Ultima atualização 11 de novembro

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CQCS Inovação 2025: maturidade digital e inovação marcam o novo momento do mercado

EXCLUSIVO – O CQCS Inovação 2025 começou nesta terça-feira (11), em São Paulo, com o espírito provocador que caracteriza o evento. “Quem não pegar o seu peixe, nem precisa voltar ano que vem. Estamos falando de inovação e relacionamento”, brincou Gustavo Doria, fundador e CEO do CQCS, ao abrir oficialmente a programação. A provocação resume o novo momento da conferência, que agora abandona o “Insurtech” no nome para assumir uma identidade mais ampla, um encontro de negócios e transformação digital que busca reposicionar o seguro como vetor de desenvolvimento econômico e social.

“Estamos aqui para construir uma sociedade mais bem protegida e um profissional mais preparado”, disse Doria, destacando que o foco da edição é o impacto real da inovação sobre o mercado. Entre as novidades, o anúncio do “Bonde do CQCS”, delegação que representará o setor brasileiro no festival global de inovação SXSW, em Austin (EUA), simbolizando a ambição internacional.

A abertura contou com participação de Ney Dias, diretor presidente da Bradesco Auto/RE, como Keynote Speaker que reforçou a visão de que a tecnologia deve ser aliada e não substituta, da atuação humana. “A tecnologia potencializa o trabalho do corretor. O equilíbrio entre o digital e o humano é essencial para a evolução do mercado”, afirmou. Para ele, a inovação deve refletir qualidade em todos os eixos, combinando previsibilidade e empatia.

Em seguida, Alessandro Octaviani, superintendente da Susep, abordou a transformação do seguro sob a ótica da política pública. Para ele, o setor precisa ser entendido como instrumento de desenvolvimento nacional. “Precisamos organizar politicamente o nosso mercado”, disse.

Octaviani destacou quatro pilares para essa evolução: confiança, reforçada pela nova Lei de Contrato de Seguro (15.040/24); concorrência, ampliada pela Lei Complementar 213/25; resiliência, como capacidade de enfrentar crises e incertezas; e inovação, como vetor transversal de crescimento. “Um mercado no qual o consumidor confia no produto e no vendedor é um mercado destinado ao crescimento”, concluiu.

Investimento e realismo tecnológico

A visão internacional veio de Robert Pick, líder global de tecnologia da Tokio Marine, que trouxe um retrato realista sobre a maturidade digital do setor. Segundo ele, o mercado de seguros investiu mais de US$ 4 trilhões em tecnologia nos últimos 20 anos com US$ 80 bilhões destinados à América Latina, boa parte no Brasil.

Pick ressaltou que o avanço das insurtechs, hoje mais de 500 na América Latina e 200 no Brasil, comprova a força da inovação, mas alertou para o risco da “supermodernização”. “Nem toda tecnologia antiga precisa ser descartada. O essencial é que os sistemas sejam integráveis, adequados e sustentáveis”, afirmou.

O executivo fez um paralelo entre o ciclo da automação robótica de processos (RPA) e o momento atual da inteligência artificial generativa, lembrando que 70% dos projetos de transformação digital ainda falham por falta de foco. “Modernizar não é adotar tudo que é novo, mas entender o que faz sentido de negócio”, observou.

No painel “A defining moment for the future of insurance”, Jing Liao, presidente da Fundação Solera e diretora administrativa da Solera Corp junto de Ian Thompson, consultor sênior e fundador da IMT Advisory, apontaram o desafio ético e regulatório da IA no setor. Liao alertou para o uso indevido de dados e a ausência de governança efetiva: “Não basta usar IA é preciso fazer IA ética”.

Thompson, por sua vez, enfatizou que o futuro do seguro na América Latina será definido pela inclusão digital e sustentabilidade. Com mais de 50% da população composta por gerações Y e Z, ele defendeu que o mercado precisa de produtos totalmente conectados e voltados à prevenção. “A confiança será construída a partir de dados, ética e experiência”, afirmou.

A revolução prática da IA

Encerrando o primeiro dia, Terry Buechner, Principal Insurance Specialist e Insurance Core Systems na Amazon Web Services (AWS), apresentou uma visão pragmática da revolução da IA generativa. Ele lembrou que a Amazon aplica IA em larga escala há mais de 25 anos e que o desafio do seguro é transformar dados em insights acionáveis.

“O mercado é rico em dados, mas pobre em insights”, disse Buechner, citando casos em que seguradoras aumentaram a eficiência e melhoraram a experiência do cliente com o uso de IA. O executivo reforçou que o sucesso depende menos da tecnologia e mais da clareza do problema a ser resolvido. “Comece com um problema real e trabalhe de trás para frente”, aconselhou.

Buechner também comentou sobre o potencial econômico dessa revolução: US$ 7 trilhões em crescimento global na próxima década, segundo o Goldman Sachs. Mas deixou um alerta: “O processo é incremental, mas inevitável. Quem não começar agora, vai ficar para trás”.

Nicholas Godoy, de São Paulo.

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