Ultima atualização 24 de novembro

As escolhas da saúde suplementar

O 2º Fórum de Saúde Suplementar acontece no Rio de Janeiro, organizado pela Fenasaúde. Nesta edição, a discussão trata das escolhas e caminhos para o desenvolvimento deste setor

Chegou o momento do mercado de saúde fazer suas mais importantes escolhas. Não apenas a Saúde Suplementar, tema central do fórum realizado pela Fenasaude, no Rio de Janeiro, mas também a saúde pública. Chegou a hora das duas aprenderem a caminhar juntas.
O dinheiro da Saúde Suplementar, como costuma enfatizar Solange Beatriz, presidente da FenaSaúde, não é uma fonte sem fim e o orçamento tem ficado cada vez mais apertado para arcar com todas as coberturas e procedimentos que são exigidos e dar conta também da inflação médica e da judicialização, além das fraudes.
Todas as decisões a serem tomadas passam por toda a cadeia: consumidores – que precisam entender seu papel na Saúde Suplementar e utilizar seus planos com consciência – prestadores, operadoras e regulador trabalhando em conjunto para que a conta feche.
Marcio Coriolano, presidente da CNseg, lembra que o aumento da taxa de desemprego e a queda da renda são fatores importantes que levaram o mercado de saúde a se estagnar, como ocorre também nos casos dos planos odontológicos. Embora as PMEs ainda mantenham o posto de queridinhas do mercado, essa realidade não poderá ser sustentada apenas por elas. “A inflação médica está entre 15% e 20%. Essa é uma restrição de acesso absurda, que faz os números da Saúde Suplementar decrescerem”, aponta o presidente.
Outra autoridade presente no evento, o diretor-presidente da ANS, José Carlos Abrahão, mostrou-se empenhado em fazer da autarquia um órgão não só fiscalizador, mas participativo, que ajude o restante do mercado a encontrar soluções. “O País tem que acabar com essa falta de credibilidade e crise de futuro”, afirmou o líder da autarquia ao dizer que acredita que o setor de saúde é influente para trazer mudanças internas e externas a sua atividade.

Enfrentando a economia
Octavio Barros, diretor e economista-chefe do Banco Bradesco, foi o responsável pelo painel sobre perspectivas econômicas e apontou que a crise que vemos hoje no Brasil não é uma jabuticaba: “não há mais locomotivas no mundo. Estamos vendo uma estagnação secular global”, pontuou. Além da desigualdade “brutal” apontada por Barros, há a questão do envelhecimento, que não está ligada apenas à previdência, social ou complementar, mas a uma população que precisará mais de cuidado médico e pode não encontrar um mercado privado que lhe dê melhores condições de tratamento.
E o cenário não anima. O FMI considera qualquer crescimento de uma economia em torno de 2,5% uma recessão. A previsão de crescimento econômico mundial esse ano é de 2,7%. A eleição de Trump, nos EUA, deverá trazer um protecionismo que deverá conspirar contra o crescimento do país, na visão de Barros.
No Brasil, o país que mais envelhecerá até 2060, também adota essa postura. “Entre os 40 países mais ricos do mundo, o Brasil é o mais protecionista. A abertura econômica é a salvação brasileira”, indicou o economista.
Desde 2014, o PIB brasileiro caiu 10,4 pontos percentuais. “Sendo otimistas, imaginando crescimento de 1% em 2017, voltaremos ao nível de atividade apenas em 2021”, disse.
Enquanto isso, as previsões do economista incluem um pico de 13% que só deverá começar a diminuir no final do próximo ano, mas não deverá, tão cedo, atingir patamares mais baixos. Como exemplo, São Paulo, em menos de dois anos, demitiu 1,5 milhão de pessoas.

2-forum-saudeO mercado de saúde
Em meio a tudo isso, o mercado de saúde espera por esse crescimento de PIB para poder respirar. Marcos Bossi Ferraz, professor da Unifesp, disse que só o “desenvolvimento econômico e social leva à saúde. Um indivíduo mais saudável é, também, mais produtivo”, afirmou. Portanto, é um sistema que se retroalimenta e devem caminhar juntos.
Isso leva a outra escolha, como país: hoje, 8% do PIB é direcionado à saúde. A pergunta feita é se esse é um montante suficiente, se não for, deve avançar sobre outras fatias da divisão da economia, como educação, por exemplo?
Para Bossi, países desenvolvidos e em desenvolvimento precisam exercer e encarar esses processos de escolha, tendo como base os valores da sociedade. “Precisamos entender que o mundo tem discussões que aqui ainda nem começaram”, destacou.
Questões sociais, como a eutanásia também levantam a necessidade de analisar a discussão entre liberdade individual e justiça médica. “Não há errado ou certo. Há aquilo que queremos”, refletiu.
O modelo deve mudar. É necessário priorizar medidas eficientes com considerações em longo prazo. Para isso: investimentos feitos com base em estratégias de mercado, regulamentação clara, estimativa de riscos e de incertezas, “O mercado pede essa mudança. Vamos decidir o que queremos”, afirmou Bossi.

Amanda Cruz, do Rio de Janeiro
Revista Apólice

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