EXCLUSIVO – No penúltimo dia de comemorações dos 25 anos da Revista Apólice, o evento “Diálogos Apólice” recebeu ontem, 1 de setembro, executivos do mercado para falar sobre Seguro Rural. Os convidados foram Gabriel Lemos, superintendente da NEWE Seguros; Sidney Rodrigues, gestor da Lojacorr Agro; José Luiz Ferreira, diretor da GC do Brasil; e Joaquim Neto, presidente de comissão de seguro rural da Fenseg e executivo da Tokio Marine. A mediação da transmissão ao vivo ficou por conta da jornalista Kelly Lubiato.
O agronegócio é um importante segmento da economia brasileira e vem ganhando espaço mesmo durante a crise ocasionada pela pandemia. Enquanto a indústria e os serviços encolheram no primeiro trimestre de 2020, o segmento cresceu 1,9% na comparação com os três meses anteriores. O montante gerado pelo campo foi de R$ 120 bilhões e há a previsão de que até o fim do ano, se o número de safras recordes for atingido, as lavouras devem render R$ 697 bilhões.
De acordo com a Resolução nº 74, o orçamento aprovado no PSR (Programa de Subvenção Rural) é de R$ 955 milhões em 2019/20 e pode chegar a R$ 1,3 bi em 2020/21 . Neto acredita que a medida é uma propulsora do seguro, mas que outros fatores também influenciam para o crescimento do produto. “Alguns eventos climáticos e o aumento das commodities também ajudaram a impulsionar o setor. Mesmo com a já prevista retração da economia, os prêmios da carteira cresceram 35% no primeiro semestre deste ano. Isso demonstra o quanto o seguro pode conquistar mais espaço no mercado”.
Durante sua apresentação, Lemos comentou sobre seguros parametrizados, produto que funciona através da estipulação de índices ligados a fenômenos climáticos ao invés de avaliações objetivas das perdas sofridas, visando calcular o pagamento de indenizações. Segundo o executivo, o Brasil está pronto para utilizar esse tipo de tecnologia. “Entretanto, existem alguns elos da cadeia do seguro que têm algum entrave, como a própria Susep, que durante muito tempo ficou em dúvida e agora está entendendo essa modalidade como seguro, da mesma maneira que está acontecendo em outras partes do mundo”.
A participação do agronegócio brasileiro nas exportações totais subiu de 18,7% para 22,9% no quadrimestre. Para Ferreira, essa atuação do País em mercados internacionais é muito positiva para o produto, pois auxilia na elaboração de novas proteções e na diversificação das coberturas. “Há 20 anos vejo que estamos aprendendo com o dia a dia as necessidades que os seguros devem suprir. Da nossa parte, o que temos feito é oferecer muito treinamento e colocamos engenheiros agrônomos realizando vistorias, para que possamos atender ao segurado da melhor maneira possível. Boa parte das soluções vem a partir dos estudos que as seguradoras desenvolvem, e acho que no requisito tecnologia o segmento está muito avançado. Hoje conseguimos realizar toda parte de subscrição através de ferramentas como drones e o sistema de geolocalização, o que ajuda a diminuir a burocracia”.
Rodrigues acredita que somente através da capacitação a carteira poderá se desenvolver, pois é um segmento muito complexo e muitos corretores ainda encontram dificuldades. “Primeiramente precisamos saber que o que ajuda na prospecção é avaliar as particularidades de cada região. Não adianta sair oferecendo seguro sem entender o clima da cidade que o agricultor produz, quais são os tipos de plantação etc. A Lojacorr conta com um programa chamado Universidade Lojacorr, e nos últimos 3 meses realizamos 27 treinamentos online. Isso ajuda também a provocar o setor a se desenvolver. O Nordeste é incrível, um dos maiores produtores de frutas do País, mas que acaba não sendo protegido pois os Riscos Nomeados não atendem esses agricultores. O caminho é trabalhar a venda consultiva e disseminar conhecimento”, ressaltou.