A ascensão da Gig Economy, que dá nome a um sistema caracterizado por contratos de curto prazo e temporários, como, por exemplo, de motoristas de app, entregadores, freelancers e profissionais independentes, está transformando o mercado de trabalho e desafiando as bases tradicionais da indústria de seguros. Esses trabalhadores vivem da sua produtividade diária, o que torna qualquer imprevisto, como um acidente, roubo, ou uma interrupção, um risco de sobrevivência econômica.
Em 2024, esse modelo já representava cerca de 12,5% da força de trabalho global, com mais de 435 milhões de trabalhadores atuando de forma autônoma no mundo, segundo estimativas internacionais.
A resposta do mercado segurador tem sido robusta. O segmento de seguros voltado à Gig Economy movimentava US$ 456 bilhões em 2023 e deve chegar a US$ 1,5 trilhão até 2032. Modelos de cobertura flexível, como pay-per-use e microsseguros por hora, ganham força ao oferecer proteção por períodos intermitentes, adaptados à jornada variável do trabalhador. No entanto, o verdadeiro gargalo ainda está na gestão de sinistros, onde experiência do cliente, confiabilidade das decisões e velocidade no atendimento fazem toda a diferença.
Na prática, a regulação de sinistros para esse público exige processos enxutos, decisões rápidas e uma comunicação clara. Falhas nesses pontos não geram apenas insatisfação: geram exposição na mídia, judicialização e desgaste para toda a cadeia.
É nesse contexto que a atuação de consultorias especializadas, como a CD Consulting, torna-se essencial. Ao combinar inteligência de dados, mapeamento de jornadas e estratégias de mitigação, é possível oferecer uma gestão de sinistros eficiente e empática, que compreende o impacto humano de cada caso e, ao mesmo tempo, protege o equilíbrio técnico das carteiras.
Um estudo recente aponta que motoristas de aplicativo apresentam taxa de acidentes mais que o dobro da média populacional. Nesse cenário, não basta indenizar, é preciso comunicar com transparência, acolher com agilidade e preservar a confiança de ponta a ponta na cadeia de valor.
O futuro do seguro na Gig Economy não depende apenas da inovação nos produtos, mas da maturidade dos processos de sinistros. E esse é um caminho que deve ser trilhado com estratégia, tecnologia e, sobretudo, sensibilidade.
Frederico Geraldo, CEO da CD Consulting.
*Artigo originalmente publicada na Revista Apólice #311.