As transformações regulatórias da Susep (Superintendência de Seguros Privados) têm sido fundamentais para a atualização e crescimento contínuo do setor. Atento às demandas dos consumidores para produtos menos complexos e mais acessíveis, o órgão regulador lançou, recentemente, um programa de inovação que permite às novas empresas testarem tecnologias a partir de um conjunto de normas e regras mais simples e flexíveis. Também conhecido como “sandbox”, o programa tem como objetivo abrir caminho para a nova geração de seguradoras digitais, as “insurtechs”.
“Há algum tempo a Susep vem apresentando um comportamento mais liberal do ponto de vista da regulamentação, o que é muito importante para a evolução e a receita do setor. A flexibilidade faz parte do dia a dia de todas as negociações e não faria sentindo deixar os seguros fora dessa nova realidade. Com isso, a tendência é que os produtos fiquem mais inclusivos e acessíveis a todos”, comenta a advogada Ana Rita Petraroli, sócia-fundadora e coordenadora do escritório especializado em seguros Petraroli Advogados.
Por meio da inovação, as empresas do sandbox prometem mudar a relação do brasileiro com o setor de seguros, a partir de novas soluções e tipos de cobertura, que muitas vezes poderão ser contratadas sob demanda. Em um primeiro momento, os seguros a serem oferecidos serão voltados a automóveis, pets, acidentes pessoas, funerais, residências, estabelecimentos comerciais, tablets, smartphones e demais dispositivos portáteis.
“Embora a contratação desses serviços seja feita de forma digital, assim como todo o processo de dados e vistorias, sem a necessidade dos corretores, o que de certa forma diminui a precificação dos produtos, esses profissionais continuam relevantes para o setor, mas agora com um perfil mais consultivo. Os corretores serão os responsáveis por apresentar os produtos, suas diferenças, benefícios e auxiliar o segurado na melhor decisão” destaca Ana Rita.
O programa de inovação terá um prazo de duração de três anos, período que as empresas poderão avaliar, ajustar e analisar se seus produtos são viáveis, decidir se continuarão no mercado ou, ainda, receber aporte de grandes companhias. A Susep acompanhará todo o processo, com o suporte necessário, verificando a necessidade de mais flexibilidade e abertura de novas áreas de atuação.
“Todo esse processo pode ser fundamental para a evolução das seguradoras tradicionais, que ainda apresentam processos mais complexos e encontram barreiras para o desenvolvimento de novos produtos. Investir em uma nova empresa, uma nova ideia, pode ser um passo significativo para arejar os negócios dessas grandes corporações”, finaliza Ana Rita.