As bolsas de todo o mundo estão despencando hoje, podendo fazer a BM&F acionar o Circuit Breaker, um sistema de segurança para dar um tempo aos negociadores de ações respirarem e entenderem como agir diante do pânico dos investidores. Até as 14h30, a bolsa brasileira registrava forte queda. Apenas duas seguradoras negociam papéis na bolsa, Porto Seguros e SulAmérica, e duas corretoras de seguros, Brasil Insurance e Qualicorp.
Segundo estudo realizado pela Economática a pedido do blog Sonho Seguro, boa parte das empresas ligadas a indústria de seguros dos Estados Unidos e América Latina registrou queda neste ano, até o dia 2 de agosto. Hoje, com certeza, esse quadro deve sofrer uma sensível piora.
As maiores quedas nos EUA foram registradas por seguradoras ligadas aos mercados de crédito, imobiliário, vida e previdência, como o PMI Group, com forte atuação em hipotecas, cuja desvalorização da ação chegou a 74%. A AIG acumulava no ano, até o dia 2, perda de 42%. Entre as brasileiras, o estudo da Economatica apontou desvalorização de 27,9% nos papéis da Porto Seguro e de 9,7% nas Units da SulAmérica.
Já entre as seguradoras ligadas a saúde estão entre as principais altas nas bolsas americanas e latinas que constam no estudo da Economática, como a Health Care e Humanas, ambas negociadas na NYSE, com valorização de 32% até o último dia 2. No entanto, como os mercados acionários desabaram hoje, as seguradoras devem sofrer ainda mais. Não só com a desvalorização de seus papéis, mas também com os investimentos. Elas são consideradas um dos principais investidores institucionais no mundo, com uma carteira de investimento que supera US$ 23 trilhões, segundo estudo da Geneva Association.
Boa parte dos investimentos das empresas de seguros está em títulos dos governos, que até então era uma das aplicações mais seguras e conservadoras do mundo. No entanto, hoje tudo está diferente, principalmente depois que os Estados Unidos chegou a beira do abismo para declarar moratória.
Hoje quem derruba as bolsas é o pânico sobre o efeito de Espanha e Itália sucumbirem a crise financeira sem poderem contar com recursos do FMI. Boa parte foi para socorrer a Grécia, que usou nesta última rodada de negociações mais de 160 bilhões de euros.
Um estudo da Moody?s, divulgado no início da semana, dizia que as seguradoras pouco seriam afetadas com a renegociação da dívida da Grécia, uma vez que as companhias concentravam suas aplicações em países como Inglaterra, Alemanha, Espanha e Itália. Com a situação dos mercados hoje, o estudo da Moody?s perdeu a validade.
Diante deste cenário de pânico e falta de confiança em economias que eram consideradas risco zero, os investidores correm para oportunidades de negócios na China, onde já há muito dinheiro, e para o Brasil, onde o governo luta para calibrar gargalos macroeconomicos para receber os investidores não apenas como capital especulativo, mas para que eles ajudem a financiar os projetos de infraestrutura necessários para o país crescer com sustentabilidade.
O Circuit Breaker é acinoado quando o Ibovespa atingir limite de baixa de 10% em relação ao índice de fechamento do dia anterior, os negócios na BM&FBovespa, em todos os mercados, serão interrompidos por 30 minutos. Reabertos os negócios, caso a variação do Ibovespa atinja uma oscilação negativa de 15% em relação ao índice de fechamento do dia anterior, os negócios na BM&FBovespa, em todos os mercados serão interrompidos por uma hora.
Denise Bueno
Revista Apólice