Ultima atualização 13 de março

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Perdas diminuem, mas transporte marítimo enfrenta novos desafios

De acordo com estudo da Allianz, “mega navios”, a navegação no Ártico e os combustíveis alternativos criam novas dificuldades para a indústria marítima

As perdas relacionadas ao transporte marítimo diminuíram, registrando 94 perdas no mundo todo em 2013, número que só foi abaixo de 100 duas vezes nos últimos 12 anos, de acordo com a Allianz Global Corporate & Specialty SE’s  (AGCS), baseando-se na Análise Crítica de Segurança e Transporte Marítimo 2014, publicação anual que analisa o registro de perdas no transporte marítimo acima de 100 toneladas brutas. Em 2012, foram registradas 117 perdas.
“Mais de 90% do comércio global é feito pelo mar, de acordo com as estatísticas da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A segurança dos cargueiros marítimos internacionais e rotas são críticos para a saúde da economia global,” diz Tim Donney, Chefe Global da Maritime Risk Consulting. “Ao passo que a tendência negativa em longo prazo com perdas no transporte marítimo é encorajadora; há muito trabalho a ser feito para melhorar a segurança de maneira geral destas embarcações, assim como sua carga, tripulação e passageiros, especialmente em águas asiáticas. Como resseguradores, estamos sempre preocupados com os assuntos relacionados, tais como gestão de treinamento e segurança – o erro humano não é algo que possamos ignorar e a falta de mão de obra qualificada ainda é um problema – mas também precisamos observar os novos riscos à medida que a indústria continua a se desenvolver”.

A Ásia presenciou o mais alto número de perdas marítimas e continua a ser uma área de foco
De acordo com o relatório, mais de um terço das perdas totais em 2013, assim como em 2012, estiveram concentradas em duas regiões marítimas: o Sul da China, Indochina, Indonésia e a região das Filipinas. Essas áreas tiveram o número mais alto de perdas (18 navios), seguidas de perto pelos mares que cercam o Japão, Coreia e o Norte da China (17 navios).
Mais de dois anos após o acidente do Costa Concordia, a melhora na segurança de navio de passageiros continua a ser uma prioridade, especialmente, pois, em 2014, provavelmente se atingirá a marca da 100a perda de uma embarcação de passageiros desde 2002. A Ásia continua sendo um “hotspot” para perdas no transporte marítimo de passageiros, especialmente com embarcações menores de passageiros e barcas. Um exemplo é o naufrágio da barca St. Thomas of Aquinas, que sucumbiu após uma colisão com outra embarcação fora de Cebu, nas Filipinas, em agosto de 2013, com a perda de no mínimo 116 vidas.
“Temos que apurar profundamente como alguns operadores de navio asiáticos medem a segurança e a qualidade, em particular ao falar sobre o transporte marítimo doméstico”, disse Jarek Klimczak, Consultor Sênior de Risco Marítimo na AGCS. “O entendimento da qualidade e padrões pode algumas vezes sugerir o padrão europeu de 50 anos atrás – talvez até mais”.
No mundo todo, mais de um terço das perdas de embarcações foram de navios de carga, como os pesqueiros e os navios graneleiros, os únicos outros tipos de embarcações a registrar perdas de dois dígitos. Os especialistas da AGCS acreditam que o alto índice de umidade do conteúdo levaram a desestabilizar a carga sendo a causa primária dos acidentes.
A causa mais comum de perdas no último ano foi associada (naufrágio ou submersão) e quase sempre relacionada ao mau tempo, respondendo por quase 75% de todas as perdas, o que representa um aumento significativo, contra 47 %, em 2012, e a média dos 10 anos anteriores (44%).
Pela primeira vez, o relatório inclui não somente o total de perdas, mas também o número total de vítimas relacionadas à navegação por região.  A região do Leste do Mediterrâneo e do Mar Negro é apontada como “hotspot’ de acidentes, sendo responsável por 464 vítimas do total global de 2.596 casos registrados em 2013. A região combina rotas marítimas congestionadas e fracas práticas de gestão da segurança, além de uma frota regional com alta proporção de embarcações mais antigas e de baixa qualidade. O relatório mostra também que, durante a última década, as Ilhas Britânicas têm sido a localidade de grande parte dos acidentes e que janeiro é o mês com mais acidentes (incluindo perdas totais) no Hemisfério Norte. No Hemisfério Sul, o fenômeno pode ser registrado no mês de Julho.

Ataques de piratas ainda uma preocupação – o surgimento de novos formatos de pirataria são os desafios
Em 2013, os ataques de piratas diminuíram em 11% e 264 incidentes foram informados mundialmente de acordo com as estatísticas do International Maritime Bureau – sendo 106 deles na Indonésia, registrando um aumento de 700% nos ataques desde 2009. A maioria destes ataques permanece como roubos oportunistas de baixo nível, conduzidos por pequenos bandos, porém um terço dos incidentes nestas águas foi registrado no último trimestre de 2013. Existe uma possibilidade que esses ataques evoluam para um modelo de pirataria mais organizado, a menos que sejam controlados.
Outro “hotspot” emergente de pirataria, mas esse com crimes mais organizados, é o Golfo da Guiné, com 48 incidentes em 2013, respondendo sozinho por 18% de todos os ataques globais. O número de ataques na região da Somália caiu drasticamente, marcando somente sete incidentes em 2013, especialmente se forem comparados com os 160 ataques em 2011. O relatório sugere que o modelo organizado de pirataria pode ser interrompido na Somália em alguns anos se o patrulhamento naval continuar.

Riscos Emergentes
Uma série de inovações estão sendo implementadas para proteger as embarcações como: aumentar o tamanho de navios a fim de aproveitar a economia de escala, mudança no uso de combustíveis alternativos e atualizações nos projetos de navios. Ao mesmo tempo, estão surgindo mais rotas econômicas de comércio nas regiões do Ártico, que por si só já apresentam seu próprio conjunto de desafios.
Os riscos emergentes identificados no relatório de 2013 incluem:

  • Tamanho da Embarcação: o ano passado marcou a chegada da maior embarcação de container já registrada, com mais de 400 metros de comprimento, ampliando a capacidade para 18.000 contêineres de 20’. Esta tendência parece continuar. A AGCS estima que a capacidade cresça cerca de 30% a cada quatro ou cinco anos, o que quer dizer que a chegada de transportadores de 24.000 contêineres de 20’ pode ser antecipada para aproximadamente 2018.
    “Os sinistros provenientes de emergências marítimas destes ‘mega navios’ podem ser enormes. Por exemplo, apenas pense na interrupção dos negócios dos portos e terminais caso o acidente bloqueie a entrada,” disse Dr. Sven Gerhard, Líder de Produtos Global, Responsabilidade de Casco & Marítimo, AGCS. “Além disso, os salvados podem exigir esforços sem precedentes e operações complexas – em alguns casos podem levar muitos meses, ou, possivelmente, um ano ou mais, para retirar todos os containers, em particular se o acidente acontece em uma localidade remota. A perda potencial para esse tipo de embarcações aumenta e ainda mais em águas onde não há lei para resgates”.
  • Aumento das embarcações com combustível GNL: espera-se que o uso de gás natural liquefeito para movimentar navios tenha um aumento drástico na utilização em 2020. Há preocupações com a segurança, especialmente porque novos portos que nunca lidaram previamente com GNL estão sendo criados já com estações de abastecimento de combustível na doca. “Precisamos perguntar que tipo de riscos os navios com combustível GNL irão representar para a indústria. A preocupação é como estocar o GNL como combustível e manuseá-lo a bordo. Poucas pessoas têm o conhecimento necessário para manusear o GNL – terá que existir uma mudança na mentalidade e treinamento,” disse Capt. Rahul Khanna, Consultor de Riscos Sênior Marítimo, AGCS.
  • Rotas de comércio no Ártico: os acidentes no transporte marítimo em águas do Círculo Ártico aumentaram em média de 45 por ano durante o período de 2009 a 2013 contra somente sete durante o período de 2002 a 2007. Os prejuízos à maquinaria causaram um terço destes incidentes, índice que é o dobro da média de outros lugares, refletindo o difícil ambiente operacional.

T.C.
Revista Apólice

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