EXCLUSIVO – Nos últimos anos, o corretor de seguros tem enfrentado um dilema sobre como vender mais sem se perder na rotina administrativa. Processos de sinistro, renovações, cobranças, emissão de apólices e atendimento tomam o tempo que poderia ser dedicado ao relacionamento com o cliente, explorar outras carteiras e prospecção de novos negócios. Foi diante desse gargalo que nasceu a “BMS Conecta – Gestão e Apoio a Corretores”, iniciativa tecnológica criada pela BMS do Brasil Corretora de Seguros.
Além da corretagem tradicional, a empresa que já atua à nove anos no mercado, passou a oferecer serviços de apoio e gestão operacional para corretores parceiros, com foco em eficiência e estrutura. A BMS Conecta é uma solução que surgiu a partir desse movimento, consolidando a corretora como uma espécie de hub operacional que permite ao corretor dedicar 100% do tempo às vendas, enquanto a BMS assume toda a retaguarda técnica, administrativa e de atendimento.
“Eu comecei a perceber que a maioria dos corretores não tinha problema em vender, o problema estava na operação. Eles passavam o dia resolvendo sinistros, controlando boletos e vistoria, sem tempo para pensar estrategicamente”, explica Rodrigo Bidoia, diretor e idealizador do BMS Conecta, solução que se tornou um modelo de negócios. “Decidi criar uma estrutura em que o corretor mantivesse a titularidade da carteira e o relacionamento com o cliente, mas contasse com o suporte da BMS para toda a gestão do negócio”.
Inicialmente, o projeto seria lançado como uma franquia, mas o executivo compartilha que ele junto com o restante da equipe optaram por um formato diferente, que prioriza parceria e autonomia. “Algumas franquias vendem o acesso à operação, mas não garantem o suporte necessário. Eu só quis lançar algo quando tivesse 100% de segurança de que o parceiro estaria bem treinado e amparado”, comenta. “A BMS Conecta não vende acesso: ela entrega estrutura”, conta.
A solução já está em fase piloto há cerca de um ano e tem apresentado resultados expressivos. Rodrigo conta que, em média, os corretores participantes registraram crescimento de 40% a 80% na produção nesse período de parceria. “Um dos nossos corretores parceiros já percebeu o potencial de faturamento no primeiro mês e, ao longo do ano, praticamente dobrou seus resultados, consolidando um crescimento notável. Ele parou de gastar tempo com tarefas operacionais e passou a focar em prospectar e visitar seus clientes”, afirma.
Na prática, o corretor parceiro utiliza o CNPJ da BMS Conecta para as negociações, o que amplia a força comercial e o relacionamento junto às seguradoras. Rodrigo conta que o modelo exige uma avaliação rigorosa de perfil, uma espécie de due diligence, para evitar riscos de fraude e garantir o alinhamento ético. “Nós entrevistamos cada candidato, analisamos sua operação e até consultamos os gerentes das seguradoras com as quais ele já trabalha. É um processo criterioso, porque somos responsáveis pelas tratativas com as companhias”, explica.
A plataforma usa um sistema de gestão centralizado que integra informações de 48 seguradoras em um único ambiente. O corretor acessa relatórios de produção, renovações e comissões, acompanhando o status de cada proposta, sem precisar gerenciar múltiplos portais. “Ele entra no sistema, transmite a proposta e acompanha o andamento até a emissão da apólice, enquanto a gente cuida de todo esse processo. Nosso papel é cuidar com carinho dessas etapas, porque sem apólice não há venda, comissão ou proteção para o cliente”, resume Bidoia.
O projeto surgiu, em grande parte, das dores compartilhadas por corretores experientes que buscavam crescimento, mas estavam sobrecarregados. “Uma corretora me procurou dizendo que não conseguia tirar férias, nem controlar a operação. Quando ela entrou na Conecta, cresceu 80% em um ano”, conta. Segundo Bidoia, o segredo está em setorizar processos e liberar o corretor para o que realmente gera resultado. “Quando o corretor deixa de operar sozinho, ele abre espaço para pensar grande. O mercado tem oportunidades de negócios em carteira que chegam de R$ 50 a R$ 300 milhões e observamos que muitos não aproveitam por falta de tempo ou estrutura”.
A Conecta também oferece apoio consultivo em operações complexas, como seguros de equipamentos agrícolas, grandes frotas e riscos industriais. “Às vezes, o corretor recebe uma demanda de um cliente e não sabe por onde começar. Nós mostramos quais seguradoras são mais adequadas, quais exigências técnicas existem e como estruturar a proposta. É um suporte comercial indireto, mas que amplia o repertório e a confiança do parceiro”, explica.
Outro ponto de destaque é a adaptação às mudanças trazidas pela Nova Lei de Contrato de Seguros (LEI Nº 15.040), que deve reforçar a responsabilidade dos corretores na comunicação de sinistros e na transparência com o segurado. A BMS Conecta já estrutura processos para atender às novas exigências. “A nova lei vem para fortalecer o segurado, isso é positivo. Mas muitos corretores ainda não estão preparados para essa transformação. Nós já atuamos com comitês de sinistros e acompanhamos caso a caso, garantindo conformidade e qualidade na entrega”, destaca o diretor.
Mais do que uma operação de apoio, Bidoia vê o projeto como um movimento de transformação cultural. “O corretor precisa parar de ter medo de crescer. Muitos têm receio de perder a carteira, mas aqui ele tem um contrato que garante 100% da titularidade. O medo é o que impede o corretor de escalar. O objetivo da Conecta é libertá-lo disso”, afirma.
A BMS pretende expandir a operação nacionalmente a partir de 2026, com meta de alcançar 40 parceiros ativos e investir em um sistema próprio de gestão, desenvolvido internamente. O investimento inicial gira em torno de R$ 600 mil, considerando estrutura física, tecnologia e equipe. “É um investimento em pessoas e processos. Aqui, até o operacional vende. Todos participam do resultado, porque acreditamos em meritocracia”, diz Bidoia.
O executivo também antecipa um novo projeto, o BMS Sucessão Segura, voltado para corretores em fim de carreira e que não tem um planos ou alguém que possa assumir os negócios. “Muitos não têm sucessores ou não sabem o que fazer com a carteira. Queremos oferecer suporte para que possam se aposentar com tranquilidade, mantendo a carteira ativa e bem gerida”.
Para Bidoia, a BMS Conecta representa um passo importante rumo à profissionalização da corretagem e à valorização do corretor como consultor de negócios. “O corretor precisa voltar a ser vendedor, não operador de sistema. Com mais tempo para o cliente, ele pode fazer uma venda consultiva, apresentar soluções e fortalecer a cultura do seguro no Brasil. Esse é o verdadeiro ganho de escala”.
Por fim, ele ressalta que em um mercado que busca crescer de 5% para 10% do PIB até 2030, segundo projeções da CNseg, a proposta da BMS Conecta dialoga diretamente com as novas demandas de produtividade, especialização e digitalização. “A tecnologia é uma aliada, mas sem gestão e colaboração não há transformação. E essa solução se resume à isso: estrutura, inteligência e liberdade para o corretor voltar a fazer o que ele faz de melhor, vender”.
Nicholas Godoy, de São Paulo




