No início deste mês, um incidente ganhou destaque em Casca, no norte do Rio Grande do Sul. Um pneu de trator estourou e, desgovernado, atingiu um carro estacionado em uma rua do município, danificando o capô, os para-lamas e os arcos de roda do veículo. Apesar do susto, não houve feridos, e o ocorrido foi registrado por câmeras de segurança, o que ajudou a esclarecer a dinâmica do acidente.
De acordo com Leandro Vasco, diretor do Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste (Sindsegnne), a cobertura para situações como a ocorrida em Casca geralmente está garantida para quem possui um seguro automotivo do tipo compreensivo. “O seguro compreensivo é o mais completo disponível no mercado. Além de proteger contra roubo e furto, cobre acidentes causados por terceiros, como o caso da roda de trator desgovernada”, explicou.
Para os proprietários que optaram por apólices mais simples, como seguros que cobrem apenas roubo e furto, a situação é diferente. Nessas modalidades, os custos de reparo de colisões ou danos causados por terceiros não são cobertos, deixando os proprietários mais vulneráveis a incidentes inesperados.
Análise do sinistro
Quando ocorre um sinistro como o de Casca, a seguradora realiza uma análise criteriosa para determinar se o dano está coberto. O primeiro passo é verificar a apólice contratada e confirmar se o incidente está contemplado. Em apólices compreensivas, que incluem colisões e danos de terceiros, o reparo do veículo costuma ser garantido.
Após essa verificação, as circunstâncias do acidente são examinadas com base no nexo causal — ou seja, a relação direta entre o estouro do pneu e os danos causados no carro. Documentos como boletins de ocorrência e registros visuais, como fotos e vídeos, são essenciais para confirmar a versão dos fatos. No caso de Casca, o vídeo das câmeras de segurança foi determinante para tornar o processo de análise mais ágil e claro.
Além das imagens e documentos, o segurado deve fornecer informações detalhadas sobre o acidente, incluindo dados do veículo envolvido, detalhes sobre o trator e o operador, se possível. A seguradora também realiza uma vistoria técnica no local, onde um perito avalia os danos e verifica se eles são compatíveis com o relato do acidente.
Uma vez concluída essa análise, a seguradora procede à regulação do sinistro. Isso envolve a confirmação da cobertura, o cálculo da indenização e a dedução de eventuais franquias previstas na apólice.
O processo de ressarcimento
Identificar o responsável pelo acidente não é obrigatório para que a indenização ocorra, mas é recomendável. Vasco destaca que a identificação facilita o processo em que a seguradora do veículo busca o ressarcimento dos prejuízos junto à seguradora do responsável pelo acidente.
“No caso do incidente com o trator, o vídeo facilitou a explicação dos fatos, mas a seguradora orienta que, sempre que possível, se obtenham dados do responsável e testemunhas, o que pode isentar o segurado do pagamento da franquia”, detalha.
Ele acrescenta ainda que casos como o de Casca servem de exemplo para corretores conscientizarem seus clientes sobre a importância de coberturas amplas.
“Esses incidentes reforçam a necessidade de uma proteção abrangente, que inclui danos de terceiros, quedas de objetos e até desastres naturais”, aponta Vasco.
Para ele, embora o seguro compreensivo tenha um custo mais elevado, ele evita despesas inesperadas e oferece maior tranquilidade, especialmente para quem estaciona o carro em vias públicas.
Vasco acrescenta ainda que o momento ideal para sugerir coberturas mais amplas é durante a renovação da apólice. Isso demonstra ao cliente que o corretor está atento às suas necessidades e preocupado com sua proteção financeira em situações imprevisíveis. “Uma apólice bem planejada é essencial para minimizar prejuízos e garantir que o segurado esteja coberto nos momentos mais críticos”, conclui.