EXCLUSIVO – O segundo dia do CQCS Inovação 2025 reforçou a vocação do evento como um dos principais fóruns de inovação em seguros. Realizado no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo, o encontro reuniu mais de 3 mil profissionais, executivos e especialistas para discutir o papel da tecnologia e da colaboração na transformação do setor.
Logo na abertura, Gustavo Doria Filho, fundador do CQCS, destacou a importância das assessorias na expansão e democratização do mercado. “As assessorias são fundamentais para multiplicar a força do setor, especialmente para o pequeno e médio corretor. A inovação começa dentro de casa e a tecnologia é um instrumento, não um fim em si mesma”, afirmou.
Em um momento de reflexão, Doria também abordou a necessidade de ampliar a diversidade dentro do ecossistema de seguros. “Tivemos menos de 50 pessoas negras neste evento. Não queremos apenas corrigir o desequilíbrio, queremos empoderar quem está aqui para influenciar outros e transformar o mercado”, disse. Para ele, a diversidade é mais do que um valor, é uma ferramenta de progresso dentro do mercado de seguros.
O fundador anunciou ainda o CQCS Diamante, um reconhecimento aos participantes mais assíduos do evento, que passam a ter acesso vitalício gratuito. “É uma forma de criar senso de pertencimento e fortalecer a comunidade que constrói esse ecossistema todos os anos”, completou.
Cooperação entre continentes e mercados emergentes
Entre os destaques do dia, a palestra de Tunde Salako, CEO do Africa Insurtech Lab, abriu novas perspectivas sobre inovação em mercados emergentes. Em “Tecnologias e Modelos Emergentes em Mercados Emergentes”, o executivo ressaltou os paralelos entre África e América Latina, regiões com desafios semelhantes em inclusão financeira e digitalização.
“Temos histórias entrelaçadas. Compartilhamos DNA, cultura e oportunidades. O que vemos é um momento de aprendizado mútuo”, afirmou. Salako destacou o potencial africano, com mais de 250 insurtechs em operação e crescimento médio de 7% ao ano no setor de seguros, impulsionado por modelos como microseguros e produtos pay-per-use.
Segundo ele, o uso de dados e conectividade vem permitindo novas formas de proteção, adaptadas ao cotidiano das pessoas. “O motorista pode ligar o seguro quando entra no carro e desligar quando estaciona. Isso é tecnologia a serviço da inclusão”, exemplificou.
Para Salako, tanto a África quanto a América Latina têm uma oportunidade única de criar um modelo de seguro próprio — digital, acessível e próximo das realidades locais. “Temos a chance de ser referência global na inovação em seguros”, concluiu.

Outro destaque na programação principal, foram os debates sobre pagamentos inteligentes e humanização da tecnologia. Adrian Davis, líder de Financial Services & Insurance da Adyen, apresentou a palestra “Redefinindo o Setor de Seguros com Pagamentos Mais Inteligentes”, destacando como as novas soluções de pagamento podem simplificar a jornada do cliente. “Pagamentos e seguros podem ser legais. A tecnologia deve trazer transparência e fluidez à experiência”, afirmou.
No painel “Tecnologia a Serviço do Encontro Humano”, Martin Hinz, CEO cofundador da Convista, reforçou que a digitalização não pode apagar o fator humano. “A tecnologia deve aproximar, não afastar. Não podemos substituir empatia por eficiência”, disse, alertando para o risco da hiperconectividade sem propósito.

IA feita no Brasil e o profissional “super-humano”
No painel “IA Made in Brasil com ‘S’” composto somente por lidenraças, Igor Mascarenhas (Pier Seguradora), Daniel Barbosa (Cilia Tecnologia) e Alessio Alionço (Pipefy) discutiram o papel da inteligência artificial na reconstrução do setor. Mascarenhas destacou que a IA deve provocar uma transformação tão profunda quanto a da internet, mas em ritmo ainda mais acelerado. “Estamos diante de uma mudança de mentalidade. A IA não é o futuro, é o agora”, afirmou.
O executivo defendeu que a IA tem potencial para elevar o nível técnico e cultural da sociedade, criando consumidores mais conscientes e exigentes. “Sociedades mais instruídas compram melhor e isso inclui o seguro”, pontuou.
A programação também contou com a palestra de Panos Leledakis, fundador da IFA Academy, que apresentou o tema “Inteligência Artificial Simplificada – Como se Tornar um Consultor Super-Humano”. Leledakis defendeu que o poder da IA está na clareza das instruções humanas e que o segredo é usar a tecnologia como parceira estratégica. “O corretor pode se tornar um profissional super-humano, capaz de entregar experiências personalizadas em minutos. A IA não substitui o humano, ela amplia seu alcance”, explicou, mostrando casos práticos de automação e atendimento inteligente.
Encerrando o dia, o Prêmio Corretor Inovador 2025 reconheceu as corretoras que estão redefinindo o mercado com criatividade e propósito que tiveram a oportunidade de apresentar seus cases durante o evento. O projeto “Tá Seguro Aí?” foi o vencedor, seguido pela Compagno Corretora de Seguros e pela Wiz Conecta. A ENS apoiou a o concurso oferecendo cursos avançados de certificação aos premiados.
Na plenária de encerramento, Gustavo Doria celebrou o amadurecimento do evento. “Nos libertamos da alcunha de insurtech para abraçar a inovação como nosso DNA. Em 2026, o CQCS completa 25 anos e se muda para o Transamérica Expo Center, pronto para receber mais de 4 mil pessoas”.
Pedro London, diretor executivo do CQCS, lembrou que esta foi a maior edição já realizada: “Foram 3 mil participantes, 188 palestrantes e 91 marcas patrocinadoras. É um evento de negócios, conhecimento e conexões reais”. Ana Marmo, head de eventos do CQCS, definiu o encontro como “um ponto de virada”. “Foi o fim de um ciclo e o início de uma nova fase, marcada pela chegada das grandes empresas de tecnologia e pela consolidação do CQCS como o principal hub de inovação em seguros da América Latina”, afirmou.
Nicholas Godoy, de São Paulo




