Como parte do seu novo clausulado, a Ace Seguros reformulou o seguro de Responsabilidade Civil Produtos e Operações Completadas. Na apólice anterior eram elencados os riscos cobertos, enquanto na versão renovada, a seguradora relacionou apenas as exclusões. “Trabalhamos um aspecto de amplitude muito maior na tentativa de se relacionar com o cliente de forma mais abrangente e democrática”, explica Jeferson Bem, superintendente de Responsabilidade Civil Geral da ACE.
Segundo ele, o produto marca a primeira alteração significativa do clausulado de RC da seguradora desde 1966. Ele possibilita fazer apólices taylor made, ou seja, voltadas exclusivamente para determinadas atividades do segurado. Com estrutura all risks, o produto não inclui mais a nomeação dos riscos. “A apólice não dita mais as atividades que o cliente pode desenvolver e traz um diferencial competitivo por conta da ampliação dos conceitos de cobertura”, destaca Bem.
O executivo explica que a partir deste lançamento, a Ace também espera estimular o desenvolvimento dos clausulados em outras seguradoras. “É uma provocação”, brinca ele. Além disso, o produto segue práticas internacionais e os clausulados mais atuais da seguradora no mundo conforme as condições legais brasileiras. De acordo com Bem, o novo clausulado da Ace é muito mais simples, objetivo e transparente. “No contrato já estão inseridas as discussões que teremos no caso de um sinistro”, informa ele.
A apólice também deixa de ser de reembolso e passa para o formato de indenização; não trabalha mais com limites para cada cobertura, que podem ser agregados até três vezes; o dano moral foi equiparado ao pessoal; a cobertura de lucros cessantes foi estendida para perdas financeiras diretas e indiretas, entre outras mudanças. “Quando o nosso cliente como fábrica causa um acidente que afeta o seu vizinho, pode também se estender a outro terceiro e essas despesas indiretas também estão cobertas”, exemplifica o superintendente de RC Geral da ACE.
Sobre a cobertura para empregador dentro do RC Geral, ele afirma que ainda não é possível considerá-la de forma mais ampla que a atual, pois as relações com os clientes, os custos das apólices e as taxas contemplam algumas limitações. “Mas ainda vamos evoluir neste tema”, promete. Segundo Bem, o principal objetivo da repaginação dos produtos de RC é estimular novos clientes a contratarem este seguro. “Queremos ligar as novas relações das apólices às complexas relações de trabalhos dos segurados. Com o formato que temos hoje não estamos inserindo novas responsabilidades ou clientes e essa é a nossa meta”, confirma Bem.
Na opinião do advogado Walter Polido, em muitas seguradoras a margem de erro e risco é muito grande na carteira de RC. Portanto, alguns temas precisam de maior debate, tais como, nanotecnologia, riscos ambientais, bullyng, recall etc. “Temos novos riscos que exigem a revisão dos clausulados atuais”. Ele também critica a timidez das seguradoras quanto à aceitação de riscos. “No Brasil, as companhias que atingem 35% de sinistralidade não querem mais operar. Isso não existe em qualquer mercado sofisticado, onde quando o índice passa de 100% é motivo de comemoração”, finaliza.
Aline Bronzati
Revista Apólice