“O momento na Saúde Suplementar é crítico e a solução virá de todos os players”. Com essa afirmação, a presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz Palheiro Mendes, alertou Governo, empresários e especialistas nacionais e internacionais sobre a sustentabilidade do setor de saúde – público e privado – nos próximos anos no Brasil, durante o 2º Congresso Internacional de Gestão em Saúde, organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), na última sexta-feira (25), em São Paulo.
A presidente ressaltou que o momento é de grande preocupação e também de oportunidade de discutir possíveis soluções. “Temos que ter uma pauta com prioridades estabelecidas. Todos nós temos o mesmo interesse e defendemos a mesma causa, que é a sustentabilidade do setor”, frisa.
Com a participação de mais de 400 lideranças da saúde, a segunda edição do congresso proporcionou debates sobre questões como sustentabilidade na prescrição e utilização de exames diagnósticos, incorporação tecnológica ecompliance, entre outros. Solange participou do painel ‘Sustentabilidade na Prescrição e Utilização de Exames Diagnósticos’ e fez uma apresentação sobre ‘Soluções de um Financiamento Sustentável’.
A executiva apresentou um panorama do setor, que atualmente conta com 47,4 milhões de beneficiários de planos médicos, com redução de 1,4 % entre julho de 2016 e julho de 2017. Já a receita do setor em 2016 foi de R$ 160,5 bilhões, com alta de 11,7% em relação a 2015; por outro lado, apenas a despesa assistencial, no mesmo período, foi de R$ 135,7 bilhões, representando uma alta de 13% em relação a 2015.
Mais procedimentos, menos beneficiários
De acordo com a presidente da FenaSaúde, apesar da diminuição da população assistida, evasão de aproximadamente um milhão de beneficiários em 2016, houve aumento na quantidade de procedimentos realizados. No ano passado, a produção assistencial dos planos de saúde chegou a 1,4 bilhão procedimentos, que representou um aumento de 6,8% no número de consultas, terapias, internações e exames realizados.
“As despesas assistenciais foram maiores em 2016, em proporções superiores ao aumento da quantidade de procedimentos efetuados. É importante ressaltar que os exames complementares – 796 milhões realizados – representam mais da metade produção assistencial em 2016”, comentou Solange Beatriz.
A executiva citou um exemplo de solicitação de exames diagnósticos: a ressonância nuclear magnética. Segundo dados de 2015, a Saúde Suplementar, no Brasil, realizou 147 exames para cada 1000 habitantes, já nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) esse número cai para 67 exames.
“A ressonância tem tido uma frequência muito maior que a tomografia, que é um exame mais simples e mais barato. Temos o papel de fornecer essas informações à sociedade, para indicar aos beneficiários sobre o uso adequado do procedimento, inclusive, para preservar a integridade de sua própria saúde”, afirma.
Solange Beatriz demonstrou, ainda, a preocupação da FenaSaúde em promover debates para reduzir os desperdícios e promover a sustentabilidade do setor. O 2º Fórum da Saúde Suplementar, realizado no ano passado, trouxe uma discussão sobre a campanha do Choosing Wisely (Escolhendo com Sabedoria), que teve início em 2011 com Fundação American Board of Internal Medicine – associações norte-americanas de várias especialidades médicas apresentaram listas de procedimentos utilizados de maneira excessiva e inapropriada.
A.C.
Revista Apólice