Ultima atualização 12 de junho

Riscos estruturais desafiam o setor de seguros, aponta estudo da Swiss Re

Estudo aponta desastres naturais em todo o mundo resultaram em perdas econômicas superiores a US$ 117 bilhões no primeiro semestre deste ano,
Estudo aponta desastres naturais em todo o mundo resultaram em perdas econômicas superiores a US$ 117 bilhões no primeiro semestre deste ano,

EXCLUSIVO – A Swiss Re divulgou recentemente a edição 2025 do relatório SONAR – New Emerging Risk Insights, e o conteúdo chama a atenção para cinco riscos estruturais que já estão moldando o presente e o futuro do mercado de seguros. O documento oferece um panorama relevante para seguradoras, resseguradoras e demais players que precisam se antecipar a tendências de grande impacto no ambiente de negócios.

Entre os destaques do estudo estão a queda da confiança dos consumidores nas instituições (inclusive nas seguradoras), os efeitos do envelhecimento populacional, a inflação social que afeta diretamente os sinistros, além de questões ligadas à mortalidade excessiva pós-pandemia e aos riscos decorrentes da digitalização.

Segundo o estudo, 61% dos entrevistados relatam algum nível de ressentimento contra empresas e governos, e 40% apoiam até formas hostis de ativismo. No setor de seguros, essa desconfiança tem impacto direto: mais de 80% dos clientes corporativos apontam a confiança como fator determinante na hora de contratar proteção.

O problema é que apenas 50% dos consumidores europeus acreditam que as seguradoras honrariam os pagamentos de sinistros decorrentes de catástrofes naturais. Isso representa um risco reputacional considerável e exige uma resposta estratégica das companhias, com maior foco em transparência, clareza de contratos e proximidade com o segurado.

Inflação social pressiona a responsabilidade civil

A inflação social — definida como o aumento dos custos de sinistros além da inflação econômica tradicional — já responde por 57% do crescimento nas indenizações de responsabilidade civil nos Estados Unidos na última década. Os chamados “veredictos nucleares”, com valores superiores a US$ 10 milhões, quadruplicaram desde 2020.

Esse fenômeno tem se espalhado por outras regiões, especialmente na Europa, onde o avanço de ações coletivas e o financiamento de litígios por terceiros (TPLF) têm alterado o cenário legal. O setor precisa ficar atento ao impacto nas reservas, na precificação de apólices e nos limites de cobertura ofertados.

Mortalidade e longevidade: extremos que desafiam o setor de vida e saúde

O relatório aponta que os efeitos da pandemia ainda repercutem na mortalidade em diversos países. Nos EUA, por exemplo, espera-se que a mortalidade excessiva persista até pelo menos 2027. Já na zona do euro, o índice era de 3% ao final de 2024. Esse cenário traz incertezas na modelagem atuarial de seguros de vida e saúde.

Ao mesmo tempo, o envelhecimento populacional avança. A estimativa é de que pessoas acima de 65 anos passem a concentrar até metade dos gastos com saúde até 2050. Isso representa uma grande oportunidade de expansão de produtos voltados à longevidade, mas também impõe desafios de precificação e sustentabilidade aos planos e carteiras já existentes.

Acelerando riscos digitais

O avanço da inteligência artificial e da digitalização trouxe benefícios, mas também novos riscos. A frequência de incidentes envolvendo IA subiu 60% entre 2023 e 2024. Cresce o número de ações judiciais por violação de direitos autorais e difamação, inclusive ligadas a modelos de linguagem como o ChatGPT.

Além disso, a proliferação de deepfakes e fraudes digitais levanta questões importantes para a cobertura de responsabilidade civil, seguros contra crimes cibernéticos e proteção de dados. As seguradoras precisam desenvolver novos produtos com coberturas específicas e claras, além de revisar cláusulas tradicionais para não deixarem brechas diante desse novo cenário.

O estudo SONAR 2025 reforça que os riscos estruturais não são mais eventos futuros: eles já estão em curso e impactando diretamente o mercado de seguros. Cabe às companhias adotar uma postura proativa, com visão estratégica e foco em inovação, para transformar riscos em oportunidades e manter a relevância no mercado.

Kelly Lubiato

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