Ultima atualização 13 de agosto

NB-IoT promete transformar gestão de riscos em seguros

EXCLUSIVO – O avanço da Internet das Coisas (IoT) vem criando novas possibilidades para o setor de seguros, especialmente no rastreamento cada vez mais expansivas e precisas. Tecnologias de conectividade de baixo consumo e longo alcance, como o NarrowBand IoT (NB-IoT), permitem monitorar ativos em tempo real, ampliar a eficiência operacional e reduzir o impacto de sinistros. Nesse cenário, uma nova parceria entre a TIM e a BWS IoT busca aplicar esse conceito em larga escala no Brasil, com foco em setores como transporte de cargas, seguro automotivo e seguro rural.

“Estamos muito felizes em unir forças com a BWS IoT para ampliar o uso de soluções que geram mais controle, assertividade e valor para os clientes. Já somos referência na conectividade de estradas e essa parceria vem fortalecer o posicionamento da TIM como protagonista no avanço da Internet das Coisas no país”, afirma Leonardo Belotti, diretor comercial IoT & 5G da TIM Brasil.

O NB-IoT é uma tecnologia de banda estreita voltada para aplicações de Internet das Coisas, capaz de oferecer maior alcance — chegando a até 30 quilômetros —, consumo de energia até dez vezes menor do que rastreadores convencionais e custo de dados reduzido. Com cobertura já presente em mais de 5.100 cidades brasileiras, segundo a TIM, a rede foi projetada para manter a comunicação de dispositivos mesmo em áreas remotas, rurais ou com infraestrutura limitada.

No segmento de transporte, o potencial de impacto é imediato. Empresas de transporte rodoviário e frotistas enfrentam desafios relacionados a roubos e furtos de veículos e cargas. Os novos dispositivos NB-IoT apresentam maior resistência a bloqueadores de sinal (jammers), usados em ações criminosas. “Essa união promete impulsionar setores estratégicos e liderar uma nova fase do mercado de Internet das Coisas no país, que tem imenso potencial de crescimento”, destaca Oswaldo Conti-Bosso, presidente da BWS IoT. “Com soluções disruptivas no padrão global e a conectividade de alta qualidade da TIM, conseguimos oferecer mais performance, menor custo e flexibilidade em soluções personalizadas.”

Outro diferencial para esse público é a redundância de conectividade: a BWS conta que desenvolveu um modem híbrido que combina NB-IoT com LoRa, outra tecnologia de longo alcance e baixo consumo. Essa abordagem garante comunicação alternativa caso uma das redes esteja indisponível, um recurso útil para trajetos que cruzam áreas com pouca cobertura de rede celular.

Para empresas com frotas numerosas, o custo mensal de conectividade também tende a cair. O consumo de dados do NB-IoT é cerca de dez vezes menor, o que possibilita planos mais baratos. Um operador com 100 mil veículos, por exemplo, pode reduzir o gasto mensal com conectividade praticamente pela metade.

Para seguradoras, as vantagens vão além da recuperação de bens. A transmissão contínua de dados abre espaço para a adoção de modelos de precificação mais precisos, baseados no uso real e nas condições de operação do bem segurado.“O NB-IoT é mais resistente a interferências, tem alcance maior e consumo reduzido. Isso traz para as seguradoras uma capacidade inédita de monitorar e prevenir sinistros de forma proativa”, reforça Leonardo Belotti.

Os testes iniciais da solução já estão em andamento com seguradoras interessadas. Embora os nomes não tenham sido divulgados, a expectativa é que, com o ganho de eficiência operacional e a redução de custos, o produto se torne mais atraente também para o seguro de pequeno e médio porte, ampliando a penetração de apólices.

O agronegócio foi a primeira vertical de IoT da TIM, e a parceria com a BWS IoT pode ampliar o alcance dessa atuação. Hoje, a operadora oferece conectividade para mais de 23 milhões de hectares, permitindo a automação de processos e o monitoramento de ativos agrícolas.

Um exemplo citado é a solução “Smart Bio Pragas”, que combina conectividade, sensores e inteligência artificial para prever infestações com até 30 dias de antecedência. “queremos levar uma proteção que se vai da ‘porteira ao porto’ através de um monitoramento e conectividade precisa”, detalha o executo da TIM.

“Essa capacidade de previsão é estratégica para o seguro rural. Se o produtor consegue agir antes que o problema aconteça, reduz o risco e, consequentemente, o custo da apólice”, complementa Valter Chagas Junior, VP Tech da BWS IoT.

A tecnologia também se aplica ao rastreamento de máquinas e implementos agrícolas, que muitas vezes operam em áreas distantes de centros urbanos. Ao garantir comunicação estável, mesmo em locais com pouca infraestrutura, o NB-IoT viabiliza monitoramento contínuo e recuperação mais ágil em caso de roubo, sinistro ou falha operacional.

Os próximos passos da parceria incluem a expansão da cobertura por meio de conectividade via satélite de baixa órbita (NTN). A BWS IoT já realiza uma POC com a empresa Sateliot e mantém negociações em andamento com outras companhias, como Starlink e Amazon, segundo executivos da empresa. “A conectividade via satélite é o próximo salto para levar a IoT a qualquer lugar, independentemente da rede celular. Isso vai abrir novas frentes de atuação no campo e no transporte”, afirma Flávio Fernandes, VP Engenharia da BWS IoT.

Há também planos para ampliar a produção dos dispositivos, hoje concentrada na China e finalizada no Brasil, para uma base fabril na Zona Franca de Manaus. Além disso, a BWS IoT pretende levar a tecnologia para mercados da Europa e América do Norte, adaptando-a a diferentes legislações e necessidades operacionais.

O Brasil apresenta uma relação de um dispositivo IoT para cada cinco celulares, enquanto países como a China têm seis dispositivos IoT para cada celular. “Temos um oceano azul pela frente no mercado brasileiro. Setores como seguros, logística e agro estão só no início do processo de transformação digital com IoT”, conclui Oswaldo.

Ao unir conectividade robusta, eficiência energética e capacidade de análise de dados, a parceria TIM–BWS IoT coloca no radar do setor segurador uma nova geração de soluções para prevenção, mitigação e recuperação de sinistros. Se as projeções de implantação se confirmarem, o impacto poderá ir além da redução de custos, influenciando diretamente a forma como riscos são avaliados e como o seguro se adapta a uma economia cada vez mais conectada.

Nicholas Godoy, de São Paulo

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