Ultima atualização 14 de abril

Projeto sobre contratos de seguro é criticado e sofrerá mudanças

O Projeto de Lei 3555/04, do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), que cria uma lei específica para os contratos de seguros privados, é prejudicial às resseguradoras (empresas que assumem parte do risco das seguradoras), segundo o presidente do IRB-Brasil Resseguros, Eduardo Nakao. A declaração foi feita nesta terça-feira, em audiência da comissão especialComissão temporária criada para examinar e dar parecer sobre projetos que envolvam matéria de competência de mais de três comissões de mérito. Em vez de tramitar pelas comissões temáticas, o projeto é analisado apenas pela comissão especial. Se aprovado nessa comissão, segue para o Senado, para o Plenário ou para sanção presidencial, dependendo da tramitação do projeto. que avalia a proposta. O relator da matéria, deputado Jorginho Maluly (DEM-SP), disse que apresentará um substitutivoEspécie de emenda que altera a proposta em seu conjunto, substancial ou formalmente. Recebe esse nome porque substitui o projeto. O substitutivo é apresentado pelo relator e tem preferência na votação, mas pode ser rejeitado em favor do projeto original. ainda neste semestre. “Do jeito que está, o texto não tem condições de ser aprovado. Temos de encontrar um consenso para agregar os interesses de todos os atores envolvidos”, ressaltou.
Nakao criticou o dispositivo do projeto que prevê a aplicação do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) em todos os contratos de seguros privados, desde que fique caracterizada relação de consumo. Segundo ele, essa interpretação só deveria ser seguida nos contratos de pequeno valor e risco. “O código deve defender a parte mais vulnerável. Nos seguros de valor elevado, os segurados são empresas do quilate da Petrobras, Vale e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Não é justo dar a essas grandes corporações, que contam com assessorias técnicas especializadas, a mesma proteção de um consumidor comum”, argumentou.
Para o presidente do IRB, caso a proposta seja aprovada com a redação atual as seguradoras e resseguradoras vão evitar celebrar contratos de alto risco, pois não têm capital suficiente para arcar com as responsabilidades. “Para cumprir a lei, seria necessário aumentar o prêmio pago por todos os segurados, o que prejudicaria o mercado”, disse.
Justiça
Outro ponto questionado por Nakao foi a previsão de que todos os impasses referentes aos contratos de seguros privados sejam resolvidos pela Justiça brasileira. Isso, na avaliação dele, criará uma barreira à participação de empresas estrangeiras no mercado local. “Resseguradoras transnacionais deixarão de investir no País. Litígios internacionais devem ser julgados por cortes arbitrais”, explicou.
Nakao lembrou que até 2007, quando o IRB detinha o monopólio das ações de resseguro e retrocessão (quando uma resseguradora transfere para outra resseguradora parte do risco) no País, a empresa era obrigada a transferir 50% dessas atividades nos contratos de grande risco a resseguradoras estrangeiras. “Não tínhamos ? e continuamos não tendo ? capacidade para arcar com o risco de todos os sinistros nacionais”, destacou.
O IRB-Brasil Resseguros é uma sociedade de economia mista, com controle majoritário da União. Atualmente, ela responde por 78% do mercado nacional de resseguros.
Legislação atual
Ao ser indagado pelo relator do projeto, deputado Jorginho Maluly, se a legislação atual não privilegia as seguradoras em detrimento dos segurados, Nakao justificou a sua resposta negativa com dados sobre o crescimento do mercado de seguros no País. “Se houvesse dificuldade para o segurado, o segmento não teria crescido por volta de 10% no último ano”, sustentou.
Hoje, os contratos de seguros privados são regulados por artigos do Código Civil (Lei 10.406/02) e por atos administrativos da Superintendência dos Seguros Privados (Susep), uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda.
Normas gerais
Apesar das críticas ao texto debatido nesta terça-feira, o presidente do IRB afirmou que não é totalmente contrário à criação de uma lei específica sobre os seguros privados, desde que essa norma fique restrita a diretrizes gerais. “O projeto em análise é detalhista demais”, observou.
A comissão especial realizará uma nova audiência pública para discutir a matéria no próximo dia 27.

Agência Câmara

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock