Atualmente, o Brasil é um dos países que mais rapidamente envelhecem no mundo. Se, de um lado, a longevidade representa uma das mais importantes conquistas do século passado, de outro, impõe grande desafio para as autoridades públicas brasileiras e mundiais, além de entidades da sociedade civil. “As mudanças demográficas provocam impacto em todas as políticas governamentais, incluindo, além da saúde, as áreas da educação, da família, do trabalho, da previdência e da assistência”, ressalta Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência.
Por isso, especialistas dos Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, Suíça, Argentina e Brasil, entre outros países, encontram-se, em outubro, no VIII Fórum da Longevidade Bradesco Seguros e no Fórum Internacional da World Demographic Association (WDA), que acontece pela primeira vez no país, com apoio do Grupo Bradesco Seguros, do Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE) e do Centro Internacional de Longevidade (International Longevity Centre – ILC-BR). Os eventos serão realizados nos dias 15/10,em São Paulo, e 16 e 17/10, no Rio de Janeiro, respectivamente, tendo como foco central os desafios e a mudança de paradigma no que diz respeito aos cuidados exigidos por uma população cada vez mais longeva.
Em sua oitava edição, o fórum, que terá lugar no Hotel Sheraton WTC, abordará os temas Consequências e Desafios do Envelhecimento, Impactos do Ambiente na Vida Longeva e Cuidando de uma População Longeva, entre outros.
Dentre os especialistas que participam do evento, destacam-se a epidemiologista e geriatra Linda P. Fried, reitora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia (EUA) e vice-presidente do Centro Médico da Universidade, que falará sobre os desafios de cuidar da quarta idade; a gerontóloga Jane Barrat, secretária geral da International Federation of Ageing (IFA), cuja palestra tratará dos efeitos dos ambientes sociais, culturais e físicos na vida dos idosos; e a geriatra Claudia Burlá, ex-secretária geral da Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia, que abordará as questões éticas e filosóficas relacionadas ao processo do fim da vida. Durante o Fórum, serão anunciados os vencedores dos Prêmios Longevidade Bradesco Seguros nas categorias “Jornalismo” e “Histórias de Vida”.
Já o Fórum da World Demographic Association (WDA), até então realizado somente na cidade de St. Gallen, na Suíça, reúne anualmente acadêmicos, pesquisadores, representantes de entidades governamentais e não governamentais de diferentes países e continentes, para tratar de questões relacionadas ao envelhecimento populacional. No Brasil, o evento terá como tema “Muito Além da Prevenção e Tratamento: Desenvolvendo uma Cultura do Cuidado” (“Beyond Prevention and Treatment – Developing a Culture of Care”).
Ao longo dos dois dias do encontro no Rio de Janeiro – que acontecerá no auditório e no Centro de Capacitação UniverSeg do Grupo Bradesco Seguros -, os especialistas discutirão aspectos do cuidado ao idoso, incluindo a necessidade de reforma geral da Seguridade Social, a capacitação de cuidadores, os modelos de gestão em diferentes países e a necessidade de adoção de políticas públicas baseadas nos direitos da pessoa idosa. Serão debatidos, ainda, o desenvolvimento de infraestrutura de mobilidade para essa população, além das dimensões éticas do cuidado com foco no fim de vida. Ao final do evento, será divulgado documento intitulado “Declaração do Rio de Janeiro sobre o cuidado como resposta à revolução da longevidade”.
O médico e gerontólogo Alexandre Kalache, ex-diretor do Departamento de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), consultor do Grupo Bradesco Seguros e membro do Conselho da World Demographic Association, aponta que a taxa de fecundidade brasileira reduziu-se de forma acentuada, bem abaixo da necessidade para sustentar a reposição da população. “Estamos no meio de uma revolução demográfica. Pela primeira vez na história, o contingente de pessoas com 65 anos ou mais vai superar o das crianças de menos de cinco anos de idade no Brasil,” destaca Kalache, que também preside o Centro Internacional da Longevidade – Brasil e coordenará os dois fóruns.
Dados do IBGE revelam que a taxa de fecundidade no Brasil caiu de 5,8 filhos por casal, na década de 1970, para cerca de 1,8 atualmente. De acordo com o último Censo realizado pelo Instituto, em 2010, a expectativa de vida média atingiu 73,7 anos, ante 70,4 anos em 2000. A população de 60 anos ou mais no país era de 23 milhões de indivíduos, equivalente a cerca de 11,8% do total. Entre 2000 e 2010, esse contingente cresceu 38,6%, três vezes acima da taxa de expansão da população total, que foi de 12,8%. O maior crescimento ocorreu na faixa etária de 80 anos ou mais: 67%.
“Para enfrentar esse processo generalizado e duradouro, é preciso repensar o modelo de atenção à pessoa idosa, incorporando novas estratégias e perspectivas de cuidados, propõe Kalache. O centro da atenção não deve mais ser a doença, e sim o idoso, com envolvimento da família, do cuidador e da comunidade”, completa.
A.C.
Revista Apólice