O mercado brasileiro de seguros de vida vem passando por uma mudança no perfil dos contratantes, marcada pelo crescimento de apólices com capitais segurados mais elevados. O movimento reflete um consumidor mais atento à proteção patrimonial e ao planejamento sucessório, ao mesmo tempo em que impõe novos desafios técnicos às companhias do setor, especialmente no campo da subscrição e do resseguro.
Na Austral Resseguradora, a tendência teve impacto direto na carteira de vida, que registrou crescimento de 70% até setembro de 2025, passando a representar 12% da receita total da companhia. No período, o faturamento da empresa alcançou R$ 2 bilhões, resultado associado à estratégia de diversificação de portfólio e ao foco em linhas com potencial de crescimento sustentável.
O aumento da demanda por seguros de maior valor é observado principalmente entre famílias de alta renda, além de artistas, esportistas e empresários, que passaram a incorporar o seguro de vida como instrumento de planejamento patrimonial. Nessas estruturas, a apólice funciona como mecanismo de proteção financeira em casos de morte ou invalidez, permitindo a continuidade de compromissos sem a necessidade de inventário.
De acordo com Alessandra Monteiro, diretora de Subscrição de Vida e Saúde da Austral Re, o movimento reflete um amadurecimento do mercado e a evolução dos processos técnicos. “Estamos vivendo um momento em que a nossa indústria precisa equilibrar agilidade, sem abrir mão da análise técnica. O ressegurador tem um papel importante nesse processo, ajudando a ajustar critérios e calibrar modelos. A meta é simplificar sem perder qualidade”, afirma.
Esse novo perfil de cliente tem acelerado o desenvolvimento de modelos de subscrição mais sofisticados, apoiados por dados, automação e ferramentas de inteligência artificial. Essas tecnologias permitem maior precisão na avaliação de riscos, aprimoram a precificação e ampliam a previsibilidade das decisões de aceitação.
“A análise de risco está mais integrada, considerando variáveis de saúde, comportamento e estilo de vida. A tecnologia é uma aliada, mas o desafio é usá-la sem perder o olhar técnico e humano sobre cada caso. Por isso, a curadoria de um especialista ainda é essencial”, explica Alessandra.
Além do público de alta renda, a executiva destaca o avanço das apólices ligadas ao crédito, como os seguros prestamistas, que garantem o pagamento de financiamentos em caso de falecimento. “Há um crescimento importante também nas apólices ligadas a crédito (seguro prestamista), tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Esse tipo de cobertura tem ganhado espaço com o aumento do acesso a financiamentos e a busca por garantias adicionais por parte das instituições financeiras”, observa.
Outro movimento relevante é a ampliação das chamadas coberturas em vida, que permitem ao segurado utilizar os benefícios em situações como diagnóstico de doenças graves ou necessidade de cirurgias. “O seguro de Vida deixa de ter apenas o foco na proteção pós-morte e passa a ser visto como um instrumento de planejamento pessoal e de saúde financeira. É uma tendência que acompanha mudanças de comportamento e amplia o papel social do Seguro”, analisa.
Além do crescimento no segmento de Vida, a Austral tem atuado de forma próxima às seguradoras parceiras no desenvolvimento de modelos de subscrição mais eficientes e personalizados, com foco na simplificação de processos e maior aderência aos perfis de risco. A companhia também investe em soluções analíticas e na capacitação técnica das equipes, com o objetivo de elevar o padrão de qualidade e governança na avaliação de riscos.
“Nosso papel como ressegurador é apoiar as seguradoras na construção de produtos mais adequados à realidade dos novos clientes, com processos mais rápidos e decisões fundamentadas em dados. É assim que conseguimos contribuir para um crescimento sustentável do mercado e fortalecer a cultura de proteção financeira no país”, complementa Alessandra.




