Se a saída do Reino Unido da União Europeia não provocar uma nova onda de baixa no mercado de capitais, o governo do presidente interino, Michel Temer, trabalha para realizar o lançamento de ações da Caixa Seguridade – o braço de seguros do banco – em outubro deste ano.
O projeto não é novo. A ideia já vinha sendo tocada pela administração da presidente afastada, Dilma Rousseff, mas estava engavetada desde o ano passado.
A gestão petista afirmava que poderia haver uma frustração na captação porque o mercado de ações estava em baixa, em razão da crise econômica. O plano era que o lançamento das ações levantasse R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões para a Caixa.
Para a equipe econômica de Temer, além da receita, a medida vai ajudar a destravar o mercado de IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial) no Brasil.
Levar a Caixa Seguridade a público entrou no rol de ações estudadas para reverter as expectativas de investidores e empresários. Além do braço de seguros da empresa, outras ofertas de ações de estatais já estão engatilhadas, mas devem sair depois.
A resseguradora IRB Brasil, a BR Distribuidora, a Infraero Aeroportos e a Infraero Participações também estão sendo preparadas para lançar suas ações na Bolsa entre este ano e o próximo.
Segundo fontes do mercado, Eldorado Brasil Celulose, do grupo J&F, e Milhas Tudo Azul, da companhia aérea Azul, esperam a melhora do mercado para realizarem suas primeiras captações na Bolsa. Esse momento pode surgir com o sucesso do lançamento de ações de estatais.
Postergação
Segundo a Folha, o Ministério da Fazenda pretendia realizar a venda das ações da Caixa Seguridade em setembro deste ano.
No entanto, tanto a Caixa quanto o governo preferiram segurar por mais um mês o lançamento.
Do lado da gestão, a preocupação é esperar o desfecho do impeachment de Dilma Rousseff para começar a emitir ações de estatais.
Para executivos do banco, o problema é que não haveria tempo hábil para organizar todo o trâmite burocrático necessário para lançar as ações na Bolsa nesse prazo.
Mercado paralisado
No início de junho, o último IPO realizado no Brasil completou um ano. A corretora de seguros FPC Par foi a público em 5 de junho de 2015. À época, a companhia conseguiu captar R$ 603 milhões na única operação realizada pela BM&FBovespa naquele ano.
Em 2007, ano do auge do mercado no Brasil, foram a público 63 empresas, que captaram R$ 55,1 bilhões. Naquele momento, apenas a Bolsa chinesa realizava mais lançamentos de ações.
A partir de 2011, o número de operações realizadas no Brasil começaram a afundar com a economia e as empresas congelaram seus planos de captação por meio de lançamentos de ações.
Fonte: Machado da Costa, Folha de S.Paulo
L.S.
Revista Apólice