Ultima atualização 10 de abril

Ano eleitoral aumenta riscos de violência política, adverte Allianz

De acordo com um relatório produzido pela companhia, riscos de terrorismo, agitação civil e ativismo ambiental intensificam-se em um ambiente geopolítico volátil

Quase metade da população mundial irá às urnas antes do final desse ano, em um ‘superciclo’ sem precedentes de eleições. De acordo com um novo relatório da Allianz Commercial, a segurança é uma preocupação em muitos territórios, não apenas devido à ameaça de agitação localizada, mas também por outras consequências relacionadas aos resultados das eleições como política externa, relações comerciais e cadeias de suprimentos.

A principal eleição ocorrerá nos Estados Unidos, em novembro, quando um resultado apertado pode inflamar tensões existentes. As eleições para o Parlamento Europeu, em junho, também podem aumentar as divisões, caso os partidos de extrema-direita ganhem votos e cadeiras. Como a agitação pode se espalhar mais rápida e amplamente, em grande parte graças às mídias sociais, os custos financeiros desses eventos para empresas e seguradoras podem aumentar.

Perdas econômicas e seguradas de apenas sete incidentes de agitação civil nos últimos anos custaram aproximadamente US$13 bilhões. Com a ameaça do terrorismo também em ascensão, e a perspectiva de maior perturbação por parte de ativistas ambientais, as empresas enfrentarão desafios maiores nos próximos anos e precisarão antecipar e mitigar os riscos em conjunto com um planejamento robusto de continuidade dos negócios.

“Tantas eleições em um ano levantam preocupações sobre o aumento da polarização, com tensões e agitação civil intensificadas. A polarização e a agitação dentro das sociedades são alimentadas pelo medo. Elas minam a confiança nas instituições e desafiam o senso de um propósito comum, baseado em valores compartilhados”, diz Srdjan Todorovic, chefe de Soluções de Violência Política e Ambiente Hostil da Allianz Commercial. “No futuro, também esperamos ver uma maior agitação em torno de questões ambientais, não apenas por parte de ativistas, mas por aqueles que estão se opondo às políticas governamentais de mitigação do clima”.

A eleição presidencial nos Estados Unidos provavelmente será acirrada, com o resultado dependendo de cada estado. Uma pesquisa recente mostra que mais de um terço dos americanos acredita que a eleição do presidente Biden em 2020 não foi legítima. A desafeição generalizada entre os eleitores pode ser explorada pela desinformação criada pela inteligência artificial e disseminada por mídias sociais. Deepfakes, desinformação e imagens reaproveitadas, além de mensagens personalizadas, poderiam incitar a agitação ou influenciar partes pequenas, mas potencialmente decisivas, dos eleitorados.

Já na União Europeia, alguns especialistas acreditam que diversos estados podem se inclinar para a direita, principalmente para que partidos populistas ou de extrema-direita aumentem as cadeiras no parlamento. Qualquer sucesso desses partidos em toda a Europa poderia resultar em uma crescente oposição às políticas da UE sobre meio ambiente, imigração e direitos humanos.

“Os impactos de uma mudança política para a direita e mudanças subsequentes de políticas perduram muito tempo após o mandato de um partido político”, acrescenta Todorovic. “Eles mudam fundamentalmente as sociedades e as atitudes públicas, e fazem com que a próxima mudança eleitoral para o centro ou esquerda pareça drástica, criando o potencial para cisões e respostas potencialmente violentas daqueles que se sentem sub-representados por uma mudança de regime”.

David Colmenares Spence, diretor executivo da Allianz Commercial para a América Latina, acredita que as eleições de países latinos também não estão isentas do risco. “Nossa região não está isenta desses riscos. Pelo contrário, as eleições presidenciais que ocorrerão este ano no México, somadas à conjuntura vivida em países como Argentina e Colômbia, e as eleições municipais no Brasil apresentam um desafio importante para as instituições e a sociedade em geral. Para a indústria de seguros, nosso compromisso é continuar acompanhando e protegendo a vida e o capital de milhões de pessoas e empresas na América Latina, proporcionando segurança, confiança e suporte”.

Entre 2022 e 2023, os incidentes de ativismo ambiental aumentaram cerca de 120%. Um exemplo impactante foi o ataque incendiário a um poste de eletricidade na Alemanha por um grupo extremista de esquerda. Isso suspendeu a produção em uma fábrica local da Tesla em março deste ano, levando a perdas econômicas estimadas em centenas de milhões de euros, de acordo com relatos. Além de protestos de alto perfil, há também uma tendência em direção ao uso de táticas mais direcionadas em indivíduos ou políticos. Existe a possibilidade de que os protestos ambientais possam se intensificar, alternando de atos de incômodo para atos criminosos maiores.

O número de mortes por terrorismo aumentou 22% em 2023, e chegou ao seu nível mais alto desde 2017, embora o número de incidentes tenha diminuído. O grande ataque terrorista em Moscou, em março, é um lembrete de que o risco de terrorismo motivado política ou religiosamente está de volta à agenda global, e que as perdas podem ser catastróficas. O principal motor do terrorismo islâmico é a radicalização de perpetradores locais, atualmente alimentada pela guerra entre Israel e Hamas, o que leva a um aumento dos riscos nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, as políticas externas governamentais também são grandes impulsionadoras de risco, como prova o ataque em Moscou.

A atividade de violência política pode impactar as empresas de várias maneiras. Aqueles na iminência de tumultos podem sofrer danos materiais a propriedades ou ativos e perdas geradas pela interrupção de negócios, enquanto danos indiretos podem ser infligidos às empresas na forma de perda de atratividade ou negação de acesso às suas instalações.

“As empresas precisam proteger suas pessoas e propriedades com um planejamento avançado e robusto de continuidade de negócios para aumentar a segurança e reduzir ou realocar estoques, no caso de um incidente”, complementa Todorovic. “Usar o planejamento de cenários e rastrear riscos em áreas-chave de suas operações pode aumentar a conscientização das empresas sobre onde os riscos de violência política e agitação civil podem estar se intensificando. As empresas também devem revisar se sua apólice de seguro cobre o impacto de riscos como greves, motins e distúrbios civis”.

O relatório observa que a história recente de perdas decorrentes de protestos e agitação civil em países como Chile, África do Sul, França e Estados Unidos, significa que o interesse pela cobertura de seguro contra violência política continua a aumentar. A maior demanda vem de empresas com exposição multigeracional em vez de empresas com cadeias de produção e fornecimento menores, embora estas também possam ser afetadas negativamente por tais eventos.

N.F.
Revista Apólice

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