A semana que se inicia conta com a divulgação do PIB do primeiro trimestre deste ano. Esse será o centro das atenções entre os indicadores econômicos a serem divulgados na semana. Seu resultado demonstrará que finalmente o País saiu da recessão. A economia brasileira apresentou oito retrações trimestrais consecutivas de seu produto até o ano passado, resultando em queda do PIB de 7,2% entre 2015 e 2016. O PIB do primeiro trimestre de 2017 indicará que acabou esse ciclo negativo. Nossa estimativa é de alta de 0,5% na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior – o que é, sem dúvida, uma boa notícia.
Mas mais do que a evolução no primeiro trimestre, o que importa são as perspectivas do PIB para os próximos trimestres. Nesse sentido, há sim boas notícias. Uma combinação de fatores contribui para o aumento da produção agropecuária, com benefícios para a exportação. Primeiro, o clima favorável ao plantio. Segundo, o aumento da área plantada. Terceiro, o aumento da produtividade agrícola. Finalmente, a baixa base de comparação do ano de 2016. Não por acaso, portanto, pesquisas do IBGE apontam para expansão da produção agrícola de 26,2% neste ano ante 2016, com destaque para a região Cento-Oeste, bem como Paraná e Santa Catarina.
Perspectivas
Isso não significa que a economia brasileira terá expansão significativa neste ano. Vale lembrar que a inadimplência segue em alta, em especial para pessoas jurídicas. Diante disso, reduções da taxa básica de juros vêm sendo compensadas pelo aumento do spread bancário. Pesquisas do Banco Central indicam que as perspectivas de oferta e demanda de crédito continuam negativas no médio prazo. A observação de outras economias que também passaram por processos de desalavancagem demonstra que a concessão de crédito pode continuar reprimida no longo prazo. Esse contexto compromete a recuperação do consumo das famílias e dos investimentos da economia brasileira.
Em resumo, o PIB deve demonstrar que a recuperação da economia brasileira ocorre em velocidades diferentes. Por um lado, as exportações são beneficiadas pela expansão da produção agropecuária. Por outro, o consumo das famílias e os investimentos seguem comprometidos pela contenção das concessões de crédito. É fato que períodos de recuperação são caracterizados por essa evolução diferenciada. O que devemos ter em mente que a recuperação da queda do PIB dos últimos 2 anos não ocorrerá no curto prazo. Será uma recuperação gradual e irregular. Estamos atentos aos riscos e oportunidades desse cenário.
A.C.
Revista Apólice