“Economia e Seguros no Brasil” foi o tema abordado pelo presidente e CEO da Chubb do Brasil, Acacio Queiroz, na primeira palestra do ano promovida pela APTS. A apresentação aconteceu nesta terça-feira, 15 de fevereiro, no auditório do Sindseg-SP. Ele apontou o cenário positivo da economia do Brasil como uma boa oportunidade para o segmento de seguros.
Queiroz analisou o crescimento do mercado segurador no PIB que, segundo ele, deverá atingir 4,5% ou 5% nos próximos quatro anos. Outro ponto observado foi a questão da balança comercial, favorável para o mercado brasileiro em 2010 e que deverá ser também em 2011. Como exemplo, o executivo citou a exportação de commodities, que foram as principais valorizadas no ano anterior. “O aumento das exportações tem tudo a ver com seguros. Hoje em dia, existe um número substancial de seguradoras oferecendo esse tipo de produto. O que não existia há 50 anos”, observa Queiroz.
Ele também destacou o crescimento dos países do BRIC, que juntos geram US$ 10 trilhões de PIB e reúnem 46% da população mundial. Como integrante desse grupo, o Brasil aparece em segundo lugar no mercado mundial quando o assunto é aquisição de casas e carros e, em primeiro lugar, no assunto saúde. São mercados para os quais o setor de seguros deve ficar atento para oferecer soluções.
No campo dos investimentos, o que também pode ser interessante para o País são as reservas internas, que este ano chegarão à marca de R$ 300 bilhões. “Este número, inédito, permite ao Brasil ser credenciado lá fora”, afirma Queiroz. Com a recuperação das economias norte-americana e europeia e a falta de opções, os investidores estão olhando para o Brasil, que é a bola da vez com a realização da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016.
Há expectativa em relação à diminuição da dívida pública, que hoje está em 40% do PIB e a intenção é chegar aos 30%. O real se torna forte em frente ao dólar, o que estimula as viagens e também os produtos do mercado segurador voltados para esse setor.
O desemprego também caiu. Muitos saíram do campo e conseguiram trabalho na cidade, inclusive com carteira assinada. Dessa forma, aumentou a procura pelos seguros pessoais, principalmente pelo fato das empresas empregadoras ofertarem estes como benefícios aos funcionários. O emprego formal também possibilita a compra de bens e o interesse pela aquisição de seguros.
Ainda no mercado de trabalho, uma mudança perceptível foi a maior participação das mulheres. “É um público no qual se deve investir, pois as mulheres têm mais consciência da importância do seguro do que o homem”, chama a atenção.
Em três anos, cerca de 40 milhões de pessoas deixaram as classes D e E e ingressaram na C. Com maior poder de consumo, aumentou a demanda por produtos e serviços. E isso afetou não somente o varejo, mas também a indústria, as importações e os transportes. E boa parte da alteração nas classes sociais aconteceu nas regiões norte e nordeste. “Em 2014, 56% da população brasileira estará na classe C. É um horizonte enorme. As seguradoras devem lançar produtos novos ou reformular os antigos para atender esse público. Quem não tiver essa visão perderá o mercado”, alerta Queiroz.
Analisando os resultados do mercado segurador, o destaque ficou para o seguro garantia, que apareceu em segundo lugar entre os produtos que mais cresceram em 2010. Para os próximos anos o segmento que mais deverá crescer será o risco de grandes obras, com provável incremento de 17%, seguido por grandes riscos empresariais com 15% e habitacional com 13%.
Jamille Niero
Revista Apólice
Foto: Márcia Alves