Ultima atualização 26 de janeiro

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Solidez das empresas é impactada pela crise na Europa

No dia 16 de janeiro a Coface realizou, em Paris, a 16ª. Conferência de Risco País. No evento foi apresentado um alerta sobre a natureza sistêmica da atual crise, da qual a zona do euro é o epicentro.
A avaliação de risco país da Coface mede o nível médio de atraso de pagamento de empresas em um dado país, dentro de um quadro de suas transações comerciais. Não está relacionada com a dívida soberana. Para determinar o risco país, a Coface realiza a análise com uma combinação de fatores como o panorama econômico, financeiro e político do país, histórico de pagamentos das empresas registrado pela Coface e a avaliação de clima de negócios. As avaliações têm uma escala em sete níveis: A1, A2, A3, A4, B, C e D.
Em 2012, a economia da União Europeia será marcada por uma taxa de recessão de – 0,1%, enquanto o crescimento irá se estabilizar em + 1,6% nos EUA e se recuperar para + 1,8% no Japão. Isto irá prevenir um retorno ao pior da crise de 2008-2009, caracterizada por uma recessão sincronizada em todas as três áreas econômicas avançadas. No geral, o crescimento nas economias avançadas será de 1,1% em 2012. Os países emergentes devem manter um crescimento de 5,1%, com uma queda de 0,6 ponto percentual no PIB em relação a 2011. Economias emergentes europeias serão as áreas mais expostas à intensificação da crise no euro através dos canais de crédito bancários tanto comerciais quanto externos. Além disso, entre os riscos a serem monitorados está um claro retorno a riscos políticos nos países emergentes.
O período entre o segundo semestre de 2009 e o primeiro semestre de 2011 foi um breve descanso para a economia mundial. A situação em todo o mundo tem se deteriorado desde a metade de 2011, com a crise na zona do euro se agravando. A Coface notou uma quebra clara no comportamento de pagamento das empresas no segundo semestre de 2011, com um forte aumento nos não-pagamentos. Em 2011 como um todo, a Coface registrou 19% de aumento nos incidentes de pagamento em todo o mundo, com uma subida particularmente expressiva (28%) para empresas na zona do euro.
A deterioração da solidez média das empresas demonstra que a crise está tomando uma nova direção e atingiu um nível sistêmico global com a Itália entrando em recessão. A situação parece diferente do choque de 2008 como resultado desse efeito de massa crítica, mas também devido à crescente interdependência financeira e a exposição de bancos tanto dentro como fora da UE às dívidas soberanas europeias.
“Sem uma resposta rápida das instituições à crise, previsões negativas nos mercados financeiros incitaram a desconfiança de atores da economia real. No entanto, serão as corporações que irão sentir as repercussões da crise, apesar do fato de elas nunca terem sido tão bem gerenciadas. Em 2012, a combinação de um crescimento significativamente mais fraco na Europa com o escasseamento de facilidades de crédito podem afetar significativamente o risco de crédito das empresas”, explica François David, presidente da Coface.
À luz da situação deteriorada, a Coface reduziu sua avaliação da Itália e Espanha em um ponto, para A4. A Itália se tornou mais vulnerável pela grande dívida pública; a Espanha pelos níveis de endividamento no setor privado. As duas potências econômicas do sul da Europa também irão sofrer uma contração na atividade em 2012. A empresa notou um aumento de 50% nos incidentes de pagamento nas empresas dos dois países desde o início de 2011.
As economias emergentes europeias irão sofrer mais com a contração da demanda e movimentos financeiros dentro da zona do euro. Devido à sua exposição à dívida soberana na zona do euro, os bancos da Europa Ocidental serão obrigados a reduzir o suporte aos seus subsidiários, o que irá afetar o acesso às facilidades de crédito às empresas. Ativos mantidos por bancos europeus respondem por 70% do PIB da Europa Oriental. Também é estimado que um quinto do crescimento da última década na Europa Oriental pode ser atribuído ao crédito dinâmico entre-fronteiras. Se a torneira de crédito europeia for fechada, haveria um impacto maior nas economias emergentes da Europa, que também frequentemente possuem um setor privado com grandes dívidas em moeda corrente.
O crescimento de economias abertas cairá pela metade, de 4,1% em 2011 para 2% em 2012. As notas A2 para a República Checa e a Eslovênia, assim como a A3 para a Eslováquia, foram colocadas em alerta negativo. A Hungria está enfrentando uma desconfiança dos investidores e foi rebaixada para B. A exposição aos riscos da Itália e o enfraquecimento da atividade resultante de um choque na taca de câmbio fez com que a Coface rebaixasse a avaliação da Croácia para B.
A onda de agitação política no Norte da África e no Oriente Médio em 2011 foi um ponto de inflexão em economias emergentes, que marcou um retorno de riscos políticos. Em 2011 a Coface notou vários não-pagamentos como resultado de riscos políticos. A onda de mudanças de regime pode ser atribuída ao inexorável aumento na vontade de mudar as sociedades nos países emergentes. Isto reflete profunda frustração política e econômica, apoiada por uma classe média crescente e mudanças sociais e culturais (acesso à internet, menor fertilidade, viagens). Em democracias emergentes, como nos países latino-americanos, a frustração é expressada por maiores taxas de criminalidade, enquanto nos países autoritários as mudanças de regime acontecem quando os governantes não são mais capazes de satisfazer as esperanças cada vez mais urgentes de suas populações em termos de direitos políticos e acesso a emprego e empreendedorismo.
O atual processo de transformação política no Norte da África e Oriente Médio não vem sem consequências para algumas avaliações de risco país. A avaliação do Egito, que enfrenta pressões em suas finanças públicas e contas estrangeiras, foi rebaixada para C, devido principalmente a grande incerteza de sua situação política em 2012. A Síria, rebaixada para D, está em meio a uma situação extremamente tensa em que sanções internacionais terão um efeito adverso no crescimento econômico e nas finanças públicas.
A Coface decidiu retirar o alerta positivo na avaliação D para a Nigéria. Sua governança problemática continua um fator de risco chave para o não pagamento das entidades do país.

G.F.
Revista Apólice

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