito de acordo com a faixa etária. “Em 2010, pessoas com 59 anos ou mais gastam 7,1 vezes mais do que a população na faixa etária de 0 a 18 anos. Em 2040, eles gastarão 7,8 vezes mais”, argumentou. Cechin comentou que o atual modelo de precificação da saúde suplementar (no qual as todas as faixas etárias desembolsam um pouco a mais para compensar as faixas etárias mais avançadas) foi formatado considerando que a população brasileira era formada por 10% de idosos. “Em alguns anos, essa fatia passará para 30% da população, o que não sustentará mais esse modelo”, concluiu.

Foto: Marco Antunes, André Médici, Marcio Coriolano e José Cechin

Jamille Niero
Revista Apólice

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