Nos próximos anos, o setor de seguros deverá trabalhar com cinco requisitos para uma nova jornada: a estabilidade regulatória, a regulação contra cíclica, a redução dos custos de observância, a ampliação dos canais de acesso ao consumidor e o aperfeiçoamento da comunicação com foco na educação em seguros. É o que apontou o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, durante um evento promovido pelo Sindicato das Seguradoras no Rio Grande do Sul, na última quinta-feira (17). Segundo o executivo, para 2016, diante do atual cenário conjuntural do País, a projeção é de que o mercado cresça entre 9% e 10% em relação ao ano passado.
Coriolano destacou que os desafios para os próximos anos têm muito a ver com regulação que pesa sobre o setor, e que conduzirá as propostas de atuação da Confederação para apoiar o mercado diante da atual conjuntura do Brasil. “É um setor estritamente regulado, mas não podemos confundir regulação com aprisionamento. É chegada a hora de o Governo fazer despertar o instinto animal do empreendedor”, disse.
Com relação à estabilidade regulatória, o presidente da CNseg enfatizou que o Brasil está convergindo, efetivamente, para padrões internacionais de solvência e contabilidade. Mas, a seu ver, aproximar-se de regras internacionais agora implica em uma pressão relevante sobre capital e patrimônio exatamente em período de ciclo baixo. “Precisamos mesmo caminhar em ritmo acelerado em nossas empresas com um cenário desses e um mercado solvente que nós temos?”, questionou.
“A decisão das pessoas de poupar, de proteger o seu patrimônio, a sua família, a sua saúde, se faz com certo atraso depois destas conquistas terem sido alcançadas”, explicou Coriolano, salientando que o mercado segurador brasileiro sempre respondeu ao ciclo da economia de forma atrasada. Segundo ele, tanto é verdade que, mesmo em 2012, quando o Brasil apresentou queda do Produto Interno Bruto (PIB) expressiva, o mercado segurador continuou crescendo. “Agora, está acontecendo justamente o contrário. O Brasil conseguiu resistir em 2014, mas, já no final de 2015 se notou um esgotamento dos fundamentos econômicos, nos atingindo duramente.” O executivo lembrou ainda que o mercado segurador evoluiu muito ao longo dos últimos anos, na esteira do ciclo inédito de prosperidade pelo qual passou o País.
A respeito da ampliação dos canais de acesso aos produtos, Coriolano frisou que a legislação e a regulação atual engessam a oferta por meios remotos. Nesse sentido, chamou a atenção para o fato de que, quando se defende meios digitais, não se quer dizer afastar, de forma alguma, o corretor de seguros. “É exatamente nesse momento de fragilidade do consumidor, por ele estar com renda menor e ter que exercer escolha difícil com recursos limitados, que a presença do corretor torna-se cada vez mais importante”. Esclareceu o executivo, completando que, a seu ver, uma sociedade que atingiu um grau de maturidade de desenvolvimento em comunicação não pode mais ficar só se comunicando por papel.
L.S.
Revista Apólice