Ultima atualização 30 de setembro

O papel da educação financeira nos seguros

Fernando Ariosto, sócio do ACG Advogados, escritório especializado em direito securitário
Fernando Ariosto, sócio do ACG Advogados, escritório especializado em direito securitário

Fernando Ariosto, sócio do ACG Advogados, escritório especializado em direito securitário

A educação financeira tem ganhado destaque no Brasil nos últimos anos, impulsionada pela crescente complexidade do cenário econômico e a necessidade de maior planejamento e controle sobre as finanças pessoais. Contudo, um aspecto crucial que ainda precisa de maior conscientização é o entendimento sobre seguros e seus benefícios.

A educação financeira abrange o entendimento de conceitos como orçamento, investimentos, crédito e dívidas, além de estratégias para acumular e preservar bens. No Brasil, a falta de conhecimento sobre esses temas pode levar a decisões financeiras ruins, como o endividamento excessivo e a falta de planejamento para imprevistos.

Em 2023, uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelou que mais de 60% dos brasileiros não possuem controle efetivo sobre seu orçamento mensal. Além disso, a taxa de inadimplência no país alcançou 29,5% em junho de 2024, o que reforça a necessidade urgente de iniciativas de educação financeira.

Quando se fala em planejamento financeiro, os seguros são uma ferramenta fundamental para garantir a proteção do patrimônio e a tranquilidade da família em momentos de crise. Entretanto, a falta de conhecimento sobre os diferentes tipos de seguro disponíveis, como de vida, saúde, automóvel e residencial, impede que grande parte da população usufrua dos benefícios dessa proteção.

Um estudo da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) apontou que apenas 30% dos brasileiros possuem algum tipo de seguro, sendo que a maioria dos contratos está concentrada em automóveis. Seguros de vida, por exemplo, que poderiam oferecer uma rede de segurança financeira em casos de falecimento ou invalidez, ainda são pouco utilizados.

A falta de conscientização sobre o funcionamento e a importância dos seguros pode gerar graves consequências. Sem um seguro adequado, as famílias podem enfrentar dificuldades financeiras significativas em emergências, como um acidente grave ou a perda do provedor principal. Além disso, a ausência de um planejamento financeiro que inclua seguros pode levar à necessidade de recorrer a empréstimos com juros altos, gerando endividamento e dificuldades adicionais.

Portanto, a ampliação da conscientização sobre seguros passa pela inclusão desse tema nos programas de educação financeira em escolas e universidades, além da promoção de campanhas informativas por parte de órgãos públicos e privados. É essencial que as pessoas compreendam não apenas o que são os seguros, mas também como escolher o tipo de cobertura que melhor se adequa às suas necessidades.

Abaixo estão alguns exemplos e iniciativas de programas de educação financeira que incluem informações sobre seguros no Brasil:

1. Educação Financeira nas Escolas

  • Programa Nacional de Educação Financeira (PNEF): Coordenado pelo Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o PNEF visa promover a educação financeira desde a infância. Ele inclui materiais e atividades para escolas que abordam temas como orçamento, poupança, investimento e seguros. A ideia é que estudantes aprendam a importância de proteger seus bens e o conceito de seguros.
  • Educação Financeira em Currículos Escolares: Algumas escolas públicas e privadas têm incorporado a educação financeira em seus currículos, muitas vezes em parceria com instituições financeiras e organizações sem fins lucrativos. Esses currículos podem incluir informações sobre seguros e a importância de proteger bens e saúde.

2. Educação Financeira em Universidades

  • Cursos e Palestras: Muitas universidades, especialmente aquelas com cursos de Administração, Economia, e Finanças, oferecem disciplinas e palestras sobre seguros e gestão de riscos. Esses cursos fornecem aos alunos uma compreensão mais aprofundada sobre diferentes tipos de seguros, como seguros de vida, saúde, e residenciais, e como eles se encaixam na gestão financeira pessoal e empresarial.
  • Programas de Educação Financeira: Algumas universidades têm centros ou programas dedicados à educação financeira que oferecem workshops e seminários sobre seguros e outros temas financeiros. Estes programas podem ser dirigidos tanto a estudantes quanto à comunidade em geral.

3. Iniciativas e Parcerias

  • Parcerias com Instituições Financeiras: Muitas escolas e universidades fazem parcerias com bancos e seguradoras para oferecer workshops e materiais educativos. Essas parcerias ajudam a trazer conhecimento prático sobre seguros e outras ferramentas financeiras para os alunos.
  • Organizações e ONGs: Organizações como a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFin) e outras ONGs também promovem a educação financeira em escolas e universidades. Elas oferecem recursos, treinamentos e workshops que podem incluir tópicos sobre seguros.

4. Exemplos de Iniciativas

  • Programa “Educação Financeira” da Fundação Getúlio Vargas (FGV): A FGV oferece cursos e materiais educativos sobre finanças pessoais, que incluem tópicos sobre seguros.
  • Universidade de São Paulo (USP): A USP, através do seu Centro de Estudos em Finanças (CEF), promove eventos e cursos sobre gestão financeira, que muitas vezes abordam a importância dos seguros.

Além disso, o acesso a informações claras e detalhadas sobre seguros pode ajudar a desmistificar o tema e mostrar que, ao contrário do que muitos pensam, seguros não são um gasto desnecessário, mas sim um investimento em segurança e estabilidade financeira.

Por fim, é bom ressaltar que educação financeira e seguros são temas que devem andar lado a lado na vida de qualquer cidadão. A falta de conhecimento sobre essas áreas pode resultar em decisões financeiras precárias, com impactos profundos na qualidade de vida. Portanto, é essencial que a conscientização sobre a importância dos seguros seja fortalecida, garantindo que mais brasileiros possam usufruir dos benefícios dessa proteção e, assim, construir um futuro financeiro mais seguro e sustentável.

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