A 5ª edição da Brazilian Reinsurance Conference, realizada no Rio de Janeiro, trouxe como tema a seguinte pergunta: As seguradoras deveriam reagir mais às questões relacionadas às catástrofes? Quem respondeu a questão foi Edward Lange, da Allianz.
“A crença do brasileiro é de que o país está livre de desastres naturais. Embora o Brasil não seja assolado por furacões e terremotos, o país está sim, exposto a inundações, fortes chuvas, deslizamentos, ventos, raios, citando estes como os mais comuns.
Nos últimos 30 anos, foram registradas 146 catástrofes naturais no país, provocando cinco mil mortes. Cerca de 50 milhões de pessoas foram impactadas e os prejuízos econômicos chegaram a US$ 9 bilhões. Esse total de desastres representa quase cinco eventos por ano a um custo médio de US$ 60 milhões cada ou ainda 2,6 inundações extremas por ano e um grande deslizamento de terra a cada dois anos”.
O presidente da Allianz relembrou também as consequências de algumas catástrofes ocorridas em anos anteriores. “Para se ter uma ideia, as fortes chuvas do ano passado em Pernambuco afetaram mais de um milhão de pessoas; os deslizamentos e inundações ocorridas em 2011 no Rio de Janeiro vitimaram mais de 1000 pessoas e os estragos em Santa Catarina, ocorridos em 2010, causaram a morte de 110 pessoas, além de ter danificado o gasoduto Brasil-Bolívia”, relembra.
Lange enfatizou que os desastres naturais estão se tornando cada vez mais frequentes no país e que as perdas que causam devem ser avaliadas também pelo Governo. “Não apenas seguradoras e resseguradoras, como também o Governo e empresas devem reagir a estas questões. O assunto é relativamente recente e consequentemente, não muito desenvolvido. As autoridades de seguros não têm ainda uma regulamentação específica ou exigência em relação às catástrofes naturais, fazendo com que as seguradoras deem menos atenção ao tema.
Mas o mercado começa a se movimentar. Algumas resseguradoras desenvolveram ferramentas para mapear as áreas do planeta com maior incidência de catástrofes naturais. Além disso, uma espécie de “atlas” das inundações está sendo desenvolvido pela Agência Nacional de Águas – National Water Agency. Tudo isto, certamente irá apoiar o mercado segurador a começar a rever o acúmulo de riscos e apoio a clientes, especialmente indústrias, em seu processo de gestão de riscos”, afirmou Lange.
A.C.
Revista Apólice