Ultima atualização 07 de outubro

Odontologia sofre com os impactos da pandemia e aposta na teleorientação

Empresas buscaram soluções para manterem seus beneficiários e continuarem atendendo mesmo durante a quarentena, o que resultou no maior uso do teleatendimento

EXCLUSIVO – Boa parte da população interrompeu diversos tratamentos de saúde devido à pandemia ocasionada pela covid-19. Esse movimento foi observado pois, além da recomendação de manter o distanciamento social, muitas pessoas tiveram parte da sua renda comprometida e pararam de pagar seus planos. No segmento da odontologia suplementar não poderia ser diferente.

De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), em julho de 2020 o país tinha 25.363.513 beneficiários de planos odontológicos frente a 25.682.210 em abril, uma queda de 318.697 em três meses.

Sendo assim, muitas empresas tiveram de pensar em formas de manter seus beneficiários e continuar atendendo os pacientes que precisam de tratamento mesmo durante a pandemia. Algumas organizações lançaram o serviço de teleorientação odontológica. A iniciativa está de acordo com a deliberação do Ministério da Saúde, que regulamentou a telemedicina no País em caráter excepcional durante a crise da covid-19.

Uma dessas companhias foi a Unimed Odonto. O serviço está disponível no aplicativo da operadora para aconselhamentos gerais sobre saúde bucal. Para tornar a experiência do atendimento online positiva, os beneficiários podem agendar as consultas e conectar-se com profissionais no horário programado. A companhia integrou o novo serviço na sua ferramenta online em apenas duas semanas com apoio da sua célula de inovação digital, a Stormia. Além das orientações de saúde bucal, a plataforma também oferece busca por rede credenciada e acesso ao cartão digital do plano.

Segundo Fábio Nogi, gerente de Negócios da empresa, o maior benefício desta solução é conferir mais proteção aos clientes, fornecendo informações que contribuem para decisões adequadas e mais seguras no que diz respeito à manutenção da saúde bucal durante o período de pandemia. “Em poucos cliques e em ambiente seguro, o usuário tem acesso a dentistas preparados para atendê-lo. Além disso, a possibilidade do agendamento é algo a ser destacado como um diferencial, conferindo maior conveniência e evitando a formação de filas no momento da busca pelas orientações”.

O executivo ainda ressalta que houve uma queda de 9% na sinistralidade dos planos odontológicos, quando comparados os dados do 2º trimestre de 2020 com as informações do mesmo período no ano passado. Nogi afirma que a empresa, a exemplo do que passou todo o segmento, percebeu uma redução significativa no índice de consultas presenciais em intensidade aderente à queda observada de sinistralidade no mercado como um todo. “Cabe a nós daqui para frente monitorarmos quais são os danos dessa suspensão parcial de atendimentos, que pode ocasionar uma demanda reprimida com impacto na sinistralidade futura dos planos”.

A OdontoCompany também seguiu a tendência e passou a oferecer teleatendimento. O serviço pode ser acessado através de uma plataforma especializada em teleconferência, na qual ficam armazenados dados sobre o beneficiário, como seu diagnóstico e histórico receituário. Dependendo do caso, os profissionais podem direcionar para apps mais simples, como o próprio WhatsApp, em que é possível ver a dentição do paciente através de foto e vídeo.

De acordo com o Dr. Paulo Zahr, presidente da companhia, um dos principais impactos sentidos durante a pandemia foi o aumento significativo do valor do dólar, que afetou a operação da companhia pois a empresa utiliza muitos produtos importados da Alemanha e EUA. “Para se ter uma ideia, tivemos um acréscimo de 500% no custo dos EPIs durante todo esse período. Por outro lado, a diminuição nos atendimentos presenciais, que caíram 40% na quarentena, também desestabilizou um pouco a balança”.

O executivo acredita na teleorientação como o futuro do segmento. “A teleodontologia é um produto que o mercado vinha adotando e alguns países já implementaram. No Brasil, a liberação foi favorecida em virtude da pandemia, mas deve permanecer mesmo após o término dela, pois representa o que há de novo no setor. Há, claro, algumas dificuldades, pois o tratamento é manual e requer a presença de um profissional e do paciente, mas o que compete a dúvidas e uma análise não tão detalhada e profunda, é possível fazer a distância”.

Para que o mercado volte a crescer, Nogi afirma compreender que há a necessidade de se trabalhar mais na conscientização da importância da saúde bucal para manutenção da saúde sistêmica, qualidade de vida e bem-estar das pessoas. “Uma rápida pesquisa nas ferramentas de busca científica trazem diversos estudos que demonstram a correlação existente entre as patologias bucais e desordens sistêmica diversas, como o agravamento de quadros de diabetes, hipertensão, artrite, pneumonia, cefaleia, bem como o estabelecimento de quadros de endocardite bacteriana que podem vir a se tornar fatais”.

Sobre as expectativas do futuro, o gerente da Unimed Odonto diz que a pandemia, por sua vez, fez com que as empresas acelerassem o seu processo de transformação digital, o que tem proporcionado mudanças na forma com que estas se relacionam com os diversos stakeholders. “Avalio que este processo de digitalização acelerada deverá trazer avanços significativos para o setor, contribuindo para a redução da assimetria de informação e progressivo empoderamento do cliente, o que certamente impulsionará as operadoras de planos odontológicos para um novo patamar operacional e de qualidade na entrega de seus serviços”.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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