A ideia de uma Web 3.0 proliferou como um incêndio desgovernado no universo digital e a Ethereum – uma blockchain que permite a transferência de criptomoedas entre indivíduos sem a necessidade de uma terceira parte, é muito responsável por isso. Com o seu surgimento em 2013, começam a pipocar projetos assentes em modelos de finanças descentralizadas (DeFi) e é aqui que surge a Slock.it, um dos fatores que viria a ser possível ver o valor da bitcoin tão alto no gráfico bitcoin hoje.
Slock.it: como tudo começou?
Christoph Jentzsch sobe ao púlpito da Devcon – uma conferência internacional de avanços tecnológicos na área. O alemão trocou um doutoramento em Física por uma aventura a tempo inteiro na rede Ethereum. Ao seu lado, tem uma mesa com dois objetos: um fervedor de água e a fechadura de uma porta. Os dois utensílios fazem parte da apresentação, são instrumentos da aplicação descentralizada (Dapp) que vem apresentar: a Slock.it.
A empresa de Christoph promete “abrir portas” – literal e metaforicamente a uma “verdadeira economia de partilha”. O pitch do negócio: todas as pessoas têm bens que usam pouco. Então, porque não rentabilizá-los, alugando-os diretamente a quem precise? Tudo, evidentemente, sem intermediários. Como primeiro exemplo, Christoph fala de uma casa: para usufruir do serviço, o proprietário tem apenas de associar um cadeado da Slock.it a uma fechadura inteligente na porta de entrada.
A propriedade fica assim registada na blockchain da Ethereum. Depois, basta escolher um montante a cobrar e um depósito de segurança. À chegada, o inquilino transfere um depósito, em ethers, para a rede, abrindo o cadeado. A blockchain confirma a transação e guarda o depósito até que a pessoa devolva a chave. Todas as transações são automatizadas com smart contracts.
A ideia foi bem recebida na Devcon?
A apresentação da Slock.it fica na memória de muitos criptoentusiastas presentes na Devcon. Para alguns, é um sonho tornado realidade, uma autêntica revolução; O sucesso de projetos como o de Christoph pode sinalizar o fim dos intermediários na economia de partilha. Christoph descreve a Uber e o Airbnb como “empresas monopolistas que retiram percentagens extraordinárias e têm um controlo total do mercado” e esta apresentação e produto vem tentar alterar um pouco o paradigma.
Christoph defende um sistema descentralizado que permita lidar diretamente com o proprietário, sem intermediários, conforme escreveu em seu blogue da Dapp após a conferência. Contudo, no final de 2015, a Slock.it ainda era apenas um conceito, faltando-lhe um elemento crucial: dinheiro. Foi aqui que Cristoph percebeu que algo teria de ser diferente e surge a ideia para a primeira organização Autónoma Descentralizada (DAO).
O que é a DAO e como surgiu?
A DAO (Organização Autónoma Descentralizada) surgiu com a Slock.it, quando seus fundadores, Simon, Christoph e Stephen, decidiram descentralizar não apenas o serviço da Dapp, mas toda a empresa. Em vez de optar por uma Oferta Inicial de Moeda (ICO) para financiamento, como a Ethereum fez anteriormente, eles escolheram um caminho mais arriscado. A ideia de criar uma DAO já circulava no universo informático desde 2013, quando Dan e Stan Larimer exploraram o conceito de Corporações Autónomas Descentralizadas (DAC).
Vitalik Buterin, fundador da Ethereum, inspirado por esses artigos, desenvolveu a ideia e rebatizou-a como DAO para dar um apelo menos tecno-financeiro. Em 2015, as DAO representavam a última fronteira para muitos criptoentusiastas, prometendo criar organizações geridas por computadores e autorreguladas, retirando as pessoas da equação e deixando as decisões importantes para o código informático.
Diferenças entre Web 3.0 e Web 2.0
A forma mais resumida de explicar isto é: a Web 3.0 é olhar para o futuro e a Web 2.0 é olhar para o passado. A Web 3.0 representa a próxima fase da evolução da web/internet e potencialmente pode ser muito inovadora ao representar uma mudança de paradigma tão grande quanto a versão atual (Web 2.0). A versão 3.0 é construída sobre os conceitos centrais de descentralização, abertura e maior atuação do usuário.
O primeiro critério é o significado das duas versões web. A segunda geração de serviços de Internet, muitas vezes conhecida como Web 2.0, permite funcionalidades de leitura e escrita e é por isso chamada de fase de leitura e escrita. A Web 3.0, por outro lado, incentiva o desenvolvimento de aplicações inteligentes. Os aplicativos Web 3.0 que se destacam incluem jogos integrados, portais 3D e ambientes virtuais multiusuário. Os serviços de desenvolvimento de jogos Web3 atendem a aplicativos que se destacam, incluindo aqueles com jogos integrados, portais 3D e ambientes virtuais multiusuário.
A internet evoluiu a olhos vistos e isso é fácil perceber se olharmos para o passado e constatarmos que há 20 anos ninguém tinha um celular com acesso à internet e hoje isso dificilmente acontece sendo que todos temos um celular com acesso à internet e tudo isto está interligado. A ascensão da Slock.it e das DAOs só foram possíveis porque uma melhoria leva a outra, o mesmo sucede com avanços tecnológicos de grandes empresas como a Apple. Como olha para o futuro e como acha que a continuidade destes avanços tecnológicos vão impactar a sua vida? Como sempre, apenas o tempo lhe dirá.